Greynnaisance: modelos acima dos 50 seguem em alta no mercado
Marcas apostam que as veteranas alcançam tanto as clientes da melhor idade quanto as novas gerações
atualizado
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O último desfile da Água de Coco no São Paulo Fashion Week contou com as tops Carol Trentini e Renata Kuerten, mas o grande destaque do show foi a veterana Victoria Corbasson, que arrancou aplausos dos convidados. Algo parecido aconteceu em 2017, quando a ex-modelo Suzana Kertzer foi ovacionada durante sua participação na passarela da Uma, no SPFWN43. Episódios como esses sinalizam o anseio do consumidor de se ver melhor representado na indústria da moda e marcas estão atentas a isso.
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Desde 2015, quando Joan Didion tornou-se o rosto da Celine e a Saint Laurent selecionou Joni Mitchell para uma de suas campanhas, especialistas do segmento fashion identificaram o que eles chamam de Greynnaisance. Ao contrário do que era praticado antes, marcas de renome começaram a dar espaço para modelos acima de 50 anos. E, para a surpresa de todos, a tática se tornou surpreendentemente rentável.
As consumidoras da melhor idade têm sido excluídas das campanhas publicitárias nas últimas décadas, mesmo representando 42% das vendas nos EUA. Normalmente, as empresas direcionam suas campanhas para um grupo mais jovem, esperando que os anúncios também atraiam os pais, mas descobriu-se que isso não é eficiente.
Aos 64 anos, Lyn Slater é uma das profissionais mais requisitadas da atualidade. Há quatro anos, a professora universitária combinou de se encontrar com uma amiga do lado de fora de um desfile durante a semana de moda de Nova York e foi cercada por fotógrafos que a confundiram com um ícone da moda. Daí em diante, sua carreira de modelo começou. Ela criou um blog, Accidental Icon, no qual passou a compartilhar seus looks cheios de personalidade.
Hoje, com 555 mil seguidores no Instagram, a americana tem mais visibilidade do que muitas modelos de 20 e poucos anos e, como passou a ser admirada por todas as idades, acabou tendo uma abrangência maior em termos comerciais. Recentemente, a Mango contratou Slater para um trabalho e viu seu público, composto em sua maioria por jovens, se curvar à veterana. “O impacto da campanha foi excelente, porque Lyn influencia não apenas os idosos, mas também os millennials”, diz Diana Puig, diretora de comunicação da marca.
Outro nome forte do Greynnaisance é a sul-africana Maye Musk. Três anos atrás, seu agente resolveu criar uma conta para ela no Instagram, porque todas as modelos estavam fazendo isso. “Comecei a postar fotos e as pessoas adoraram. Alguns fotógrafos entraram em contato dizendo que adorariam me fotografar. Me tornei influenciadora prestes a completar 70 anos”, diz ela ao Businessoffashion.
Depois da fama instantânea, a nutricionista foi capa da Elle americana, fechou um contrato com a CoverGirl e, mais recentemente, fez parte do casting da Dolce & Gabbana. “Quando eu crescer, quero ser Maye Musk”, diz a jovem Scarlet Jenkins, de 19 anos, em um comentário no Instagram.
Em Brasília, a procura por modelos mais velhas também aumentou. A empresária Marina Sakamoto, da Scouting, relata que os publicitários têm buscado mais esse perfil. “A gente identificou uma alta na procura por profissionais acima dos 50, tanto que estamos fazendo cursos específicos para as pessoas dessa faixa etária”, conta.
Entre os desfiles, a demanda é menor, mas os shoppings centers estão abertos à ideia. “A gente sempre consegue emplacar algumas senhoras nos eventos mais comerciais. Temos tido boas respostas e esperamos que isso continue crescendo. É muito empoderador para elas”, finaliza.
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Colaborou Danillo Costa