Estilista acusa Shein de copiar dezenas de roupas feitas de crochê
Bailey Prado aponta que a varejista chinesa teria copiado cerca de 45 peças autorais de sua marca homônima
atualizado
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No início deste mês, a varejista chinesa Shein foi acusada de copiar cerca de 45 peças criadas pela estilista independente Bailey Prado. Alertada por uma seguidora, a designer estadunidense se manifestou pelo Instagram sobre as supostas cópias de suas roupas autorais, feitas em crochê. Segundo ela, uma coleção inteira da marca de fast fashion traz dezenas de produtos idênticos ao seu trabalho.
Vem entender o caso!
Horas de trabalho
Lançada em 2019, a marca homônima de Bailey Prado tem base na Califórnia e é descrita como uma etiqueta de “luxo moderna com foco em têxteis e crochê manual”. A estilista comercializa roupas por até US$ 300, mas descobriu que modelos muito similares aos dela estavam à venda na Shein por US$ 20 ou menos, com execuções inferiores, na visão dela.
“Uma de minhas seguidoras me mandou uma foto de um design que ela reconheceu ser meu. Ela me mandou o link para os novos produtos deles, eu comecei a ver as novidades e percebi que era toda uma coleção copiando as minhas peças”, disse ela à Dazed. Segundo Bailey, muitas horas foram gastas para criar as peças à mão, o trabalho “de uma vida inteira”.
Inicialmente, Bailey Prado se manifestou sobre o assunto pelo Instagram, apontando mais de 20 cópias. Em outra postagem, publicada posteriormente, notou que a varejista teria copiado de forma idêntica cerca de 45 peças. Contudo, havia retirado do ar somente 10 designs da primeira postagem.
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“Eles perceberam o problema, mas, em vez de entrarem em contato comigo ou retirar todos os designs, optaram por ignorar”, ela escreveu. “Cerca de 45 designs roubados. Eu me convenci de que não era grande coisa, mas meus projetos, que têm sido minha vida inteira nos últimos 3 anos, agora são vendidos para milhões de consumidores da Shein que nunca saberão sobre mim.”
“Não é novidade”
Apoiada em centenas de comentários, incluindo os de outros estilistas emergentes, Bailey Prado comentou que não é novidade empresas de fast fashion “roubarem” o trabalho de pequenos designers. “Eu estava esperando encontrar uma das minhas peças. Quando eu vi toda a coleção e comecei a reconhecer cada um dos modelos, sabendo da onde eles vieram, fiquei chocada e não senti que isso era real”, complementou.
“Se eu continuar tendo os meus designs roubados, então, eu espero ter apoio suficiente e que nós, como consumidores, possamos lutar contra isso e mudar as coisas. Não podemos deixar marcas de fast fashion fazerem com que estilistas tenham medo de mostrar sua arte”, acrescentou Bailey Prado.
À Dazed Prado também comentou que gostaria de ver algum tipo de compensação na Justiça, mas o receio de burocracia e custos com processos a desencoraja. Para ela, “informar as pessoas sobre as consequências do fast fashion e chamar a atenção para o que está acontecendo com as pequenas marcas é o suficiente”.
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A página do Instagram Diet Prada, conhecida por denunciar plágios e escândalos na indústria da moda, foi marcada nos comentários de Bailey Prado e se manifestou sobre o assunto com uma postagem própria. A publicação tem mais de 118 mil curtidas e 1,7 mil comentários.
“Antigamente, as empresas de fast fashion costumavam copiar os looks mais recentes das principais passarelas e as peças da moda de marcas estabelecidas mas, agora, estão cada vez mais atrás de designers independentes, mesmo aqueles que não tiveram a chance de estourar em uma escala maior”, destacou a página.
Bailey Prado
A paixão pelo crochê nasceu depois que Bailey Prado passou um ano em Londres. Como resultado, a cultura “jovem e crua” das vizinhanças londrinas é uma das inspirações para as criações da label, assim como as mulheres da família da estilista.
Em suas criações, que passeiam do estilo formal ao criativo, Prado tenta dar um frescor ao crochê e reforça o empoderamento de mulheres negras. Vestidos e terninhos têm como referências as silhuetas do estilo “mulher de negócios” de uma avó de Prado.
Para o trabalho de outono/inverno 2021 da marca, a inspiração é a rua onde Prado cresceu e sua família ainda reside, intitulada Bonita Heights. As peças reciclam tecidos e cobertores vintage, dando a esses materiais já existentes uma abordagem moderna. A label tem um e-commerce e mais de 30 mil seguidores no Instagram.
Colaborou Hebert Madeira