Loja colaborativa Nós, de Brasília, faz campanha de financiamento coletivo
A iniciativa vende produtos autorais e artesanais e recorreu ao crowdfunding para reparar os danos financeiros causados pela pandemia
atualizado
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Depois de meses sem autorização para abrir as portas por conta da pandemia do coronavírus, nem todos os negócios da capital federal conseguiram manter as atividades. Alguns têm buscado formas de resistir, como a Nós – Mercado Criativo, loja colaborativa que comercializa peças de designers brasilienses. Para reparar os prejuízos da pandemia e continuar funcionando, a iniciativa recorreu a uma campanha de financiamento coletivo que vai até o fim de agosto.
Vem comigo saber mais detalhes!
Impacto da pandemia
A campanha é uma resposta aos quase três meses em que a empresa se manteve parada. Em março, quando foi decretado o fechamento do comércio no Distrito Federal, a equipe de mulheres que mantém a Nós cessou completamente as atividades. A empresa existe desde 2016 e comercializa produtos de estilistas e artesãos autorais e independentes, quase todos de Brasília. A lista inclui marcas de moda e acessórios como Tulipa de Poá, Capim Estrela, Mina Nagô, entre outras.
A loja é mantida por duas fontes de renda: a principal, que são as comissões de vendas, e taxa da participação colaborativa de cada marca que comercializa nos espaços da empresa. A primeira supre os custos de comercialização, enquanto a segunda paga custos fixos e variáveis. Atualmente, os negócios da Nós correspondem ao trabalho de 50 pessoas. No passado, o número chegou a 70.
“Hoje, temos 30 marcas. No início, eram 50, mas perdemos 20 que não conseguiram continuar com a gente”, conta à coluna Lili Brasil, que cuida da parte comercial e administrativa. Ela é uma das idealizadoras do projeto, ao lado de Lúbia Duca, que cuida do marketing. “Tivemos que deixar de pagar plano de saúde, almoço, também deixamos de cumprir compromissos financeiros com os fornecedores e renegociamos o aluguel das lojas”, relata Lili.
Até o início da pandemia, eram dois pontos de venda, com um prestes a abrir, na 506 Sul, inaugurado em julho. Seriam três, mas um dos mais antigos teve de ser fechado. A loja retomou as atividades após a liberação da reabertura do comércio brasiliense. Entretanto, o fluxo de clientes ainda é bem baixo, e representa cerca de 20% das vendas de antes da pandemia.
Depois de formar um pequeno grupo de gerenciamento de crise, a Nós criou a campanha de financiamento coletivo na plataforma Catarse. “Como somos uma loja grande, só damos conta porque somos todos juntos. Quando esse custo não é suprido, é muito alto”, afirma Lili. A vaquinha começou no dia 1º de julho e vai até 31 de agosto. Atualmente, a meta mínima do crowdfunding é de R$ 150 mil, mas apenas R$ 4,1 mil foram arrecadados até agora.
Doações e recompensas
Para cada valor ofertado, existe uma recompensa. Os brindes vão desde uma cartinha com arte e poster exclusivos, no valor mais básico (R$ 25), até o pacote mais completo (R$ 1.500), que inclui uma oportunidade de comercializar uma marca na loja pelo período de três meses, no fim deste ano.
Todo o valor arrecadado será usado para manter o custo das lojas e despesas acumuladas durante o confinamento, incluindo a taxa de participação das marcas, equivalente a dois meses, além da confecção das recompensas. Grande parte dos brindes foi doada pelos próprios criativos. A taxa de participação do Catarse também entra na conta.
Durante o período de restrição, as colaboradoras, que já viviam em uma política de economia, ficaram reféns da fragilidade financeira do momento. “Todo o dinheiro que tínhamos de reserva foi para pagar as funcionárias e o que as marcas tinham vendido”, conta Lili. Mesmo com valores de custos renegociados e reduzidos, algumas despesas ficaram pendentes e acumularam.
Na página da campanha, a empresa defende a importância da união: “Salvar a Nós – Mercado Criativo é manter unidos 50 criativos diretos e suas famílias e toda a rede de fornecedores que gira em torno da capacidade criativa de transformar esforço em renda.”
Planos futuros
Caso consiga ultrapassar a meta mínima, a Nós lançará uma mais ousada, de R$ 250 mil. Com esta, financiaria a atuação da empresa em uma plataforma digital de marketplace, para se tornar menos dependente do meio físico. No entanto, isso depende da colaborações dos doadores.
Lili Brasil pontua que a instabilidade financeira afeta a criatividade dos artistas, além do negócio em si. Dessa forma, a campanha ajudará a salvar não só os parceiros da Nós, mas também o sonho daqueles que trabalham com artesanato e produção autoral.
“O artesão é muito sensível. Deixa de criar, fica sem recursos, sem material. Essa situação acaba gerando um clima muito ruim, porque eles não produzem. Quando produzem, não vendem; quando vendem, não conseguem produzir mais e se sustentar”, completa. “Graças a Deus, as pessoas acolhem a loja, por ser artesanal e local. Preferem deixar de comprar itens industrializados por um produto mais autentico, feito à mão por mulheres.”
Serviço:
Nós – Mercado Criativo
@nos.mercadocriativo
506 Sul: (61) 99320-9123
Lago Norte: (61) 98586-3887
nosmercadocriativo.com.br
Colaborou Hebert Madeira