1 de 1 Mulher negra e careca desfilando. Ela usa um vestido franzido rosa da marca Ester Manas
- Foto: Peter White/Getty Images
A francesa Ester Manas, criadora da marca homônima com o parceiro belga Balthazar Delepierre, foi um dos destaques da última Semana de Moda de Paris. No evento, que aconteceu entre os dias 28 de fevereiro e 8 de março, ela se destacou mais pela mensagem do seu desfile do que pelas peças em si. Na contramão de marcas que colocam apenas uma modelo mid ou plus size no elenco, a etiqueta apresentou suas roupas com um casting composto por quase 70% de modelos não magras.
Vem conhecer a marca!
“A atmosfera de irmandade, orgulho e calor irradiando da passarela Ester Manas foi uma contribuição atraente – e influente – à cultura dos desfiles de moda de Paris”, escreveu a jornalista Sarah Mower, da Vogue norte-americana, no review da apresentação.
Segundo ela, o pós-desfile foi ainda mais especial, com as modelos que participaram agradecendo aos estilistas pela oportunidade. A cena atesta um fato: as mulheres não se sentem representadas pelas escolhidas para divulgar as novidades da moda.
Para muitos, a escolha poderia soar como uma estratégia de marketing muito bem-feita. Contudo, a Ester Manas quis não apenas deixar claro que nasceu para ser diversa, como também evidenciou isso no casting natural. Além disso, a confecção das roupas comprova a missão da marca: cerca de 90% de sua coleção é feita para em uma ampla grade de numeração que vai do 36 ao 52.
A coleção – a segunda apresentada pela dupla na Semana de Moda de Paris – também foi além no design e mostrou que pessoas que fogem da numeração “padrão” podem usar mais do que peças básicas e soltas. Na verdade, as roupas da Ester Manas emolduravam e colocavam corpos diversos e voluptuosos em evidência. Segundo Jessica Testa, que escreve sobre moda para o New York Times, os looks “eram franzidos (o que permite uma ampla faixa de tamanhos), transparentes, coloridos e sexy”.
O desfile marcou a segunda apresentação da Ester Manas na fashion week de Paris
A marca foi criada em 2019 para desenvolver roupas ousadas em uma grade mais abrangente de tamanhos
A dupla de criativos usa a técnica do franzido para confeccionar peças que se adaptem a diferentes corpos
Ester Manas também apresentou acessórios, como bolsas e brincos, nesta coleção
Oito ou 80: a marca apostou em preto, cinza e cores vivas, como laranja e roxo
Convertendo para a grade de tamanho brasileira, a Ester Manas produz peças do 36 ao 52
O começo
A marca nasceu em 2019, em Bruxelas. “Para mulheres como eu, porque nunca me senti incluída”, contou Ester Manas à Vogue dos Estados Unidos. Na tabela brasileira, a estilista veste algo em torno do 46.
Em parceria com o namorado, Balthazar Delepierre, passou a desenvolver roupas que se adaptam a diferentes corpos. Não à toa, a grife foi semifinalista do prêmio LVMH em 2020, competição organizada pelo conglomerado de luxo de mesmo nome.
O casal de estilistas Balthazar Delepierre e Ester Manas nesta fashion week
O duo criativo nos bastidores da Semana de Moda de Paris em 2021
A frase “vista-se diferente” estampou as peças da primeira coleção da Ester Manas
O futuro
A Ester Manas é um dos nomes confirmados no lineup da primeira Semana de Moda do Metaverso. A iniciativa acontecerá entre os dias 24 e 28 de março e será realizada pela plataforma Decentraland.
Marcas como Paco Rabanne, Tommy Hilfiger, Dolce & Gabbana e Elie Saab também participarão. Apesar de algumas etiquetas optarem por apresentações fechadas, a ideia é que os desfiles sejam assistidos virtual e livremente por qualquer um que esteja interessado.
A preocupação com a diversidade está presente desde a fundação da marca e do primeiro desfile
A Elie Saab, do estilista homônimo libanês, é uma das participantes da Semana de Moda do Metaverso
A norte-americana Tommy Hilfiger também vai marcar presença
A escolha de participar de um evento que está engatinhando – especialmente depois de se fixar na Semana de Moda de Paris, uma das mais importantes – mostra a sintonia da Ester Manas não apenas com os novos tempos, mas também com a democratização da moda. Nesse sentido, a marca quer atingir justamente o público que sempre foi excluído do tradicional circuito fashion.
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Colaborou Carina Benedetti
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