Luto e roupas pretas: conheça a origem da tradição
A cultura das roupas pretas ligadas ao luto é associada a uma das rainhas mais influentes da história após a morte de seu marido
atualizado
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Faça chuva ou faça sol, a cor do luto foi, por muito tempo, a preta. A tradição que perdurou por décadas dizia que, para estar adequado ao contexto fúnebre, a cor deveria ser usada nas vestimentas quando alguém morria. Atualmente deixado de lado, mas não completamente, o costume teve início em uma das famílias mais influentes da história — a realeza britânica.
Vem conhecer essa história!
Embora Hollywood ainda pareça tentar preservar esse costume, as vestimentas pretas não são mais o “uniforme” dos cemitérios, principalmente no Brasil. Sinceramente, vestir a cor que mais absorve calor, por horas, sob o sol e em um país tropical, é uma tarefa que exige um esforço. Somado à tristeza pela perda de um ente, traz um desconforto desnecessário. Mas, afinal, de onde vem esse costume?
Tudo começou com a rainha Vitória, uma das monarcas de maior importância da história do Reino Unido, que viveu de 1819 a 1901. Durante esse tempo, a Inglaterra vivia a difusão do Romantismo, movimento artístico e social que, entre as pautas, defendia a revalorização da estética.
A Era Vitoriana, nomeada por causa da rainha, foi marcada justamente pelo retorno da preocupação estética, sendo contemporânea da Belle Époque, surgida na França e espalhada por toda a Europa. Foi nesse cenário que, em 1861, o marido de Vitória, o príncipe Albert, faleceu, e uma decisão tomada pela monarca definiu o dress code para funerais que perduraria por mais de 150 anos.
No funeral do marido, a rainha Vitória e toda a corte vestiram preto. Pelos próximos 40 anos, até sua morte, a viúva nunca deixou de usar a cor em praticamente todas as aparições. Além disso, as pérolas substituíram as outras joias até o fim do reinado, tradição que se manteve na família real em tempos de luto.
Tendências além das roupas pretas
Considerada um ícone fashion do século 19, Rainha Vitória também definiu tendências em outros aspectos, como quando trouxe da Alemanha, por ideia de seu esposo alemão, uma árvore de Natal. A decoração, antes limitada à cultura de alguns países, se popularizou pelo Reino Unido e por todo o mundo graças à evidência midiática do casal real.
Outra moda criada pelo casal e normalizada nos dias de hoje é a aliança de noivado. Albert gostava de dar joias à esposa, que sempre as ostentava em aparições públicas. A tradição começou quando o príncipe deu à rainha um anel de noivado, acessório que, no Ocidente, segue em vigor.
A cor preta poderia ser um detalhe do sentimental luto de 40 anos da Rainha Vitória após a morte de Albert, mas se tornou tradição em todo o Ocidente. A discrição e a sobriedade do tom ainda são motivo para que seja usado por pessoas que vão a velórios e funerais. Também está presente no vestuário de quem, no Dia de Finados, vai a cemitérios para orações e homenagens.