Entenda o method dressing de Blake Lively, Fernanda Torres e Zendaya
Conheça o conceito por trás do estilo que une moda e cinema e que é usado por celebridades para promover os filmes em que atua
atualizado
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No mundo das celebridades, a moda vai muito além dos tapetes vermelhos. No entanto, para diversas atrizes, o estilo também acaba por se tornar uma extensão do próprio personagem que interpretam com o uso do method dressing (método de vestimenta, em tradução livre).
Inspirada no método de atuação que prega a imersão total no personagem, essa abordagem une o universo da atuação e da moda para criar uma conexão visual e emocional entre a estrela, o filme e o público. Porém, se para algumas artistas essa prática funciona como uma ferramenta de promover narrativas, para outras, a escolha pode dividir opiniões.
Vem entender!
O method dressing de Zendaya
Se há uma atriz que domina o method dressing, essa atriz é Zendaya. Conhecida pelas escolhas impecáveis e integradas às histórias dos filmes que faz — graças, claro, ao trabalho do stylist da jovem, Law Roach —, a estrela de Duna, Challengers e Homem-Aranha consegue transformar cada aparição pública em uma extensão dos personagens interpretados.
Nas estreias de Duna, por exemplo, Zendaya apostou em visuais que evocavam o clima árido e futurista do filme, com tons terrosos e texturas que remetiam às dunas do deserto. Ela, inclusive, reviveu um do looks mais icônicos já produzidos no mundo fashion: uma peça do acervo de luxo da Mugler, que remete a uma armadura robótica metalizada.
Já para Challengers, que explora o universo do tênis, a atriz usou peças esportivas chiques e modernas, mantendo-se fiel ao conceito do longa. Durante as primières de Homem Aranha, produções com teias foram as protagonistas no tapete vermelho.
A habilidade em aliar moda e narrativa visual faz com que o method dressing seja, nesses casos, uma ferramenta criativa e envolvente para se promover sem perder o foco do contexto do filme.
Blake Lively
Blake Lively também é mestre em transformar a moda em uma narrativa teatral. No Met Gala, evento beneficente anual que ocorre em Nova York, no Estados Unidos, ela já roubou os holofotes por causa do look escolhido.
Entre os de maior destaque ficam o vestido de Estátua da Liberdade, usado em 2022, e o look Versace ornamentado de 2018, que a cauda era tão grande que ela teve que pegar um ônibus de festa para o local
No entanto, a abordagem da artista ao incorporar o method dressing na divulgação do filme É Assim Que Acaba, que aborda violência doméstica, gerou polêmica. A atriz optou por visuais que remetiam diretamente ao visual da personagem que ela fez, a Lily Bloom, mas muitos pessoas consideraram inadequado utilizar a técnica em um contexto tão delicado como o da história.
Para o público, a escolha de Blake pareceu excessiva demais, o que deu a entender que ela minimizou a seriedade do tema do filme em prol de um visual impactante. Na web, internautas chegaram até mesmo a afirmar que ela estava querendo ter um “momento Barbie” na carreira.
O episódio gerou debates sobre os limites éticos dessa prática e como ela pode ser usada de forma mais sensível em narrativas que abordam temas sociais importantes.
Com toda a polêmica, mais um fato foi revelado sobre essas decisões atualmente. Isso porque Lively entrou com um processo contra o ator com quem contracenou na obra cinematográfica, Justin Baldoni, por assédio sexual e campanhas de ódio contra ela.
Em meio às acusações de difamação, há detalhes sobre como ela teria sido instruída pela equipe a focar mais nos aspectos edificantes do filme do que no abuso doméstico em si, além de adotar o tema floral de Bloom para a promoção do longa. Baldoni, por sua vez, fisgou a chance de falar sobre o tema e ficou com a fama de “ator consciente” do elenco.
Fernanda Torres
Enquanto Blake Lively e Zendaya optam por um method dressing mais direto, Fernanda Torres trilhou um caminho oposto na divulgação de Ainda Estou Aqui, lançado em novembro deste ano. O filme, que conta a história de uma família durante a ditadura militar no Brasil, exigiu da atriz uma abordagem mais comedida e sensível.
Para as aparições públicas em prol do longa, Torres escolheu roupas elegantes, mas discretas, para evitar atrair os holofotes para si. Em entrevista à revista Elle, a atriz ressaltou o motivo desse cuidado:
“É um trabalho mesmo. Você não pode ir vestida com uma coisa que não é. E a gente não pode trair a Eunice. A maneira como me apresento num tapete vermelho tem a ver com o Walter, com a Eunice Paiva, com o filme. Você não pode ir vestida de Cinderela indo mostrar esse filme, entendeu? “
Essa escolha reflete uma interpretação mais ponderada do method dressing, que não precisa necessariamente ser literal para dialogar com o projeto. A postura da brasileira é um lembrete de que, às vezes, menos é mais, especialmente em obras que pedem introspecção e respeito à narrativa.
No fim, o method dressing não é apenas sobre o que se veste, mas sobre como a moda pode contar histórias e respeitar os contextos que envolve. Seja com ousadia ou discrição, o importante é lembrar que a roupa, assim como o personagem, também tem algo a dizer.