Gucci apresenta coleção Aria e faz collab histórica com a Balenciaga
O centenário da grife foi a oportunidade perfeita para “hackear” alguns elementos da marca colega, que também pertence ao grupo Kering
atualizado
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Sempre excêntrico, Alessandro Michele não deixou a desejar na coleção mais recente da Gucci, intitulada Aria. Nas palavras do diretor criativo, as novas peças promovem um respiro ao momento atual e são como “um mergulho profundo e extático em tudo o que temos saudades hoje”. Este é o primeiro compilado da Gucci em 2021, ano em que ela celebra um século de existência. De quebra, a grife fez suas próprias versões de designs da Balenciaga, uma collab inédita entre duas marcas de luxo desse porte, embora Michele não a veja exatamente assim.
Vem saber mais detalhes!
Collab com a Balenciaga
O filme que apresenta a coleção Aria, dirigido por Floria Sigismondi e Alessandro Michele, confirmou os rumores sobre uma possível colaboração entre as duas gigantes da moda. Ambas são as principais grifes no portfólio do grupo francês Kering. Possivelmente, a parceria define uma nova era na indústria fashion, já que as grandes etiquetas de luxo nunca interagem diretamente.
O mais próximo disso, até então, havia sido a collab entre Dries Van Noten e Christian Lacroix, de 2019, e a parceria de Raf Simons como codiretor criativo da Prada ao lado de Miuccia Prada. Normalmente, o que se vê são parcerias entre marcas de luxo e etiquetas esportivas ou de streetwear, a exemplo da própria colaboração entre a Gucci e a The North Face, ou da Balenciaga com a Crocs.
Para Alessandro Michele, essa novidade está mais para um “hack” de códigos inconformistas do diretor criativo da Balenciaga, Demna Gvasalia, do que uma collab oficial. Como resultado, ele criou peças que misturam elementos das duas labels. Exemplos marcantes de itens de vestuário são os blazers estruturados em forma de ampulheta, ombreiras exageradas e o mix de calça com botas, sem falar nos casacos com um ar urbano.
Nos acessórios, destaque para versões das bolsas Hourglass, da Balenciaga, com referências das duas marcas. Em um dos colares, o monograma GG da Gucci se transforma na letra G de Balenciaga. Esse encontro híbrido, certamente, ficará no imaginário de quem admira as duas marcas.
Coleção Aria
Segundo a própria grife, a coleção Aria explora a visão pessoal de Alessandro Michele sobre a mitologia em torno da Gucci. Uma inspiração foi a forte sensualidade do período em que Tom Ford dirigiu a marca. Exemplo disso é a releitura do smoking de veludo eternizado por Gwyneth Paltrow no MTV Movie Awards de 1996. O toque sexy aparece em tops e corselets que deixam bastante pele à mostra, além de acessórios fetichistas, como arreios de couro.
Outro mood que permeia o compilado é a herança equestre da label. Chapéus imitam capacetes de hipismo, além de botas e conjuntos de alfaiataria que remetem diretamente a essa prática esportiva. O brilho também tem seu lugar de destaque, seja nos itens com cristais incrustados seja nos tecidos metálicos. Isso pode ser uma pista do “resgate ao glamour da Old Hollywood” que Michele propôs.
As plumas e penas também acrescentam um charme. Em alguns momentos, decoram mangas e punhos. Em outros, roubam a cena do look inteiro, como nos casacos e na calça com degradê em tons de verde. A padronagem GG Supreme aparece revigorada em diferentes tamanhos e cores. Outra estampa famosa da marca, Flora, surge misturada com o logotipo da Balenciaga em um conjunto de alfaiataria.
Para celebrar ainda mais as raízes da grife, o fashion film faz referências ao hotel londrino Savoy, onde o fundador da marca, Guccio Gucci (1881-1953), trabalhou como liftboy quando era jovem. Nesse caso, no entanto, a label transformou o local em uma boate imaginária, a Savoy Club. A trilha sonora do vídeo brinca com o impacto da grife no “vocabulário da cultura pop”, trazendo uma seleção de músicas que incluem a palavra “Gucci”.
Ritmo próprio
Em 2020, a Gucci abandonou o calendário sazonal da moda para seguir seu próprio ritmo, fora das fashion weeks. Por isso, as peças da nova coleção não correspondem oficialmente a uma temporada, mas as grandes publicações da área se referem a ela como outono/inverno 2021. Nesta semana, a Celine também apresentou sua nova coleção em formato digital. Alguns dias atrás, a Bottega Veneta fez um desfile em Berlim, com público presencial, e gerou polêmica.
Colaborou Hebert Madeira