metropoles.com

Grupo LVMH desiste de comprar a Tiffany & Co. e gera conflito

Conglomerado de luxo francês citou alguns fatores que levaram ao impasse na compra. Joalheria norte-americana revidou com um processo

atualizado

Compartilhar notícia

Google News - Metrópoles
Nicolas Economou/NurPhoto via Getty Images
Loja da Tiffany
1 de 1 Loja da Tiffany - Foto: Nicolas Economou/NurPhoto via Getty Images

A maior aquisição do segmento de luxo na história pode ir por água abaixo. Nessa quarta-feira (9/9), o conglomerado de luxo LVMH informou que não será “capaz de concluir” a compra da Tiffany & Co., cujo acordo foi firmado em novembro de 2019, por US$ 16,2 bilhões. A notícia vem depois de especulações a respeito de negociações sobre a compra, que circularam durante o verão europeu. O acordo foi afetado pelas incertezas e o impacto econômico da pandemia de Covid-19.

Vem comigo!

@paramountmovies/Giphy/Divulgação

Motivos do grupo LVMH

Em comunicado à imprensa, o grupo francês mencionou “uma sucessão de eventos que prejudicam a aquisição” da joalheria norte-americana. Um dos fatores para a desistência da compra é a ameaça da imposição de tarifas dos Estados Unidos sobre produtos franceses. Os valores estariam previstos para serem cobrados a partir de 6 de janeiro de 2021, em produtos como bolsas e maquiagens. As taxas seriam uma resposta aos impostos franceses sobre serviços digitais dos EUA.

Além disso, o Ministério das Relações Exteriores da França solicitou ao LVMH que a compra seja adiada para depois desse período, como uma reação aos impostos. Em resposta a esse pedido, a Tiffany acionou a justiça no estado norte-americano de Delaware para forçar o grupo francês a concluir a compra. A medida teria como objetivo proteger a empresa e seus acionistas. A companhia alega ainda que o pedido do governo francês não tem amparo legal.

Outro fator citado pelo LVMH foi o pedido da Tiffany de adiar de 24 de novembro deste ano para 31 de dezembro a “Data Externa” no acordo de fusão. Por causa de todos esses elementos, o grupo se orientará pela data firmada no acordo de incorporação em novembro do ano passado, cujo prazo de encerramento é de até 24 de novembro de 2020, e não prosseguirá com a compra. “Tal como está, o Grupo LVMH não poderá concluir a aquisição da Tiffany & Co”, informou a holding francesa no comunicado.

Anel da Tiffany & Co.
A compra da Tiffany & Co. pelo grupo LVMH, considerada a maior aquisição do segmento de luxo na história, está com os dias contados

 

O conglomerado de luxo francês anunciou que, por causa de uma série de fatores, não poderá concluir a compra da joalheria norte-americana

 

Bernard Arnault,
Este é Bernard Arnault, CEO do grupo LVMH

 

Modelo Adut Akech em campanha da Tiffany & Co.
A holding diz que recebeu um pedido do Ministério das Relações Exteriores da França para adiar a compra para depois de 6 de janeiro de 2021, data em que impostos dos EUA sobre produtos franceses passarão a valer

 

Anéis da Tiffany & Co.
O grupo LVMH, no entanto, disse que manterá a data de encerramento definida no acordo, que é de 24 de novembro deste ano

 

Processos e ameaças

Em um longo comunicado de imprensa, a joalheria detalha a ação judicial tomada no estado de Delaware, nos EUA, e cita que o grupo LVMH estaria atrasando (ou evitando) o recebimento de aprovações regulatórias. Faltam autorizações para regulamentação do negócio, por exemplo, na União Europeia e em Taiwan. No México e Japão, os pedidos estão pendentes. Agora, o LVMH teria apenas três meses para correr atrás disso.

Sobre as discordâncias a respeito do acordo de fusão, a empresa afirmou: “A Tiffany acredita que este último desenvolvimento representa nada mais do que o esforço mais recente da LVMH para evitar sua obrigação de concluir a transação nos termos acordados. Não muito diferente das tentativas oportunistas e sem base da LVMH de usar os protestos de justiça social e a pandemia de Covid-19 para evitar o pagamento do preço acordado pelas ações da Tiffany.”

Nesta quinta-feira (10/9), mais um desdobramento: o grupo LVMH disse que foi surpreendido com a ação movida pela Tiffany, a qual considera improcedente. Via comunicado de imprensa, afirmou que a acusação da joalheria sobre o conglomerado é sem fundamento e pretende provar isso ao tribunal, em Delaware, e processar a marca de joias pela crise de gerenciamento.

“Ele [o processo] foi claramente preparado pela Tiffany há muito tempo, comunicado de forma enganosa aos acionistas e é difamatório. LVMH irá se defender vigorosamente. A longa preparação desta tarefa demonstra a desonestidade da Tiffany em suas relações com a LVMH. Esta ação é essencialmente baseada na acusação da Tiffany de que a LVMH falhou em tomar as medidas razoavelmente necessárias para obter as aprovações das várias autoridades regulatórias em tempo hábil”, alegou o grupo em um trecho.

No texto, a companhia afirma ainda que os resultados da Tiffany no “primeiro semestre e as suas perspectivas para 2020 são muito decepcionantes e significativamente inferiores aos de marcas comparáveis ​​do Grupo LVMH durante este período”. O LVMH discorda da distribuição de dividendos substanciais no período em que a joalheria esteve deficitária durante a crise provocada pela pandemia. Dessa forma, o conglomerado acrescenta que as condições para a conclusão da aquisição da marca de joias não foram cumpridas.

Anéis da Tiffany & Co.
A Tiffany & Co. respondeu à LVMH com um processo na Justiça do estado de Delaware, nos EUA

 

Modelo em campanha da Tiffany & Co.
O objetivo do processo é “forçar” o grupo LVMH a cumprir com os negócios e concluir a compra

 

Anel da Tiffany & Co.
O conglomerado de luxo, na visão da Tiffany, estaria atrasando o recebimento de aprovações regulatórias

 

Modelo em campanha da Tiffany & Co.
A joalheria considerou alguns motivos levantados pelo LVMH como “oportunistas e sem base”

 

Força no segmento de joias

A compra, cujo acordo foi fechado em novembro de 2019, fortaleceria a posição do grupo LVMH no mercado de joias, diante de concorrentes como a Cartier, que lidera o segmento. O conglomerado de luxo, vale lembrar, é considerado o maior do mundo.

“A aquisição da Tiffany vai reforçar a presença da LVMH em joias e aumentar ainda mais sua presença nos Estados Unidos. A entrada da Tiffany vai transformar a divisão de relógios e joias da LVMH e complementar a lista de 75 casas que compõe o portfólio do grupo”, afirmou o grupo em comunicado, no fim do ano passado.

Com a crise do novo coronavírus, todo o setor de luxo foi afetado. Segundo a CNBC, as same-store sales da Tiffany caíram cerca de 44%, detalhe que ajudou a colocar em cheque a compra pela holding francesa.


Colaborou Hebert Madeira

Todos os direitos reservados

Quais assuntos você deseja receber?

Ícone de sino para notificações

Parece que seu browser não está permitindo notificações. Siga os passos a baixo para habilitá-las:

1.

Ícone de ajustes do navegador

Mais opções no Google Chrome

2.

Ícone de configurações

Configurações

3.

Configurações do site

4.

Ícone de sino para notificações

Notificações

5.

Ícone de alternância ligado para notificações

Os sites podem pedir para enviar notificações

metropoles.comNotícias Gerais

Você quer ficar por dentro das notícias mais importantes e receber notificações em tempo real?