Grupo Richemont compra a marca de bolsas de luxo mais antiga do mundo
A grife belga Delvaux entrou para o portfólio do conglomerado suíço, que controla as marcas Chloé, Alaïa e Cartier
atualizado
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Mais uma marca está adentrando o prestigiado portfólio do grupo de luxo Richemont, que controla as grifes Chloé e Alaïa. Na última semana, a companhia sediada na Suíça anunciou ter comprado 100% da label belga Delvaux, considerada a marca de artigos de couro de luxo mais antiga do mundo. A grife está em atividade há quase 200 anos e foi a primeira a registrar patente de uma bolsa de mão de couro. A empresa não divulgou o preço da compra ou os termos financeiros da aquisição, feita em uma “transação privada”.
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Nova casa
Desde 2011, a participação majoritária da Delvaux era da empresa First Heritage Brands, dos irmãos Victor e William Fung, de Hong Kong, junto com a Singapore Temasek. Em abril, o grupo dos irmãos Fung estava à procura de um comprador para a marca, um dos poucos negócios de moda que ainda restavam em seu portfólio. No passado, a companhia também comandou a grife Sonia Rykiel e a marca de sapatos Robert Clergerie, vendidas em 2019 e 2020, respectivamente.
A nova empresa-mãe da Delvaux, o grupo Richemont, garantiu que a aquisição recém-anunciada não terá um “impacto financeiro significativo” no ano fiscal que se encerrará em 31 de março de 2022, nos aspectos de ativos líquidos consolidados e no resultado operacional da companhia. Também acrescentou que os resultados obtidos com a marca belga serão apresentados na seção “outros negócios”.
Com a compra, o conglomerado espera fortalecer sua atuação no ramo de artigos de couro, aproveitando os “ricos arquivos” e o “momento criativo” que a marca construiu nos últimos 10 anos. Em comunicado, a empresa destacou que a marca belga “pode ser chamada de a inventora da handbag de luxo moderna”.
“Delvaux é uma autêntica maison europeia de artigos de couro de luxo com forte tradição, know-how distinto e capacidades de fabricação excepcionais”, comunicou o diretor executivo das casas de moda e acessórios da Richemont, Philippe Fortunato. “Estamos muito satisfeitos em receber a gestão e as equipes da Delvaux na Richemont, e esperamos trabalhar de perto com eles para permitir que a maison alcance todo o seu potencial sob a administração do grupo.”
Quase dois séculos
Faltam apenas oito anos para a Delvaux completar dois séculos de história. A marca belga foi fundada por Charles Delvaux como um ateliê de malas, em 1829, em Bruxelas. Vale destacar que a Bélgica só virou um país oficialmente em 1830. Como enfatizou o grupo Richemont, ela é considerada a mais antiga do mundo no segmento de artigos de couro de luxo, anterior até mesmo à Hermès (1837) e à Louis Vuitton (1854). Desde 1883, a label está entre as fornecedoras oficiais da realeza da Bélgica.
A empresa também é pioneira em outros aspectos. Foi, por exemplo, a primeira marca a patentear bolsas de mão de couro, em 1908. Os mais de 3 mil modelos de seu próprio arquivo são todos patenteados, como informou o WWD. Já nos anos 1930, a Delvaux foi uma das primeiras etiquetas de produtos de luxo a trabalhar com a ideia de coleções sazonais, período em que ela evoluiu para uma grife de bolsas.
“Expressões poéticas de emoção e habilidade, os designs de Delvaux são feitos à mão por artesãos que transmitiram suas habilidades de geração em geração. Linhas esculturais e couros sensuais há muito definem as criações da maison, imediatamente reconhecíveis por sua qualidade, sofisticação e atenção aos detalhes”, descreve o comunicado da Richemont.
Crescimento
Segundo informações destacadas pelo WWD, a Delvaux teve um crescimento significativo após a First Heritage Brands adquirir sua participação majoritária junto da empresa de investimento estatal Singapura Temasek. Fora do país de origem da marca, houve aumento de 3% para 85% nas vendas, com abertura de flagships em Nova York (Estados Unidos), Londres (Inglaterra) e Milão (Itália).
De 18 milhões de euros, as vendas passaram a registrar 120 milhões de euros. As lojas físicas acompanharam o ritmo e subiram de 10 para 50, ao passo em que a marca chegou a mercados asiáticos como China, Coreia do Sul e Japão. O grupo Richemont, novo dono da marca, controla empresas de quatro segmentos diferentes: joias, relógios, varejistas on-line e etiquetas de moda e acessórios.
Colaborou Hebert Madeira