Considerada a maior favela do Brasil, de acordo com o Censo 2022 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Sol Nascente abriga milhares de sonhos e histórias no Distrito Federal. Um destaque é Gabriella Nicoly, brasiliense de 23 anos que trilha carreira como modelo. De atendente de mercado às passarelas de desfiles, a jovem luta por cada vez mais visibilidade. Além disso, ela é responsável por um projeto social com crianças em situação de vulnerabilidade.

Vem conhecer!

Modelo

Desde pequena, Gabriella Nicoly sonhava em ser modelo, mas a realidade financeira sempre foi um desafio. “No decorrer da vida, outras coisas eram prioridades. Por isso, fui trabalhar como atendente de mercado para ajudar nas contas de casa”, destaca, em entrevista à coluna.

Apesar das dificuldades, o “mosquitinho” de ser modelo continuou a rodeá-la. Em 2021, foi uma das finalistas do Top Cufa DF, concurso de beleza que tem como objetivo revelar talentos das periferias. “Não ganhei na primeira vez, mas aquela vontade ficou cada vez mais em mim. Fiz cursos para melhorar e participar de novo. Na segunda vez, saí como campeã”, relembra.

Após a participação na competição, a vida de Gabriella Nicoly tomou novos rumos. Passou a ser agenciada pela 3 Models, de Pedro Abdalla. “Senti diferença porque eles são sérios e prometem todo um plano de carreira, mas também fiz boas amizades que me ajudam no crescimento”, conta.

Paralelamente, Nicoly trabalha como promotora de eventos pela cidade. A atividade possibilita que consiga se dividir com o ofício de modelo. “Quero muito a carreira internacional, mas sozinha não consigo. Por isso, tenho feito contatos que possam de alguma forma me ajudar”, afirma.

A jovem já acumula experiências positivas como modelo. Neste ano, pela segunda vez consecutiva, ela participou do casting do Amarê Fashion, em Goiânia. “Eu consegui sozinha essa oportunidade. Não tenho medo de ir atrás do que quero”.

Do Sol Nascente às passarelas

Nos últimos anos, a moda tem buscado refletir sobre as demandas atuais da sociedade. A prática, porém, não parece ser tão efetiva assim, como explica Gabriella Nicoly. “Me falavam que o mercado era mais amplo para mulheres negras, mas ainda não evidencio isso. Às vezes, acho que estou fazendo o trabalho só ‘pela cota'”.

Um dos pilares de força da jovem é a relação com a mãe. Ao lado dos irmãos mais novos, Nicoly enfrentou percalços, mas sempre com o apoio familiar. “Eles estão sempre torcendo por mim, compartilhando meus trabalhos, e felizes pelos espaços que já conquistei”.

O espírito de comunhão e comunidade também é vivenciado com os ex-vizinhos no Sol Nascente. Mesmo morando em Ceilândia sozinha, como uma forma de ficar mais perto dos trabalhos, Nicolly não deixa de retornar para onde cresceu.

A modelo é a responsável pelo projeto social Esperança em Movimento, que proporciona momentos de lazer e presentes a crianças em situação de vulnerabilidade. “Arrecadamos doações e, quando chegam datas comemorativas, como Páscoa e Natal, distribuímos entre as pessoas. Isso tudo é fruto de uma união”, afirma.

Ser um exemplo para as crianças e os adolescentes da região é um dos objetivos de Nicoly. “Quero que possam trilhar o mesmo caminho. Claro, não é fácil, mas, por meio de esforço e oportunidade, tudo é possível”, finaliza.

Brasília Fora dos Padrões

A coluna deu início ao quadro Brasília Fora dos Padrões, como uma extensão da série Moda Brasília. Toda semana, apresentamos pessoas que se destacam pelo estilo próprio, a fim de dar ênfase à moda no Distrito Federal, no Centro-Oeste.

O objetivo é compilar fashionistas que usam o vestuário como uma forma de autoexpressão e autenticidade. Os nomes são selecionados de forma independente pela equipe da coluna. A iniciativa também aborda pautas com temas para além do segmento fashion, como música, entretenimento e arte.