Em Milão, Fila se equipara às grifes de luxo com coleção de sportswear
Com Dolce & Gabbana, Gucci e Armani escaladas para os últimos dias da semana de moda italiana, etiqueta esportiva surpreendeu
atualizado
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A participação da cantora Jennifer Lopez no desfile da Versace, sem dúvidas, foi o grande momento da Semana de Moda de Milão, que chegou ao fim nesta segunda-feira (23/09/2019). Porém, antes de voltarmos nossos olhos aos aguardados shows de Paris, quatro coleções apresentadas após a exibição de Donatella merecem nossa atenção.
Vem comigo saber os destaques dos últimos dias do Milano Fashion Week!
Fila
As grifes Dolce & Gabbana, Gucci e Armani estavam escaladas para os últimos dias da Semana de Moda de Milão, mas foi uma marca esportiva que roubou a cena nas horas finais do evento.
Desde que se propôs a investir pesado no sportswear de luxo, por meio de sua colaboração com a Fendi, lançada em 2018, a Fila não tem decepcionado. Mas foi além. O que vimos em sua nova coleção foi um presente para os amantes do street style. Os diretores de criação Antonino Ingrasciotta e Joseph Graesel, que ingressaram na label em 2018, realmente estão levando o trabalho a sério.
Com shapes modernos, peças casuais e ajustes impecáveis, a dupla deu um toque mais elegante às criações da empresa italiana. A coleção, inspirada nos esportes aquáticos, inclui saias plissadas, blazers e até mesmo vestidos longos.
Por ser uma etiqueta esportiva, era esperado que houvessem tecidos tecnológicos e malhas por todas as partes. Desta vez, entretanto, os estilistas investiram, também, em texturas. Além do clássico neoprene, pudemos conferir materiais metalizados, ondulados e gelatinosos, enquanto, nas silhuetas, as formas se distanciaram do corpo, com mangas amplas, parcas e corta-ventos. Entre os acessórios, as malas de mão e os ski goggles se destacaram.
Dolce & Gabbana
Para sua primavera/verão 2020, a grife de Domenico Dolce e Stefano Gabbana buscou referências nos safáris. Para contextualizar tal temática, a casa italiana transformou o Metropol, antigo cinema que hoje é a sede principal da marca, em uma selva chique, com vegetação exuberante e uma passarela em animal print.
A enorme apresentação, composta por 120 looks, foi aberta por uma sequência de conjuntos utilitários na cor caqui, que aos poucos abriram espaço para as estampas trabalhadas pela label em sua nova coleção.
Além dos padrões animais inspirados em leopardos, onças, zebras e girafas, uma variedade de prints tropicais surgiram no decorrer do show, incluindo folhas de palmeira, flores, abacaxis, cocos e até instrumentos da África Ocidental.
As texturas foram várias, mas as peças artesanais, feitas em trançado de palha e macramê, se destacaram por fugirem dos típicos decorativismos da grife. Contudo, se os estilistas resolveram dar um descanso para as pedrarias e bordados em suas roupas, nos acessórios a Dolce & Gabbana continua extravagante.
As chunky chains e minibags, hits do street style no verão europeu, apareceram junto a grandes argolas cheias de detalhes preciosos. Por falar em tradições, a figura da viúva, amplamente usada pela empresa desde seus primórdios, foi usada para intercalar os blocos no decorrer do desfile.
Gucci
Diferente do que sempre ocorre na Semana de Moda de Milão, onde a Gucci costuma abrir a programação de desfiles, o diretor criativo Alessandro Michele optou por fechar esta edição. Não à toa, a escolha traduz a essência da nova coleção da grife: um desfecho do estilo adotado pelo designer desde que estreou à frente da casa, em 2015.
Em entrevista concedida ao WWD antes da apresentação, Michele explicou o porquê de abandonar o formato trabalhado nos últimos anos.
“Não estou entediado com o meu trabalho ou com aquilo que me inspira, mas com a ideia de que estou fazendo mais do mesmo. Não sou obrigado a seguir sempre a mesma estética. Sinto que tenho que seguir em outras direções e estou muito animado para fazer isto”, afirmou ao site.
No entanto, a busca por um novo caminho não tem relação apenas com o gosto do estilista. Recentemente, o grupo Kering, que detém a label, relatou um crescimento mais lento do que o esperado para o segundo trimestre de 2019. Então, na visão dos executivos, um novo visual pode ser a chance de recuperar os lucros.
Nos primeiros 21 looks do show, pudemos ver criações em off-white que se assemelham a camisas de força. Segundo o estilista, tal momento serviu para “limpar o paladar” antes da nova Gucci adentrar a passarela, mas há quem diga que a ação simboliza o aprisionamento criativo no designer, obrigado a ceder aos desejos comerciais da marca.
Após o conceito inicial, a tela em branco criada por Michele deu lugar à escuridão e, das trevas, surgiram peças mais refinadas e polidas do que de costume. Com inspirações noventistas, a coleção Orgasmique trouxe transparências, fendas altas, decotes reveladores e referências fetichistas.
Sem linearidade definida, o designer brincou com transparências plissadas, color blockings e junções de texturas, sem abrir mão do monograma da empresa, presente em várias peças. Nos acessórios, os óculos vintage ganharam maxicorrentes pretas que finalizaram o stylist.
Giorgio Armani
A coleção de primavera/verão 2020 da Giorgio Armani foi concebida em meio às manipulações de tecido que nortearam o trabalho. Baseado em cores pasteis e tons sóbrios, o compilado se destacou por seus drapeados, camadas e bordados.
Em um contraponto de alfaiataria com sportswear, o estilista abriu seu show com blazers sem gola e seguiu intercalando a opulência de seus babados estruturados com produções mais minimalistas.
Mirando em uma reinterpretação moderna dos clássicos da marca, Armani ofereceu opções atemporais, utilitárias e vanguardistas, sempre finalizadas com acessórios grandiosos e acabamento impecável. “É moderno, mas não muito extravagante. Há, também, uma certa coragem”, disse Giorgio à sua colega Suzy Menkes.
Colaborou Danillo Costa