Em Renaissance, Beyoncé celebra que o house music é negro e fashion
Para o sétimo álbum, o ícone da música se inspira em artistas como Grace Jones e Prince. Queen B usa peças das grifes Schiaparelli e Mugler
atualizado
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Na música Break My Soul, Beyoncé dá o seguinte recado: “Bey is back and I’m sleeping real good at night” (A Bey está de volta e eu estou dormindo muito bem à noite, em tradução livre). A letra não poderia fazer mais sentido. Afinal, com o lançamento do sétimo álbum da cantora, o Renaissance, os fãs podem dormir tranquilos — pelo menos depois de curtirem muito o disco na balada, principal proposta da diva pop. “Um lugar para gritar, soltar e sentir liberdade”, definiu.
Com o trabalho, o ícone da música se cerca de artistas das décadas de 1970 e 1980, como Grace Jones e Prince. Ela também referencia a cultura ballroom negra, latina e LGBTQIAP+ na estética fashion do disco. Vem viajar por meio dos looks da estrela pop em seu renascimento!
Desde o lançamento do seu último álbum solo, o aclamado Lemonade (2016), Beyoncé tem voltado a carreira para afirmar o legado de pessoas negras na indústria musical. Com Renaissance, não seria diferente. Ao longo das 16 faixas, a diva flerta, principalmente, com a disco music e a cultura ballroom.
Historicamente, ambas tiveram as origens a partir de grupos minoritários socialmente. No entanto, ao longo dos anos, elas foram se tornando cada vez mais associadas a artistas brancos. Como uma maneira de celebrar a contribuição desses pioneiros, a exemplo de Donna Summer, Beyoncé entrega um álbum para o público dançar muito.
A cultura queer negra é a base para o movimento ballroom. Jovens LGBTQIA+ encontram a possibilidade de serem quem são, sem medo e julgamentos, nesse espaço. Beyoncé homenageia esse grupo tão presente em sua vida, com destaque para o seu tio Jonny, que era gay e tinha uma forte ligação com a diva.
Outro símbolo marcante que permeia a estética de Renaissance é o Studio 54. A lendária boate nova-iorquina foi o principal ponto de encontro de artistas, modelos e estilistas nos anos 1970. Nomes como Calvin Klein, Yves Saint Laurent e Valentino elegeram a discoteca o espaço para se divertir e libertar o corpo. O ambiente se tornou referência em relação à enorme pluralidade de inspiração fashion.
Queen B prefere uma Telfar bag
As menções ao universo da moda não ficaram apenas na proposta visual do álbum. Na faixa que encerra o disco, Summer Renaissance, Queen B cita, de maneira sarcástica, que prefere as bolsas no estilo sacola de compras da Telfar às caríssimas Birkins, ícones da Hermès.
Na produção, a artista também cita grandes grifes e o quanto é poderosa ao usá-las. Versace, Bottega, Prada, Balenciaga, Louis Vuitton e Dior são apenas algumas das etiquetas mencionadas. “So elegant and raunchy, this haute couture I’m flaunting” (Tão elegante e atrevida, esta alta-costura que estou exibindo, em tradução livre), diz um trecho.
Cavalo fashion
No encarte fotográfico do álbum, Beyoncé não poupou esforços para ter as peças que traduziriam visualmente a proposta de Renaissance. Na capa, sentada em um cavalo de vidro, a cantora usa uma corrente de prata cravejada da designer Nusi Quero.
De olho na alta-costura, Queen B apostou em top de couro preto com decote cônico dourado, da Schiaparelli, para compor o look permeado por meias pretas transparentes e brincos de ouro. Alaïa, Gucci, Mugler e Dolce & Gabbana são outras grifes que vestiram Beyoncé para as fotos do álbum.
Ao terminar de ouvir o álbum Renaissance, é possível compreender os motivos que fazem de Beyoncé uma artista tão relevante. Com uma carreira sólida e cheia de sucessos, a estrela não mede esforços para deixar evidente que a excelência é a sua essência. Queen B mostra que dançar com estilo e liberdade deve ser uma possibilidade para todos.
Colaborou Luiz Maza