Estilista Guilherme Dutra relembra momentos no Desafio Sou de Algodão
Vencedor do último Desafio Sou de Algodão, o designer apresentou uma coleção na Casa de Criadores. Ele compartilha dicas para participantes
atualizado
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O Desafio Sou de Algodão + Casa de Criadores chega à terceira edição para apoiar os primeiros passos de jovens designers que se inserem no mercado da moda autoral. Neste ano, o concurso pagará um prêmio no valor de até R$ 30 mil ao vencedor, que também vai desfilar uma coleção no próximo evento da Casa de Criadores. A coluna conversou com o último grande ganhador da iniciativa, o estilista Guilherme Dutra, que compartilhou a própria experiência e dicas para os próximos concorrentes.
Vem conferir!
O estilista vencedor
Guilherme Dutra tinha 24 anos quando chegou ao Desafio Sou de Algodão, apresentando uma visão que ia além da moda. A coleção, batizada de Arô-Eu Saúdo, nasceu de um trabalho de conclusão de curso. O manifesto de resgate à ancestralidade do povo preto e de contemplação dos orixás africanos foi refletido nas roupas e fez de Guilherme o grande campeão da edição de 2022.
Para o estilista, ter o próprio trabalho reconhecido e então ovacionado na Casa de Criadores foi a realização de um sonho. “O ápice do evento foi ver a plateia suspirando a cada entrada. Ali entendi que meu trabalho estava dialogando com as pessoas e que elas estavam admirando a narrativa contada no desfile”, relembra.
Você pode saber mais sobre o concurso e as regras das inscrições clicando aqui. Confira a entrevista com o estilista Guilherme Dutra:
O que foi mais difícil na sua participação no Desafio Sou de Algodão, e como superou essa dificuldade?
Acredito que o mais difícil tenha sido traduzir os meus croquis para o tridimensional, ter que representar o excesso, muitas cores, texturas e a estética maximalista que o tema demandava. Tínhamos algumas limitações em relação a tecidos, isso foi um grande desafio.
Eu precisava de tecidos mais pesados e com texturas, para representar o tema que narrava a realeza e ancestralidade do povo preto. Ao decorrer da pesquisa, descobri que o uso da tapeçaria era muito presente e pertinente ao projeto, por esse motivo busquei tecidos no segmento da decoração, usados em estofados e cortinas, junto a técnicas manuais de estamparia e bordados que me ajudaram a chegar a um resultado estético imponente e não convencional.
Ter participado e vencido o Desafio impulsionou a sua carreira na moda?
Ter participado e, principalmente, ter vencido o Desafio Sou de Algodão impulsionou muito minha carreira. O prêmio contribui para várias realizações, como entrar para o lineup oficial da Casa de Criadores. Hoje, posso compartilhar a mesma passarela com grandes estilistas nacionais e mostrar o meu trabalho.
Minha apresentação fez com que muitos stylists me procurassem para produzir e desenhar para artistas, como Pocah, Gkay, Linn da Quebrada, Eduardo Sterblitch, entre outros.
Como o algodão pode ser explorado de maneiras que se destacam no desafio?
O algodão pode ser explorado principalmente com beneficiamento têxtil. Técnicas manuais de estamparia, interferência de bordado e tingimentos naturais são sempre uma boa solução para bons resultados. O inesperado e o não convencional são apostas que devem ser feitas sem medo.
É valido usar tecidos que são de algodão, mas que não são comuns no nicho da moda, o que ajuda muito na descoberta de novas possibilidades.
E a sua experiência no desfile na Casa de Criadores, quais foram os destaques?
Esse foi um dos maiores marcos na minha vida! Ter mostrado meu trabalho em um dos eventos mais importantes da moda nacional foi extraordinário. Toda a equipe ajudou a concretizar o meu projeto, torná-lo palpável.
Destaque especial a equipe de hairstyle, que impulsionou o meu projeto, transformando os modelos em verdadeiras obras de arte. Os cabelos, que simbolicamente transformaram-se em coroas africanas, me renderam elogios até mesmo do Celso Kamura, que é uma referência nacional no segmento.
O ápice do evento foi ver a plateia suspirando a cada entrada. Nesse momento, entendi que meu trabalho estava dialogando com as pessoas, e que elas estavam admirando a narrativa contada no desfile. Poucos minutos, mas memoráveis.
Que dicas você pode dar para quem vai participar do 3º Desafio Sou de Algodão?
Meu conselho é: não tenham medo de arriscar, ousem no que não é óbvio, testem mais de uma vez, olhem com carinho para todas as possibilidades. Que o desafio seja uma experiência única de desenvolvimento profissional e pessoal, absorvam e aproveitem cada minuto, cada palestra, cada orientação, pois esses momentos podem ajudar vocês na realização de seus sonhos.