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Estudo analisa os impactos da produção de algodão, poliéster e viscose

A pesquisa Fios da Moda, divulgada neste mês, foi realizada pela plataforma de mídia independente Modefica

atualizado

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Emin Menguarslan/Anadolu Agency/Getty Images
Produção de algodão
1 de 1 Produção de algodão - Foto: Emin Menguarslan/Anadolu Agency/Getty Images

Publicada neste mês, a pesquisa Fios da Moda, disponível on-line, analisa os impactos socioambientais da produção de algodão, poliéster e viscose, as três fibras mais utilizadas no Brasil. O relatório inédito foi feito pela Modefica, plataforma de mídia independente, em parceria com o Centro de Estudos em Sustentabilidade da Fundação Getulio Vargas (FGVCes) e a consultoria para sustentabilidade Regenerate Fashion.

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Giphy/Modefica/Reprodução

Segundo a organização, o relatório foi desenvolvido a partir da necessidade de reunir dados e informações diante de um cenário climático em profunda transformação. “As informações, dados e conclusões presentes no relatório não são exaustivas, muito pelo contrário”, enfatiza Maria Colerato, diretora executiva da Modefica.

“Nosso principal objetivo é facilitar e aumentar o acesso a dados abertos; possibilitar tomadas de ações orientadas para sustentabilidade por parte dos diversos profissionais do setor; insistir na importância da transparência com rastreabilidade da rede produtiva; e destacar a importância do envolvimento da sociedade civil para cobrar por transparência nas cadeias produtivas nacionais e auxiliar à elaboração de políticas públicas que fomentem a circularidade da indústria têxtil e de confecção nacional”, destaca a plataforma.

Print de pesquisa de moda
A pesquisa Fios da Moda: Perspectiva Sistêmica Para Circularidade foi revelada no dia 10 de fevereiro

 

Algodão colorido - Embrapa Algodão
Segundo a Modefica, trata-se da primeira publicação brasileira responsável por analisar os impactos socioambientais da confecção das três fibras mais utilizadas na indústria da moda: algodão, viscose e poliéster

 

BRS Jade
O relatório foi feito pela plataforma de mídia independente em parceria com o Centro de Estudos em Sustentabilidade da Fundação Getulio Vargas (FGVCes) e a consultoria para sustentabilidade Regenerate Fashion

 

Gráfico do ciclo de vida de uma peça de vestuário
Ciclo de vida de uma peça de vestuário

 

O estudo chama a atenção para a agricultura envolvida na produção das fibras. Destaca-se que mais de 70% do algodão mundial é irrigado, e a média mundial de consumo de água de irrigação é de 10 mil litros de água por quilograma de fibra.

De acordo com a Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), o algodão é a quarta cultura que mais consome agrotóxicos. Ele é responsável por aproximadamente 10% do volume total de pesticidas utilizado no Brasil, com uma aplicação média de 28 litros por hectare.

Já a cadeia de confecção do poliéster é iniciada no refino de petróleo. A produção está fortemente relacionada com a presença de microplásticos nos mares e oceanos. Contudo, o documento aponta que uma das vantagens dessa fibra é o fato de ser reciclável.

O país está entre os 10 principais produtores de celulose solúvel (matéria-prima para a produção da viscose, que é uma fibra artificial), representando cerca de 11% da produção mundial em 2019, segundo a organização Textile Exchange. “Em relação à pegada de carbono, a produção de fibras de viscose, apesar de ter menos emissões de gases de efeito estufa associadas do que o poliéster, tem emissão estimada em aproximadamente 50% maior que a produção de fibras de algodão”, explica a pesquisa Fios da Moda.

Além disso, o relatório estima que apenas na região do Brás, em São Paulo, são coletadas 45 toneladas de resíduo têxtil por dia. O processo de fabricação (sobretudo o corte e a costura) é o que mais gera desperdício, com perda de 50% para o algodão e 29% para o poliéster.

Roupas em confecção
O desperdício têxtil é alarmante

 

Mapa de processo da etapa de produção do algodão
Mapa de processo de produção do algodão

 

Mapa de processo de produção do poliéster
Mapa de processo de produção do poliéster

 

Mapa de processo de produção da viscose
Mapa de processo de produção da viscose

 

A Modefica evidencia a necessidade de implementação da economia circular, com o reaproveitamento e a reciclagem de materiais. Também é essencial investir na agricultura familiar e agroecológica, que gera resíduos mais fortalecidos. Enquanto uma fazenda de 500 hectares de agricultura familiar oferece cerca de 200 empregos, a de eucaliptocultura oferta apenas três.

“Por meio da análise de cenários, foi possível verificar que o uso de fibras alternativas ajuda a reduzir as emissões upstreams, por exemplo, por meio de processos de produção menos poluentes ou uso de materiais reciclados em vez de materiais virgens”, recomenda. “A produção de algodão agroecológico e poliéster de garrafas PET recicladas apresentam, em geral, um melhor desempenho ambiental do que as fibras convencionais.”

A pesquisa demonstra ainda que diversas soluções e alternativas possíveis em teoria ainda não são viáveis na prática. Por isso, é preciso que haja cada vez mais investimento em tecnologias e incentivo à circularidade.

Colaborou Rebeca Ligabue

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