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Japonesas entram na guerra contra o salto alto!

Petição com 18 mil assinaturas, entregue ao Ministério do Trabalho do país, pede o fim da exigência da peça em ambiente corporativo

atualizado

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Street Style – Duesseldorf – May 05, 2019
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A era #MeToo tem redefinido o sex appeal feminino nas passarelas e campanhas, mas não são apenas as roupas que estão passando por reformulações graças ao movimento. Um grupo de mulheres japonesas enviou uma petição ao governo para protestar contra a obrigatoriedade de usar salto alto em ambiente corporativo.

Vem saber mais sobre essa iniciativa!

A campanha KuToo, trocadilho que une as palavras kutsu (sapatos) e kutsuu (dor), em uma analogia com a onda de protestos que tomou Hollywood em 2017, foi lançada pela atriz Yumi Ishikawa e rapidamente ganhou apoio on-line.

Após se deparar com uma vaga de emprego, em janeiro, em que era exigido o uso de salto alto, a artista foi ao Twitter demonstrar seu descontentamento com a situação e, para sua surpresa, a publicação foi compartilhada quase 30 mil vezes. “Quando percebi que muitas pessoas enfrentam o mesmo problema, decidi lançar a campanha”, disse ao The Guardian.

Segundo as mulheres japonesas, o uso do salto alto se tornou obrigatório nas empresas do país, até mesmo nas entrevistas de emprego. Para Ishikawa, essa prática deve ser encarada como assédio e discriminação de gênero, como ela explicou à imprensa após entregar as 18 mil assinaturas recolhidas ao Ministério do Trabalho. “Hoje, nós enviamos uma petição pedindo a introdução de leis que proíbem os empregadores de exigir o uso do salto alto”, afirmou Yumi.

Charly Triballeau / AFP / Getty Images
Yumi Ishikawa criou petição pedindo o fim da obrigatoriedade dos saltos em ambiente corporativo

 

De acordo com especialistas, o caso ressalta a misoginia ainda latente na cultura japonesa. Em 2018, por exemplo, o parlamentar japonês Kanji Kato afirmou publicamente que as mulheres deveriam focar em ter vários filhos, pois as que preferissem ficar solteiras seriam um fardo para o estado futuramente.

Uma petição similar foi assinada por mais de 150 mil pessoas no Reino Unido, em apoio à recepcionista Nicola Thorp, mandada de volta para casa depois de chegar no trabalho com sapatos baixos, em 2016.

Na época, um comitê de deputados investigou o caso e fez um estudo sobre códigos de vestimenta no ambiente de trabalho. No entanto, a comissão se recusou a implementar uma lei, alegando que tal situação já tinha sido abordada no Equality Act de 2010.

SWNS
Nicola Thorp foi mandada de volta para casa depois de chegar no trabalho com sapatos baixos

 

Ainda em 2016, a atriz Julia Roberts ficou descalça no Festival de Cannes, em resposta à exigência de salto no red carpet do evento. Na época, o diretor da mostra, Thierry Frémaux, chegou a se desculpar pelo requisito, mas decidiu manter a regra.

Em 2017, a província canadense Colúmbia Britânica e as Filipinas proibiram as empresas de obrigarem as funcionárias a usar sapatos altos, ao alegar que a prática é perigosa e discriminatória.

No início de 2019, a Norwegian Air foi amplamente criticada por demandar que suas comissárias apresentem atestado médico para terem o direito de usar sapatos baixos. Ingrid Hodnebo, porta-voz das mulheres do Partido da Esquerda Socialista do país, acusou a companhia de estar presa nos anos 1950.

Andreas Rentz/Getty Images
Julia Roberts ficou descalça no Festival de Cannes, em resposta à exigência de salto no red carpet do evento

 

Nos EUA, a luta contra o salto alto já dura quase 150 anos e, curiosamente, foi iniciada por homens. Soldados norte-americanos procuraram o The Times para relatar que as botas de salto estavam prejudicando as atividades do batalhão e machucando os combatentes.

Em 1920, após alertas da comunidade médica, a Massachusetts Osteopathic Society solicitou que o governo proibisse a fabricação de saltos com mais de 1,5 centímetro de altura. Já em Utah, um projeto de lei chegou a criminalizar a posse dos sapatos.

Colaborou Danillo Costa

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