Internautas defendem Adele após críticas sobre apropriação cultural
O visual rendeu elogios, mas também desagradou a uma parcela que se ofendeu com as referências à cultura afro vindas de pessoa branca
atualizado
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Uma aparição da cantora Adele no Instagram deu o que falar na noite do último domingo (30/8). A artista britânica publicou foto comemorando o dia do Carnaval de Notting Hill, festa que, todos os anos, celebra a cultura afro-caribenha no Reino Unido. Considerado o segundo maior carnaval do mundo, o evento ocorreria entre os dias 30 e 31 de agosto, mas foi realizado virtualmente. Para a ocasião, Adele combinou calça com biquíni estampado pela bandeira da Jamaica. No cabelo, usou os chamados bantu knots, penteado tradicional africano e centenário. Para alguns internautas, foi um caso de apropriação cultural. Para outros, uma homenagem.
Vem comigo saber mais sobre esse caso que dividiu opiniões!
Homenagem ou apropriação cultural?
Na legenda do post, Adele escreveu: “Feliz o que seria o Carnaval de Notting Hill, minha amada Londres”, com um registro no jardim de sua própria casa, em Beverly Hills. A publicação rendeu elogios de várias celebridades negras, incluindo a atriz Zoe Saldana, o DJ Ace e a supermodelo Naomi Campbell, cuja mãe é jamaicana. Alexandre Burke, a atriz Tessa Thompson e o músico jamaicano Popcaan também elogiaram a cantora.
Nos comentários, vários seguidores lembraram que Adele cresceu cercada pela cultura negra no bairro de Tottenham, em Londres, detalhe que justificaria não só a comemoração ao evento como também o visual da artista. No entanto, houve uma parcela que não ficou contente com o uso do penteado e do biquíni. Esses acreditam que a cantora, enquanto uma pessoa branca, estaria usando um estilo de cabelo de uma cultura da qual ela não pertence. Dessa forma, seria um caso de apropriação cultural.
Parte da crítica em torno desse fenômeno se deve ao fato de que, muitas vezes, adornos e outras manifestações culturais utilizados por pessoas de determinadas etnias são apagados ou menosprezados, enquanto são elogiados e vistos como “descolados” quando usados por pessoas brancas. Assim, perderiam o significado histórico.
“Se você não entendeu direito a apropriação cultural, dê uma olhada no último post de Adele no Instagram”, tuitou uma internauta. “Isso é literalmente colonização moderna. Pessoas brancas não permitiram pessoas de cor a terem nada! Apropriação cultural é genocídio cultural”, comentou outro usuário.
“Não, mana, você sabe que você errou nisso. Este não é o movimento, Adele. A apropriação cultural não é o movimento. Isso é tudo que vou dizer sobre essa travessura”, escreveu outra usuária da rede social. “Se 2020 não poderia ser mais bizarro, Adele está nos dando bantu knots e apropriação cultural que ninguém pediu. Isso marca oficialmente todas as principais mulheres brancas do pop como problemáticas. Odeio ver isso”, escreveu o jornalista Ernest Owens.
Comentários em defesa de Adele
Apesar das críticas, várias pessoas saíram em defesa da cantora britânica. “Para vocês que estão tentando cancelar Adele por usar a cultura jamaicana, por favor, parem. Ela está linda e ela está sendo respeitosa com isso”, tuitou @benjixan.
Outro internauta afirmou que, por ser de Tottenham, ela seria “certamente mais jamaicana do que metade das pessoas por trás desses tweets“. “Adele é uma jamaicana honorária, ela sempre foi”, publicou a colunista negra Candice Carty-Williams, com um emoji da bandeira da Jamaica.
“Vocês decidiram cancelar Adele porque ela postou uma foto no Instagram representando a cultura jamaicana no Carnaval de Notting Hill, que tem como objetivo compartilhar a cultura jamaicana! Vocês estão a atacando porque ela estava com um penteado bantu que obviamente foi feito por um jamaicano”, saiu em defesa @alii__chk05.
Bantu Knots
Segundo o jornal britânico Metro, o penteado usado por Adele faz parte da cultura africana há mais de 100 anos. Os bantu knots são formatos a partir do cabelo enrolado na forma de pequenos coques. Além de protegerem os cabelos, eles viram cachos ou ondas depois que são desfeitos. Dados da Organização de História da África do Sul apontam que o termo “Bantu” é uma forma abrangente de identificar de 300 a 600 grupos étnicos do sul da África, que falavam o idioma de mesmo nome, informa o site.
Colaborou Hebert Madeira