Estudo alerta para os impactos ambientais do fast fashion
Segundo artigo da revista Environmental Health, todas as etapas da cadeia produtiva desse segmento geram efeitos na natureza e saúde humana
atualizado
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O modelo de venda de roupas a preços baixos em larga escala, conhecido como fast fashion (moda rápida), tornou-se um grande negócio. As peças são produzidas, consumidas e descartadas rapidamente para atender às tendências e demandas do mercado. Por um lado, a ideia ajudou a tornar a moda mais acessível, mas a necessidade de constante atualização das ofertas deixa impactos negativos no meio ambiente.
Segundo estudo publicado na revista científica Environmental Health, essa “democratização” esconde os efeitos negativos em todo seu ciclo de produção e vida útil das peças. Fatores como condições precárias de trabalho, salários baixos e o descarte de corantes prejudicam a natureza e, consequentemente, os seres humanos. O artigo explora a ideia de justiça ambiental e os efeitos na saúde humana.
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Pela definição da Agência de Proteção de Direitos Ambientais dos Estados Unidos, justiça ambiental consiste no “tratamento justo e envolvimento significativo de todas as pessoas, independentemente de raça, cor de origem nacional ou renda, com relação ao desenvolvimento, implementação e cumprimento de leis, regulamentos e políticas ambientais”.
Com o aumento do consumo, a fabricação das roupas é impulsionada. Para manter os preços acessíveis, ela é deslocada para países de baixa e média rendas, responsáveis por 90% da produção mundial de vestuário. O estudo estima que 80 bilhões de peças de roupas são compradas anualmente, com rendimento de US$ 1,2 trilhão para a indústria de moda global. A maior parte da produção ocorre na China e em Bangladesh.
Nos Estados Unidos, onde mais se consome roupas e tecidos, há medidas de proteção do trabalho. Enquanto isso, países terceirizados que não têm os mesmos mecanismos de controle acabam sofrendo com os impactos sociais e ambientais. Assim, aqueles que trabalham ou moram perto das instalações de fabricação ficam sujeitos a riscos.
Tudo começa na produção dos suprimentos têxteis, que é a primeira etapa. O estudo indica que o cultivo do algodão exige uso intensivo de água, enquanto tecidos sintéticos, como o poliéster, são derivados do petróleo. Em ambos os casos, o descarte dos líquidos residuais não tratados usados no tingimento pode liberar substâncias tóxicas e metais pesados nas fontes de água locais. Dessa forma, a saúde dos animais e dos próprios seres humanos é prejudicada.
Já na confecção das roupas, padrões de segurança do trabalho são ignorados devido a agravantes como infraestrutura política e gestão ruins. Esse cenário é propício a gerar problemas respiratórios, câncer, lesões acidentais, entre outros danos. Ao final de tudo isso, após chegarem ao consumidor, as peças continuam a produzir efeitos. Quando perdem a vida útil, tornam-se resíduos têxteis, que podem acabar em aterros sanitários não regularizados.
Entre as soluções, o estudo destaca a importância da justiça ambiental nas diferentes etapas do fornecimento global, o que ainda é um desafio. Para isso, é necessário inovar no desenvolvimento de tecidos, mudar os hábitos de consumo e investir em políticas comerciais. Fibras sustentáveis, como o Ioncell, que são ecológicas durante todo o processo produtivo, podem ser boas alternativas para a natureza e a saúde humana.
Outro aspecto relevante é a importância da supervisão e certificação de organizações com Fair Trade America e National Council of Textiles Organization. Algumas empresas, em vez de se certificarem, preferem promover o “greenwashing”, quando se vendem como propostas ecológicas, mas sem base em critérios específicos.
Environmental Health
A revista científica é destinada a profissionais e cientistas das áreas de bem-estar e meio ambiente, publicada on-line pela editora BioMed Central, com base no Reino Unido. A plataforma disponibiliza artigos e estudos relacionados a temas como medicina ocupacional e saúde ambiental.
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Colaborou Hebert Madeira