Icônica marca de ternos, Brooks Brothers pede recuperação judicial nos EUA
A varejista norte-americana enfrenta uma crise agravada pela pandemia e está em busca de comprador
atualizado
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Pioneira no mercado de ternos a pronta-entrega, a varejista Brooks Brothers pediu recuperação judicial nos Estados Unidos. A marca entrou para a lista de empresas que recorreram ao Capítulo 11 do Código de Falências do país após a crise da Covid-19, ao lado de nomes como J.Crew, Neiman Marcus e JC Penney. Com um legado de mais de dois séculos, a label enfrenta uma crise agravada pela pandemia global.
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O processo de recuperação judicial foi aberto nessa quarta-feira (8/7), em um tribunal de Delaware, nos EUA. Pelo Instagram, a Brooks Brothers comunicou ao público a decisão. Agora, também está procurando um comprador. De acordo com a etiqueta, o coronavírus impactou fortemente os negócios.
“Por mais de 200 anos, a Brooks Brothers permaneceu resiliente em um cenário de moda em constante evolução, ciclos econômicos flutuantes, várias posses e até guerras mundiais. Hoje é apenas o começo do nosso próximo capítulo”, escreveu. “Anunciamos um processo de venda para encontrar um novo proprietário que acredite em nossa missão e em nossos valores e que compartilhe nossa ambição”, continuou o comunicado oficial.
“Para facilitar uma venda bem-sucedida do negócio, também estamos solicitando a proteção do capítulo 11 para gerenciar o que tem sido um período difícil e incrivelmente desafiador a todos os setores, especialmente o varejo”, explicou.
A Brooks Brothers destacou que o objetivo é preservar a qualidade, o serviço personalizado e os valores da marca. Além disso, informou que o atendimento on-line e nas lojas físicas não será interrompido. Contou ainda que segue com a reabertura de espaços que foram fechados devido às recomendações de distanciamento social.
A companhia alertou, em junho, que demitiria cerca de 700 trabalhadores em três estados norte-americanos. Além disso, a empresa fechou uma de suas três fábricas nos Estados Unidos em maio. Outras duas estão, atualmente, produzindo máscaras faciais.
O Wall Street Journal teve acesso a fontes que revelaram que a Brooks Brothers contratou o banco de investimentos PJ Solomon no ano passado para explorar opções estratégicas, incluindo uma possível venda. A empresa também teria recebido um empréstimo de US$ 20 milhões da consultora Gordon Brothers.
“O varejo vem mudando bastante nos últimos quatro a cinco anos, e estávamos no processo de adaptação a esse novo ambiente. Quando o coronavírus chegou, realmente não havia como sustentar as coisas”, declarou o italiano Claudio Del Vecchio, dono da Brooks Brothers, ao veículo.
Apesar do agravante com a chegada da pandemia global, a situação não era das melhores há algum tempo. Especialistas apontam que a empresa de capital fechado vinha enfrentando dificuldades com o processo de casualização no mundo dos negócios. Nos Estados Unidos, a casual friday (sexta-feira casual) se tornou um costume. Além disso, em geral, o dress code executivo está menos rígido, principalmente com tantas pessoas adaptando a rotina para trabalhar em casa.
Em 2016, a Brooks Brothers lançou a Golden Fleece, uma linha de roupas informais. Contudo, enfrentou a concorrência de muitas empresas iniciantes. Em análise, o Business of Fashion constatou que a marca perdeu a própria identidade ao tentar se adaptar às tendências de mercado, perdendo o “status de uma marca histórica”. Outro fator apontado é que a varejista tentou aumentar as margens de lucro com produção terceirizada, perdendo clientes que priorizam a tradição e a fabricação própria.
Enquanto procura um comprador e negocia dívidas, a Brooks Brothers garantiu um empréstimo de US$ 75 milhões com a holding WHP Global. A varejista disse à imprensa internacional que o Authentic Brands Group LLC, à frente de marcas como Barneys New York e Sports Illustrated, está interessado na aquisição da label.
História
Fundada em 1818, a Brooks Brothers se define como a varejista de roupas mais antiga da América. Em 1833, Henry Sands Brooks convocou os filhos para ajudarem com seus negócios em expansão. O mais velho, Henry Jr., assumiu o comando após a morte do pai naquele ano. Ele permaneceu à frente até 1850, quando os irmãos Daniel, John, Elisha e Edward assumiram a liderança e criaram o nome atual.
A marca se popularizou ao começar a oferecer ternos prontos, em 1849. Outro marco: em 1896, a varejista lançou a camisa de botão. Também foi a responsável pela difusão do modelo de gravata conhecido como repp.
Ao longo dos anos, a marca conquistou magnatas, celebridades, executivos e políticos. As peças foram usadas por presidentes dos Estados Unidos. Entre eles, Abraham Lincoln, Theodore Roosevelt, John F. Kennedy, Barack Obama e Donald Trump.
A Brooks Brothers foi comprada pela rede britânica Marks and Spencer em 1988. Já em 2001, foi vendida para a Retail Brand Alliance Inc., controlada por Claudio Del Vecchio. Atualmente, tem centenas de lojas espalhadas pelo mundo.
Colaborou Rebeca Ligabue