Executiva do grupo global que detém a Dafiti fala de sustentabilidade
Representante da Dafiti do Global Fashion Gruoup, Jaana Quaintance-James passou pelo Brasil e apontou diretrizes ecológicas adotadas
atualizado
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Chefe de sustentabilidade do Global Fashion Group (GFG), a australiana Jaana Quaintance-James veio ao Brasil recentemente. Por aqui, a executiva participou de agenda da multimarcas Dafiti, uma das etiquetas comandadas pelo conglomerado global de moda, fundado em 2011. Em entrevista à coluna, ela aponta diretrizes ecológicas adotadas e analisa o panorama mundial de avanços em relação ao cuidado com o meio ambiente no âmbito fashion. Atualmente, a companhia também detém marcas como Fendi, Kenzo, Missoni, Proenza Schouler, H&M, Topshop e Santa Lolla.
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Jaana Quaintance-James está à frente da área de sustentabilidade global do GFG desde 2019. Anteriormente, liderou o tema na região Ásia-Pacífico. A australiana trabalha com temas ecológicos e fornecimento ético desde 2005. Entre consultorias e cargos de liderança, conduziu mudanças em varejistas de vestuário e calçados.
A executiva tem mestrado em artes e em organizações e mudança social pela City University of London, com especialização em responsabilidade social corporativa. Ela também tem no currículo um bacharelado em relações internacionais e política social pela Victoria University of Wellington, Nova Zelândia.
Quaintance-James destacou que desde 2014 o GFG tem um comitê de sustentabilidade no Conselho de Administração. Além disso, acelerou significativamente a atividade e ambições em 2019, a partir da abertura de IPO [oferta pública inicial], na Bolsa de Valores.
“O negócio é motivado principalmente pelo imperativo moral da mudança na indústria da moda e pela oportunidade de influenciar o ecossistema da moda, incentivando a oferta e a procura de uma moda mais sustentável. No entanto, existem também outros propulsores no nosso negócio para a ação em prol da sustentabilidade, incluindo maior eficiência e redução de custos, além da expectativa dos consumidores, colaboradores e investidores”, introduz.
Veja detalhes da entrevista:
O Global Fashion Group engloba marcas de diferentes origens. Como alinhar para que todas estejam em sintonia no quesito sustentabilidade? O grupo tem diretrizes nesse sentido?
Jaana Quaintance-James: Influenciar marcas de outras empresas é definitivamente mais complexo do que quando controlamos a cadeia de suprimentos e tomamos decisões de ponta a ponta sobre o produto. No entanto, comprometemo-nos em 2030 a gerar a maior parte, 60%, do nosso NMV [Net Merchandise Value – Sales After Returns] a partir de produtos feitos com materiais sustentáveis ou alinhados com métodos de ecoprodução. Isso inclui vendas de marcas de terceiros e marcas próprias, bem como todo o nosso portfólio do marketplace. Temos diretrizes abrangentes para apoiar isso e garantir a consistência em todo o grupo.
Quais são as medidas implementadas pela Dafiti para ser mais sustentável?
Um destaque importante da jornada de sustentabilidade da Dafiti é a introdução da Dafiti Eco, uma seção de produtos sustentáveis dentro da plataforma que seleciona para nossos clientes produtos que são melhores para humanos, animais ou meio ambiente. Isso agora está disponível em todos os países da América Latina em que a Dafiti opera e uma proporção crescente do sortimento atende aos critérios específicos. Outros destaques incluem o lançamento de nossa nova marca própria Inspira que é feita exclusivamente com materiais sustentáveis, a introdução de programas de reciclagem ou embalagens compostáveis em todos os países e descarte responsável de 95% dos resíduos em nossos centros de distribuição, entre outras conquistas.
Na sua visão, o que falta para que a moda, em geral, tenha mais responsabilidade social e sustentável? Os avanços são significativos nos últimos anos?
Precisamos de mais escala para alternativas mais sustentáveis. Existem muitas inovações incríveis, por exemplo, nos materiais ou no processo de produção, mas para muitas empresas, especialmente fábricas menores ou semelhantes; essas inovações estão fora do alcance devido ao custo ou à complexidade. Precisamos conduzir uma escala maior por meio da colaboração e influenciar o sistema para que todos possamos avançar em conjunto.
Além disso, não há dúvida de que precisamos de mais mudanças rapidamente. Sabemos que precisamos acelerar a mudança no nosso negócio e no nosso portfólio de marcas. Mas, infelizmente, ainda há muitas empresas que ainda não começaram a atuar na área de sustentabilidade, tanto na indústria da moda como em outros setores. Chegou o momento de todas as companhias agirem.
A executiva enfatizou que é preciso analisar o cenário da sustentabilidade de forma ampla. “Existem algumas empresas no Brasil que estão fazendo grandes coisas, e, até agora, em 2022, mais de 30% dos clientes da Dafiti compraram um item sustentável da Dafiti Eco. Assim como em outros países, precisamos ver mais mudanças e mais rapidamente, mas quando você vem para a América Latina e entende o cenário da sustentabilidade, há muito mais acontecendo do que as pessoas imaginam”, reconhece Jaana Quaintance-James.
Colaborou Rebeca Ligabue