Isolada em hotel, dançarina cria looks fabulosos com embalagens de delivery
Em quarentena obrigatória, a australiana Ashleigh Perrie ganhou fama na internet ao montar visuais divertidos com sacolas e potes de comida
atualizado
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Com o distanciamento social, nos vimos restritos ao interior de nossas residências, sem muitas opções do que fazer no tempo livre. Os catálogos das redes de streaming, em pouco tempo, se revelaram escassos. O Instagram, tomado por lives e prints de reuniões no Zoom, já não apetece como antigamente. Para pessoas com a criatividade aguçada, como a australiana Ashleigh Perrie, talvez o melhor seja se arriscar no iFood. Trancada em um hotel em quarentena obrigatória, a dançarina resolveu se livrar do tédio criando looks incríveis com sacolas e potes de refeições entregues por delivery.
Vem comigo conferir!
Quando a pandemia do novo coronavírus avançou rumo às Américas, Ashleigh estava em alto mar. A dançarina trabalha no barco MS Zaandam, que ganhou visibilidade na mídia após quatro tripulantes morrerem de Covid-19 no cruzeiro, ainda no fim de março.
A embarcação, que viajava entre o Chile e a Antártida, notificou sintomas em centenas de passageiros e foi rejeitada pelos portos. A Holland America, dona do transatlântico, chegou a enviar outra unidade de sua frota para socorrê-los, mas a doença acabou atingindo ambos os navios.
Apenas após dois meses indo de porto em porto, Perrie finalmente pôde voltar para casa. “Foi, definitivamente, uma experiência muito desafiadora. Todo o navio entrou em confinamento, mas a empresa lidou com isso de maneira incrível, apesar de ninguém ter experiência nesse tipo de situação. O capitão foi brilhante e tínhamos muita fé um no outro. Foi muito fortalecedor”, relatou ela à CNN.
Quando finalmente chegou à Austrália, a dançarina teve que se submeter a outro isolamento obrigatório, confinada em um quarto hotel, durante duas semanas. A situação, frente ao sufoco que já havia passado, era desanimadora, mas ela decidiu encarar o imprevisto com muita criatividade.
Todos os dias, Ashleigh recebia três refeições. Elas chegavam ao quarto em embalagens de entrega. Em cinco dias, a dançarina notou que seu dormitório estava tomado por sacolas de papel. “Geralmente, sou uma pessoa bastante criativa. Eu cheguei a estudar arte e, por conta da dança, sempre tive contato com figurinos. Eu adoro inventar peças de roupa, mas, naquele momento, o que me motivou foram todos aquele sacos espalhados”, contou Perrie ao jornal.
Já que estava com um tempo livre considerável, a artista, inicialmente, pensou em criar algo mais extravagante, porém, sem surpresas, o primeiro protótipo da australiana foi um visual de bailarina.
“O primeiro desenho que surgiu na minha cabeça foi um vestido, muito formal e detalhado. Antes de cortar as sacolas, eu queria usar a estrutura delas para fazer uma saia de balé”, lembrou.
Ainda ganhando confiança para seu visual de gala, Perrie mirou na figura de uma tenista para compor Maria Paperpova, alterego que contou até mesmo com raquete e viseira. Usando tudo o que tinha ao seu alcance, entre guardanapos, talheres, fitas adesivas e potes, ela adentrou as formas da alta-costura, desenvolvendo modelos mais elaborados.
“Foi difícil, após ficar tanto tempo no navio, voltar e ter que enfrentar uma quarta quarentena de duas semanas. Achei que eu poderia abraçar minha família e amigos no aeroporto, mas não foi possível. Foi decepcionante, mas decidi que era hora de relaxar depois de tudo o que aconteceu”, disse ela sobre o significado que as roupas de papel tiveram em seu isolamento.
Antes de finalmente deixar o hotel, Ashleigh tentou guardar suas novas produções na mala, mas a maioria teve que ser jogada fora. “Recebi ótimas respostas. Muita gente apreciou o quão criativo foi fazer algo assim estando trancada em um quarto por duas semanas”, revelou Perrie à CNN.
Segundo a dançarina, várias organizações demonstraram interesse em seu trabalho. Um museu, uma galeria de arte e uma organização que auxilia mulheres com transtorno pós-traumático fizeram contato com a australiana. “Acho que muitas pessoas viram isso como algo positivo em todo esse caos. É algo agradável de se olhar”, defendeu a performer, que já está em casa, ao lado da família.
Essa não é a primeira vez que roupas feitas com objetos ganham fama durante o distanciamento social. Os desafios #BillyPorterChallenge, #PillowChallenge e #MetGalaChallenge estimularam os amantes da moda a soltarem a imaginação em visuais criativos feitos apenas com elementos disponíveis em casa.
Colaborou Danillo Costa