Linda Evangelista: relembre a trajetória da modelo que marcou gerações
A coluna revisita a carreira e o estilo da modelo que tem levantado importante debate nas redes sociais: a pressão estética
atualizado
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Showstopper, camaleoa, inovadora. Esses são apenas alguns dos adjetivos que descrevem a top Linda Evangelista. Uma das supermodelos originais, considerada por muitos a maior de todos os tempos, ela fez história na indústria da moda. Abrindo um debate sobre etarismo e pressão estética na indústria fashion, Linda compartilhou recentemente um relato sobre um procedimento estético que desfigurou o seu rosto. A coluna relembra momentos marcantes da carreira da modelo.
Vem conferir!
“Não acordamos por menos de US $ 10 mil por dia.” Assim declarou Linda Evangelista em entrevista à Vogue em 1990. Integrando o time de supermodels que marcaram história nos anos dourados das passarelas, a canadense iniciou a carreira internacional aos 19 anos e, em pouco tempo, foi eleita um dos rostos mais icônicos da moda, entre as fileiras de Naomi Campbell, Kate Moss, Christy Turlington e Cindy Crawford.
Ao longo de sua trajetória, a veterana apareceu em mais de 700 capas de revistas e estrelou milhares de campanhas editoriais de grandes casas. Não somente, ela foi considerada uma musa tanto de Karl Lagerfeld quanto de Gianni Versace. Sobre a top, Lagerfeld disse uma vez: “Não existe outra modelo no mundo tão profissional quanto ela”.
Durante seus primeiros anos na indústria fashion, ela conheceu o fotógrafo Steven Meisel. A amizade deles também evoluiu para uma dinâmica criador-musa, com Miesel apresentando Evangelista no centro de diversas campanhas produzidas por ele. Como muitas de suas colegas supermodelos, ela também estabeleceu um vínculo com o fotógrafo Peter Lindbergh. No outono de 1988, ele a encorajou a radicalizar as madeixas e cortar os fios em um chanel curto – decisão que marcou uma nova era em sua carreira.
Com a mudança, a reação inicial da indústria da moda foi de consternação com o novo estilo. O resultado? Linda foi dispensada de vários desfiles de moda daquela temporada e teve shootings cancelados. Mas, com o passar dos dias, houve uma mudança de cenário: o visual adotado pela model tornou-se um viral entre as mulheres. No início de 1989, “The Linda” era um dos estilos de cabelo mais modernos – e ousados. Mais tarde, ela tingiu o corte de um loiro platinado. Depois, aventurou-se mais uma vez, colorindo os fios com um vermelho brilhante.
Isso lhe valeu o título de “camaleoa” da moda, uma raridade na indústria, já que as modelos geralmente são desencorajadas a mudar sua aparência para dar aos designers uma tela em branco para modelar suas roupas. Seu corte juvenil e as características marcantes são considerados um exemplo brilhante da interseção entre moda e androginia.
Retrato dos anos 1990
Linda Evangelista não precisa de delongas: suas sobrancelhas arqueadas e pesadas, os seus olhos felinos e as suas maçãs do rosto definidas foram bem documentados ao longo da década de 1990.
Sem medo de se arriscar, ao longo dos anos a modelo aderiu incontáveis cortes de cabelo e colorações, indo do bob loiro descolorido, ruivo, pixie escuro, com franja, liso, encrespado, encaracolado, e por aí vai. Grande ícone da moda, Evangelista experimentou de tudo, sem demonstrar nenhuma reticência em arriscar. E, claro, ficou fabulosa com todos os visuais.
Tentar o novo nunca foi um problema para a top. E o seu estilo pessoal sempre refletiu a personalidade ousada. Carregando o DNA das labels para as quais desfilava, durante os anos em que modelou sempre mesclava peças das casas preferidas, como Dior, Ralph Lauren, Chanel, Versace e Calvin Klein. Em uma década marcada por tendências contagiantes, o estilo de Evangelista pode ser definido com uma peça: blazer de alfaiataria.
No auge dos shapes oversized, a modelo combinava peças superdelicadas, como o slip dress, com um maxi casaco. As calças jeans de cintura alta também marcaram presença nos outfits de Linda, que somava com camisas brancas, camisetas cropped ou turtlenecks.
Além das proporções, o maior segredo de estilo sempre foi a qualidade dos tecidos e cortes impecáveis. Apesar disso, para reviver os looks mais icônicos da model é simples: encontre um blazer de tamanho maior, em seguida, combine-o com calças de cintura alta. A cereja do bolo fica por conta do item indispensável: um cinto grande.
Para os tapetes vermelhos e jantares, a modelo não abria mão da ousadia: transparência, fendas e recortes brilhavam nos looks. Fã de tons mais sóbrios, como preto e azul marinho, Linda arrematava as produções com botas de cano alto e acessórios despojados. A bolsa de nylon da Prada, it bag que retornou recentemente, foi clicada em diversas aparições de Evangelista.
Padrões estéticos na moda
O debate sobre etarismo na moda foi iniciado há alguns anos. Em uma indústria que supervaloriza padrões estéticos, estampando juventude nas passarelas e campanhas, as modelos muitas vezes são vítimas de um sistema que perpetua determinados comportamentos. Com Linda Evangelista, não foi diferente.
Longe dos holofotes, a canadense usou as redes sociais no último mês para revelar o motivo da sua ausência nas passarelas. No Instagram, ela revelou que está “permanentemente deformada” após ter uma reação adversa ao procedimento de congelamento de gordura Coolsculpting, dizendo que “não só destruiu o meu sustento, mas me colocou em um ciclo de profunda depressão, profunda tristeza e nas mais baixas profundezas da autoaversão”, compartilhou em um trecho da carta aberta.
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A criolipólise é uma técnica não invasiva de tratamento da gordura localizada e atua por meio do resfriamento e destruição das células de gordura. Nesse procedimento não há cortes, anestesias ou substâncias injetáveis. O procedimento é bastante difundido por todo o mundo – inclusive no Brasil.
A complicação que Evangelista experimentou é a hiperplasia adiposa paradoxal (HAP), um efeito colateral extremamente raro. Um estudo publicado em 2014 na revista científica JAMA Dermatology, da Associação Médica Americana (AMA, na sigla em inglês), revelou que as chances de isso acontecer são muito baixas: apenas 0,0051%. Quando ocorre, desenvolve-se cerca de dois meses após receber os tratamentos.
Evangelista entrou com o processo no tribunal federal de Nova York contra a Zeltiq por negligência, propaganda enganosa e alegando que a empresa não alertou os clientes sobre os possíveis efeitos colaterais. A ação diz que Evangelista passou por vários procedimentos entre 2015 e 2016 para reduzir a gordura nas coxas, abdômen, costas, flancos e queixo. Mesmo após duas cirurgias corretivas, não foi possível reverter os danos.
Desde que compartilhou sua história, a indústria tem vindo em massa para apoiá-la. “É preciso imensa coragem e força para escrever essas palavras”, disse a modelo Helena Christensen. “Sua força e essência verdadeira serão eternamente reconhecidas”, encorajou Cindy Crawford. Naomi, grande amiga da modelo, reforçou a admiração e coragem de Evangelista: “Eu não posso imaginar a dor que você passou nos últimos cinco anos. Você está livre agora. Lembre-se de quem você é”, declarou.
Colaborou Marcella Freitas