Entenda como grifes unem moda e gastronomia como estratégia visual
Algumas das principais marcas do setor têm relações com a gastronomia que vão de campanhas publicitárias a restaurantes próprios
atualizado
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Você já reparou que, atualmente, marcas de moda e beleza têm apostado na gastronomia como elemento visual? Na beleza, há empresas de como a Rhode Skin, de Hailey Bieber, utilizando imagens de café, sorvete, frutas e pimenta para simbolizar os estímulos sensoriais dos cosméticos. Já na moda, grifes como a Jacquemus também fazem isso de maneira recorrente em campanhas, collabs com redes de alimentos e até como fonte de inspiração para estampas e peças.
Vem entender como ocorrem essas conexões entre moda e comida!
Campanhas e redes sociais
A associação das marcas aos alimentos, seja como elementos imagéticos, seja como inspiração de fragrâncias, formatos e texturas, pode estar relacionada à tendência da geração Z em transformar momentos simples do cotidiano em uma espécie de novo luxo, como analisou Simon Beckerman, do marketplace de revenda de moda Depop, à Vogue Business. É como se a comida criasse um contexto sensorial que contribui, com auxílio da semiótica, para a narrativa de desejo que as marcas almejam ao criar campanhas.
Nas propagandas de moda, frutas e drinques aparecem ao lado de bolsas e acessórios, ou nas mãos de modelos que posam com roupas de marcas de luxo. Cenas de cafés da manhã, piqueniques e jantares luxuosos, quando utilizados, ajudam associar esses itens a experiências palpáveis e determinados contextos socioculturais.
Alimentos como inspiração
Ao longo da história, os alimentos foram fontes de inspiração nas criações fashion várias vezes. Um grande exemplo é o vestido com estampa de lagosta da Schiaparelli, dos anos 1930. No presente, há diversos flertes com comida e bebida no universo da Kate Spade New York, por exemplo, com direito a collabs com marcas como Heinz, M&M’s, além das várias vezes em que algum drinque, fruta ou petisco aparece como adereço nas imagens publicitárias.
Há 10 anos, a Moschino usou as cores do McDonald’s como uma das inspirações da coleção outono/inverno 2014, que também teve vestidos simulando embalagens de doces. Mais recentemente, a grife criou bottons em formato de ovos fritos e uma bolsa inspirada nas baguetes francesas. Já a Loewe, nos anos recentes, trouxe elementos como saltos de sapato em formato de ovo, e leite, na camiseta “Drink Your Milk” (beba seu leite, em tradução livre), para uma campanha beneficente.
Cafés e restaurantes próprios
Se a comida é tão importante para a narrativa da moda, por que não oferecê-la, também, aos clientes? É o que fazem marcas como Gucci, Prada, Louis Vuitton, Ralph Lauren, Emporio Armani, Chanel, Tiffany & Co. e Burberry, que têm os próprios cafés ou restaurantes espalhados em cidades estratégicas. Afinal, o consumo de luxo não se restringe só às prateleiras das lojas.
Na Fondazione Prada, em Milão, o Bar Luce traz um toque italiano dos anos 1950 e 1960, projetado por Wes Anderson, cineasta conhecido pela estética refinada, colorida e simétrica. Recentemente, a Louis Vuitton abriu seu primeiro restaurante em Nova York, enquanto a Maison Alaïa abriu um café e livraria no segundo andar de uma loja da grife em Londres.
Exposição temática
Sob a premissa de que tanto a moda quanto a comida são necessidades diárias mas expressam, igualmente, identidades culturais e individuais, o Museum at FIT, em Nova York, recebeu uma exposição com mais de 80 itens de vestuário e acessórios de grifes consagradas, intitulada “Food & Fashion”.
Entre setembro e novembro de 2023, a exibição explorou as relações entre os dois tópicos do século 18 até os dias atuais, e o que dizem esses encontros sobre a sociedade e a cultura atuais, com tópicos que vão da política corporal à sustentabilidade. Na curadoria, havia peças de casas como Chanel, Moschino, Comme des Garçons, Issey Miyake, Rick Owens, entre outras, com as mais variadas referências.
Para 2025, a união entre moda e gastronomia promete seguir. A cor do ano segundo a Pantone, Mocha Mousse (17-1230), remete a comida, para citar um exemplo. Será que veremos mais campanhas e peças que invocam um certo hedonismo alimentício, assim como novos restaurantes de grifes renomadas? Continue acompanhando a coluna para saber!