Gabriela e Daniela Carvalho falam sobre o brechó de luxo Peguei Bode
Durante passagem por Brasília, as irmãs e sócias deram detalhes sobre a trajetória de oito anos do negócio
atualizado
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Antes que termos como upcycling e reuso invadissem a moda, duas irmãs paulistas vislumbraram: fazer com que peças paradas no armário ganhassem novos donos viraria tendência. Fundadoras do brechó de luxo Peguei Bode, Gabriela e Daniela Carvalho sempre gostaram de moda e viagens. Entre idas e vindas, frequentavam várias butiques e voltavam com aquisições que, muitas vezes, ficavam guardadas no fundo do armário.
Bastou uma madrugada para o ócio criativo dar lugar à iniciativa que mudou suas vidas e as de muitas clientes que podem renovar o guarda-roupa com investimento até 90% menor.
O site, criado em 2011, surgiu após uma noite insone. As irmãs resolveram mexer no closet e o resultado não poderia ter sido melhor. De repente, veio a ideia de vender as peças de grife que estavam paradas. Foi quando nasceu o Peguei Bode, um dos primeiros do ramo a despontar no Brasil.
A empresa começou de forma despretensiosa, com um blog caseiro, anunciado entre amigas no Facebook. No dia seguinte, a dupla já havia vendido as peças. A partir dali, a procura foi tanta que elas resolveram transformar o site em e-commerce.
Vem comigo!
Depois de um ano com o site no ar, as irmãs começaram a promover eventos para que o público conhecesse as peças. Atualmente, esses encontros se tornaram rotina: só em São Paulo, há de três a quatro por ano, e alguns em outros estados. Um deles ocorreu em Brasília, no fim de junho, quando Gabriela e Daniela conversaram com a coluna sobre o projeto. Essa foi a terceira passagem do brechó pela capital.
O nome, Peguei Bode, surgiu de forma espontânea, quando o projeto começou tomar forma na internet. No caso delas, foi uma espécie de brincadeira sobre a convivência.
“Tentamos nomes que ninguém tivesse usado. De repente, Peguei Bode foi escolhido e achamos o melhor, porque somos irmãs e morávamos juntas”, relembra Daniela. A expressão popular equivale a “pegar raiva” ou “enjoar” de alguém/algo.
Antes de o mercado de revenda estar em alta, sobretudo devido à pauta sustentável, elas relembram que algumas pessoas tinham preconceito. “A palavra brechó lembra aquela peça com cheiro, antiga… No Peguei Bode, é tudo atual. Você vai encontrar uma bolsa que está na loja, mas pela metade do preço”, dizem.
Para as empresárias, não faz sentido ter um closet lotado de peças nos tempos atuais. O ideal é que “tudo gire”.
As bolsas clássicas das grifes Chanel e Hermès são as mais procuradas no projeto, que também oferece Bottega Veneta, Dior, Gucci e Fendi, entre mais de 200 etiquetas.
No público de Brasília, as peças da Dolce & Gabbana estão entre as favoritas.
O Instagram é uma das principais ferramentas do sucesso do negócio. “De repente, posto a foto, a pessoa entra no site e faz a compra”, conta Gabriela. A procura é constante, segundo a empresária. “Nunca tivemos um momento em que o e-commerce estivesse parado”, garante.
A rede social também virou uma forma de a dupla se conectar com a clientela. “[O Peguei Bode] é mais que um site, ele representa nós duas. As clientes têm muita curiosidade, ficamos amigas delas e das fornecedoras, conversamos muito”, comenta Gabriela. Algumas seguidoras ficaram tão próximas que até foram convidadas para os casamentos de Daniela e Gabriela, ambos em 2018.
No processo de curadoria das peças, o olhar das irmãs Carvalho é fundamental. “São itens que a gente curte mesmo. Obviamente, sempre tem alguma coisinha que não gostamos, mas sabemos que vai vender”, afirma Daniela. Apesar de procurarem fornecedoras, muitas pessoas vão até elas para oferecerem os artigos usados. Contudo, nem todos passam pelo crivo.
Elas relatam que, ao longo do dia, recebem mais de 100 e-mails com propostas. Também mantêm contato com um grupo de amigas e conhecidas para garimpar os itens. As peças selecionadas passam por um processo de autenticação e higienização.
A tecnologia é a principal aliada no processo de verificação. “Tem uma máquina que colocamos na bolsa e ela diz se é original ou não. É como um celular, amplia as fotos e manda para Nova York. É uma inteligência artificial, os desenvolvedores fizeram um estudo de várias de peças. Funciona como uma segunda maneira de autenticar”, explica Daniela. Cada autenticação custa cerca de US$ 50.
Apesar de as bolsas serem os itens mais vendidos, os grandes achados do Peguei Bode são calçados e vestuário. “O que mais vale a pena são roupas e sapatos. A bolsa não perde tanto o valor, mas um Louboutin, por exemplo, custa R$ 800. Na loja, sobe para R$ 4 mil. Um vestidinho de R$ 20 mil na loja, no Peguei Bode sai por R$ 2 mil”, comenta Daniela. Fica a dica!
Colaborou Hebert Madeira