Estilista japonesa cria vestidos usando apenas uma caneta 3D
A jovem Seiran Tsuno se expressa por meio de suas criações e desenha, literalmente, as peças que compõem as coleções de moda
atualizado
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Uma enfermeira que atuava na área da saúde mental encontrou na moda uma maneira para se expressar. Seiran Tsuno até tentou enveredar para outro ramo, mas o talento falou mais alto. Atualmente, a jovem japonesa é reconhecida internacionalmente pelo trabalho conceitual que faz manualmente.
Por meio de fios delicados em PLA, um plástico totalmente biodegradável, a designer cria estruturas abstratas. Cada peça é desenhada em três dimensões, mas, quando colocada sob os troncos, projetam uma nova silhueta saindo do torso, com os ombros, braços e até pernas em evidência. É como se a estilista tivesse capturado o momento exato em que a alma se separa do corpo humano. Vem comigo saber mais!
Assim como o seu diferencial no design, a trajetória de Seiran na moda não é parecida com a da maioria dos estilistas. Ainda na faculdade de enfermagem, ela buscou opções para lidar com o estresse desencadeado pelas horas dobradas nos estudos.
Foi a partir do Shironuri, subcultura japonesa baseada em pintar o rosto de branco, que a jovem deu abertura para a moda em sua rotina. Imersa na beleza e no exagero das vestimentas, a aproximação com o novo ramo fez com que ela decidisse cursar outra graduação.
Após se matricular no curso de designer de moda na Cononogacco em 2016, uma das faculdades mais excêntricas do Japão, a profissional passou a encarar uma dupla jornada de trabalho.
Embora a área de saúde não se aproxime muito com a da moda, a estilista se inspirou até nas conversas com os pacientes no hospital psiquiátrico para as suas criações.
Com influência do didatismo japonês, a designer buscou o autoconhecimento e encontrou o equilíbrio nas áreas que atuava. Devido às ferramentas oferecidas também na grade curricular de moda, ela explorou novas perspectivas e conseguiu se aprofundar ainda mais nas metodologias. Seiran, agora, consegue se expressar por meio das suas peças.
A delicadeza de cada item dá a sensação de que, a qualquer momento, a peça pode flutuar e sumir. As vestes com aparência frágil realmente carregam o conceito de leveza, e foram desenvolvidas para serem a comunicação com um mundo invisível.
Seiran utiliza métodos não-convencionais para criar roupas fora do comum. As peças são feitas apenas com canetas 3D. Para concluir um vestido, por exemplo, a estilista leva uma semana e recruta 3 ou 4 assistentes para auxiliarem no processo, de resultado surpreendente.
Vestidos, casacos e macacões levaram Seiran para a competição de ITS da Vogue Itália em 2018.
A estilista foi uma das finalistas desse evento internacional de novos talentos.
Desde então, os produtos ganharam visibilidade no Japão e no exterior. Não demorou para cair no gosto da stylist Imruh Asha, que vestiu a cantora Iraniana Sevdaliza em um de seus shows em Tóquio. Como se não bastasse, o vestido flutuante da designer riscou as passarelas da Amazon Tokyo Fashion Week, na temporada de outono 2019.
O segredo do sucesso de Seiran Tsuno não são peças desenvolvidas apenas para serem comercializadas ou expostas nas vitrines fashion mundo afora. São itens desenhados para representar a alma do indivíduo.
Colaborou Sabrina Pessoa