Figurinista de Cruella critica a Disney por coleção de roupas do filme
A premiada Jenny Beavan ficou de fora do desenvolvimento e do licenciamento de peças oficiais que foram inspiradas na obra cinematográfica
atualizado
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O live-action de Cruella foi lançado mundialmente no dia 28 de maio. Em pouco tempo, o filme já se tornou um sucesso da indústria cinematográfica, com direito à sequência confirmada. A produção, no entanto, também gerou polêmicas. A figurinista do filme, Jenny Beavan, ficou de fora do desenvolvimento e do licenciamento de uma coleção oficial de vestuário inspirada na obra e lançada pela Disney.
Vem entender!
A história se passa na década de 1970 em Londres, no Reino Unido, em meio à ascensão do punk rock. A estrela da trama é uma vigarista – e também sonhadora – chamada Estella (Emma Stone), que sonha em ser estilista. Depois de ficar órfã, a garota faz amizade com uma dupla de jovens ladrões. Juntos, eles vivem de falcatruas.
No enredo, Estella se aproxima da Baronesa von Hellman (Emma Thompson), uma renomada designer, que posteriormente passa a ser rival da protagonista. Com o tempo, Estella se mostra como a vilã Cruella, em busca de vingança e sucesso.
Um dos destaques do live-action, sem dúvidas, é o figurino. Responsável pelos looks, Jenny Beavan não foi informada sobre o lançamento da linha oficial do filme. A coleção inicial é composta por roupas, calçados e acessórios – inclusive com alguns itens bem parecidos com visuais usados pela personagem no filme. Algumas peças também trazem ilustrações de Cruella.
Em entrevista à Variety, a figurinista lamentou o ocorrido. “Eu simplesmente fiquei meio horrorizada”, contou. “O problema com Cruella é que se trata de um filme sobre moda, sobre duas estilistas. A história toda é sobre elas quase travando uma guerra de moda. Então, é tão desrespeitoso lançarem uma linha de moda”, criticou Beavan.
A britânica Jenny Beavan estudou na antiga London’s Central School of Art and Design, hoje conhecida como Central Saint Martins. A figurinista já ganhou duas estatuetas do Oscar. A primeira foi em 1987, compartilhada com John Bright, pelo longa Uma Janela para o Amor. Também recebeu o prêmio em 2016 por Mad Max: Estrada da Fúria.
Ao todo, Beavan acumula 10 indicações ao Oscar. Entre os trabalhos, estão Os Bostonianos (1984); Maurice (1987); Retorno a Howard’s End (1992); Vestígios do Dia (1993); Razão e Sensibilidade (1995); Anna e o Rei (1999); Assassinato em Gosford Park (2001); e O Discurso do Rei (2010).
Indignação coletiva
O embate entre Jenny Beavan e a Disney provocou uma reivindicação do Costume Designers Guild (CDG), sindicato de figurinistas fundado nos anos 1950. A associação classificou a exclusão de Jenny Beavan do desenvolvimento da linha como uma “prática injusta”.
Diretora de comunicações do CDG, Anna Wyckoff apontou que a comercialização de produtos inspirados no trabalho de costume designers sem autorização prévia é um problema alarmante. “Como todos sabem, um figurino tem uma longa vida após o projeto – em merchandising, e brinquedos e fantasias de Halloween. Portanto, há muitas oportunidades para os trajes serem usados como um acessório de marketing”, enfatizou.
Outros profissionais da categoria, que passaram por situações iguais ou parecidas, também se manifestaram. A exemplo, Mona May, figurinista que criou composições icônicas para Clueless (As Patricinhas de Beverly Hills), longa-metragem lançado em 1995, destacou que, na época, foram lançadas bonecas que usavam até os mesmos looks do filme. “Foi realmente chocante que eu não estivesse envolvida e não tivesse nenhuma compensação por algo tão grande”, reclamou, em relato à Variety.
Colaborou Rebeca Ligabue