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Em 2020, relembre as cinco principais tendências da última década

Millenial pink, resgate aos anos 1990, athleisure, casualização e quebra de padrões estão entre os destaques a partir de 2010

atualizado

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Versace – Runway – Milan Fashion Week Spring/Summer 2018
1 de 1 Versace – Runway – Milan Fashion Week Spring/Summer 2018 - Foto: Venturelli/WireImage/via Getty Images

Nos últimos 10 anos, o mundo da moda passou por grandes transformações. Vivenciamos uma década de inclusão, de uma nova consciência sustentável, além do surgimento das mídias sociais, como o Instagram. De repente, celebridades davam dicas de moda e falavam diretamente com o público consumidor. Assistimos o surgimento do fenômeno Kardashian-West, o declínio da Victoria’s Secret e usufruímos dos avanços tecnológicos para ganharmos mais voz. Tudo isso inspirou um novo pensamento fashion regado de collabs e novas formas de design. Em um período em que a busca por diversidade e pela responsabilidade social foram maiores do que a necessidade de comprar, o cliente investiu em peças cada vez mais exclusivas, que prezam pelo conforto e ultrapassam o conceito de gênero.

Vem comigo conferir as principais tendências da última década!

1- Millenial Pink

O Millennial Pink é a principal tendência da última década. Muito mais um statement do que uma cor em si, o tom transcende o conceito de que o rosa é só para garotas. Nesse contexto, incorpora muitas das questões de identidade de gênero e se torna a cor da atualidade conversando diretamente com a fluidez que a sociedade buscava.

Apostar no pigmento virou moda. Afinal, investir na tendência significava estar aberto ao novo e ciente das mudanças culturais e relevantes. A cor era revolucionária: mais andrógena do que o rosa anterior, foi abraçada tanto por estilistas como por fotógrafos e designers de interiores. Não era um tom de rosa especifico. Carregando tons de bege e cinza, combinava com o verde da natureza, era nostálgica e, para completar, funcionava muito bem nos filtros do Instagram.

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Rihanna no Grammy Awards em 2015
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Harry Styles provando que a cor é unissex, em 2017
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Gucci Cruise 2017
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Outono/inverno 2019 da grife Carolina Herrera
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Chanel Metiers D’Art 2019

Na história da moda, as cores sempre tiveram um lugar importante. Retratam todo o espírito de uma época: questões de classe, a política, hábitos de consumo além de formas de autoexpressão. Pensando nisso, pode-se dizer que o sucesso do millennial pink não foi por acaso. Ele surgiu da demanda do público, das ruas e, principalmente, do poder de comunicação de uma tonalidade.

O rosa do milênio nasceu em 2015 como uma metamorfose do Rose Quartz – nomeado pela Pantone como a cor do ano, mas um girly demais para a identidade andrógena, latente entre os millennials.  O nome surgiu em 2016, com um artigo do The Cut declarando aquele rosa que variava entre pêssego e o salmão como a cor do milênio.

2- Nostalgia 1990

Quando o assunto é a moda na última década, o retorno do estilo noventista se destaca. Gargantilhas, fofoletes (scrunchies), óculos pequenos, vestidos no estilo lingerie, o grunge, a logomania e dad sneakers, além das polêmicas pochetes, estão entre as principais trends que marcam a nova geração. Personalidades da gen Z — Kendal Jenner, Hailey Baldwin, Caroline Daur e as irmãs Hadid — ditaram hits das temporadas: peças vintage e outros clássicos dos anos 1990, como calças baggy, mom jeans e conjuntinhos de moletom.

A nostalgia fashion não é novidade. A cada 20, 30 anos, o velho se renova. Talvez porque os estilistas da atualidade tenham crescido há duas ou três décadas e, provavelmente, se inspiram na própria infância – seja no closet dos pais ou em personalidades que se destacaram na época. No entanto, considerando que os últimos 10 anos foram de transformação, a influência da geração X sobre a atualidade demonstra ainda mais relevância. Os anos 1990 inspiraram não apenas os millennials como também a geração Z e conversa diretamente com algumas conquistas fashion como a diversidade, a sustentabilidade e inclusive a febre do sportwear.

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A pochete foi reinventada

 

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Os dad sneakers também marcaram a década

 

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Caroline Daur, de calça baggy

 

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Kendall Jenner de mom jeans

 

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Gigi Hadid com conjuntinho de moletom

 

Além disso, grifes como Prada, Calvin Klein e Burberry apostaram em bucket hats. Donatella surpreendeu a todos quando convocou top models como Naomi Campbell, Cindy Crawford e Carla Bruni para a passarela da VersaceOutras grifes, como a Supreme e a Champion, ressurgiram e caíram no gosto dos novos compradores.

De todas os resgates noventistas, no entanto, nenhum teve tanto sucesso quanto a logomania. Clássicas estampas da Fendi, Louis Vuitton, Gucci, Versace e Burberry estampavam bolsas, vestidos, calças, camisetas e outros acessórios como pochetes, tênis e meias.

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Bucket hat da Prada

 

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Top models que marcaram os anos 1990 voltaram à passarela da Versace de primavera/verão 2018: Carla Bruni, Claudia Schiffer, Naomi Campbell, Cindy Crawford e Helena Christensen

 

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Itens da Supreme caíram no gosto dos fashionistas

 

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Kaia Gerber com logomania da Supreme

 

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Logomania da Fendi recriada de forma moderna

É possível deduzir que o apego aos anos 1990 tenha a ver com o fato de que as mudanças dos últimos 30 anos foram tão grandes que permanecemos presos aquela época em que tudo era menor e até mesmo mais simples. Estamos na transição: entre o antes, quando não existia tecnologia, e o agora – mergulhados nos avanços digitais.

3- Normcore

Vestir-se bem, sentir-se bem e, ainda assim, passar despercebido é a ideia da subcultura fashion denominada normcore. O estilo foi inspirado tanto por Jerry Seinfeld, personagem de grande sucesso nos anos 1990, que se vestia diariamente com calça jeans, camiseta e tênis no estilo dad sneakers, quanto no uniforme do criador da Apple Steve Jobs e sua camisa gola rolê by Issey Miyake, calça da Levi’s e clássico tênis cinza da New Balance.

Como conceito, foi definido pelo mood despretensioso que busca uma aparência o mais perto possível do considerado “normal”. Surgiu como uma contracultura, por volta de 2014.

O termo foi desenvolvido pela K-Hole, agência de trend forecasting, em 2013. Com sede em Nova York, a empresa criada por Greg Fong, Sean Monahan, Emily Segal, Chris Sherron e Dena Yago, lançou o artigo Youth Mode: A Report on Freedom.

A pesquisa descreve o normcore como uma atitude fashion que surge em reação aos excessos da indústria e o lançamento desenfreado de novas tendências. O intuito é reforçar que há estilo nos looks comuns do dia a dia.

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Steve Jobs inspirou o conceito

 

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Jerry Seinfeld também foi uma das referências

 

O normore inclui vestir peças como calças jeans, camiseta branca, moletom e tênis. A paleta de cores inclui cinza, bege, preto e branco. Foi incorporado por aquelas pessoas que não querem se distinguir das outras com base na forma de se vestir.

A casualização está na autenticidade em fugir das imposições que surgem nas passarelas ou em plataformas de autopromoção, como o Instagram. Ser normcore significa rejeitar tendências se vestindo de forma completamente mundana.

É sobre a escolha de não ser alternativo e tão pouco procurar diferenças para afirmar a individualidade. A ideia por trás do normcore consiste em ser livre o suficiente para não precisar ser diferente.

Mas não se engane. Nada disso significa que os normcore se vistam mal.  O style é simples em aparência, mas não menos chique ou elegante. A diferença? Os adeptos se vestem conscientemente, com um toque de ironia, apostando em roupas de qualidade, mas ao mesmo tempo funcionais e comuns.

O estilo é unissex e inclui desde marcas populares, como Gap e American Apparel, até grifes de luxo minimalistas. Por exemplo, a Celine.

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Gisele Bündchen é conhecida por ter um estilo despreocupado

 

Divulgação/Gap
Look by Gap

 

Divulgação/American Apparel
Peças da American Apparel

 

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Primavera/verão 2020 da Celine

 

4- Pós-modernismo

O pós-modernismo é a era que reagiu aos excessos. A sobreposição, a individualidade e a desconstrução ganharam força. Enquanto a modernidade pode ser definida em termos de produção, o pós fala do consumo e da capacidade de adaptação. A desestrutura também gerou uma afinidade com a moda unissex. 

O estilo pode ser interpretado como resultado do fast fashion e o que seria feito com as sobras da indústria têxtil. Com o excesso de produção de roupas, mentes criativas reinventaram as formas apostando na descontração, reconstrução e até mesmo no maximalismo. A moda ganhou um olhar ainda mais artístico e do pós-modernismo surgiram duas expressões:  bricolagem e pastiche.

Em um mundo de exagero, a ideia da bricolagem é usar o que se tem para formar algo novo, ou customizar. Não existe um molde ou uma definição única para a mesma coisa. Também conhecido como Do It Yoursef (Faça Você Mesmo, em tradução livre), o conceito mexe com a criatividade de cada um.

Pastiche, por outro lado, fala da adaptabilidade. Significa nada mais do que fazer referência à algo já existente: Yves Saint Laurent com uma coleção com estampas do artista Modrian, ou a Dolce & Gabbana quando lançou peças com imagens de quadros renascentistas. Recentemente, a Off-White se inspirou em Leonardo da Vinci, em uma collab com o Louvre.

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A customização é uma das características da pós-modernidade

 

Divulgação/Musée Yves Saint Laurent
Coleção da Saint Laurent inspirada em Mondrian

 

Reprodução/Instagram/@dolcegabbana
Reprodução de uma pintura renascentista em peça da Dolce & Gabbana

 

Thibaut Grevet/Divulgação/Off-White x Louvre
A Off-White fez uma parceria com o Louvre e usou referências de Leonardo da Vinci

A postmodernity também desafia estruturas previamente estabelecidas. Comme des Garçons, Alexander McQueen, Yohji Yamamoto, e Vivienne Westwood estão entre os nomes que representam a estética.

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Comme des Garcons no Paris Fashion Week, com a temporada de outono/inverno 2019/20

 

Reprodução/The Face
Alexander McQueen, na capa da The Face em 1998. O estilista era disruptivo

 

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Vivienne Westwood é uma das estilistas que quebram padrões até hoje

 

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Yohji Yamamoto, no Paris Fashion Week, apostou em looks e maquiagens sóbrias para os outfits de outono/inverno 2019/2020

 

5- Athleisure

A categoria em si não é novidade. Os esportes influenciam a forma de nos vestirmos há décadas e é provável que o athleisure seja a principal tendência do século. Atualmente, a indústria de peças de grife com pegada sportswear chega a valer U$ 44 bilhões, nos Estados Unidos, de acordo com o NPD Group.

Até meados da ultima década, houve um declínio generalizado quanto às formalidades dentro do universo fashion. Desde que os tênis, casacos de moletom e calças legging dominaram o estilo das ruas, das passarelas e também o closet das celebridades, a pegada esportiva vem redefinindo a moda e revolucionando o mercado de luxo.

Em menos de 10 anos, o athleisure ganhou vida própria, estendeu-se a todos os gêneros e, hoje, praticamente não existe distinção entre roupas de academia e o estilo do dia a dia. Existem preços variados.

Vendidos a preços inacessíveis e em quantidades limitadas, alguns produtos corriqueiros se revelaram os novos “itens desejo”. Vimos surgir os hypebeast (cultura da ostentação) e assistimos a moda abrir espaço para a tendência mais confortável de todos os tempos. Mas, por quê?

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As peças esportivas influenciam a moda desde o século 19, mas foi na última década que o athleisure revolucionou a moda

 

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O conforto é prioridade!

 

A influência do esporte na moda norte-americana existe desde o final do século 19. Ainda em 1892, a U.S. Rubber Company, fábrica de borracha nos Estados Unidos, começou a produzir tênis com sola de borracha. O público-alvo eram os atletas. Paralelamente, universidades investiam cada vez mais nos esportes e nos atletas. Consequentemente, alguns alunos assistiam às aulas vestindo trajes esportivos.

Outro fato curioso tem a ver com a história dos shorts masculinos. Inicialmente considerado uma vestimenta relacionada exclusivamente ao esporte, em 1930 um grupo de alunos da universidade Dartmouth College organizou um protesto pelos shorts e instigou outros homens na luta pelo prazer de deixar as pernas livres.

Suéteres também surgiram da vestimenta universitária e atlética do final do século 19. Para as mulheres, não foi diferente. Espartilhos e outros acessórios dificultaram a história fashion feminina. Com o surgimento da bicicleta, nos anos 1890,  houve a necessidade de um item substituto das saias. A principio fizeram réplicas dos uniformes norte-americanos de hóquei feminino: saias mais curtas e blusas abotoadas.

Vale destacar: a camisa polo surgiu como uniforme dos jogadores de tênis. Lacoste era profissional do esporte e lançou camisas de manga curta que pudessem desabotoar no pescoço. Foi uma necessidade identificada por ele e acabou lançando moda. Era apelidado de crocodilo nas quadras e por isso o jacaré é o símbolo da marca. Mais tarde, Ralph Lauren reformulou a ideia e fez o logotipo do jogador de polo para a marca homônima.

Divulgação/Lacoste
As polos da Lacoste viraram tradição. Ao longo dos anos, foram reinventadas, sem perder a essência esportiva

 

Divulgação/Ralph Lauren
A polo da Ralph Lauren é outro clássico

 

O surgimento do Instagram, em 2010, está diretamente relacionado a este fenômeno. Desde que estilistas, personalidades da música e do esporte puderam mostrar o dia a dia deles nas redes sociais, passaram a inspirar diretamente os consumidores. Atletas do basquete como LeBron James e Carmelo Anthony, por exemplo, exibiam modelos de tênis exclusivos e casacos de grife em seus perfis elevando cada vez mais o status destes itens.

Paralelamente, calças leggings viraram um fenômeno que abriu espaço para algo ainda mais inusitado: a bermuda de ciclista. Usadas com blazers oversized e sutiãs à mostra, tornou-se item indispensável para influencers como Kim Kardashian, Hailey Bieber, Emily Ratajkowski e Bella Hadid. Mas foi princesa Diana a precursora do estilo, ainda nos anos 1990.

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As leggins podem compor looks variados

 

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Ashley Graham é adepta à legging

 

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Os biker shorts ganharam espaço até em catwalks de grifes de luxo, como a Chanel

 

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Kim Kardashian com hoodie e biker shorts

 

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Biker shorts voltaram com tudo

 

Não demorou para que grandes grifes percebecem a busca do público por produções confortáveis, mas não menos exclusivas e luxuosas. Aproveitando a onda, estilistas como Virgil Abloh, na Louis Vuitton, e Demna Gvasalia, da Balenciaga, investiram pesado na ideia. Enquanto calças legging e bermudas eram destaque nas passarelas de grifes renomadas, os dois estilistas elevaram peças de moletom e tênis esportivos a um novo status.

Novas marcas e parcerias se lançaram em cima deste novo conceito, incluindo Ivy Park, de Beyoncé; Off-White by Abloh; Vetements, de Gvasalia; e Puma x Fenty, por Rihanna. Outros designers investiram em parcerias de luxo esportivo como Prada x Adidas e Dior x Nike.

Kanye West e Kim Kardashian, por exemplo, estão entres os maiores responsáveis pela explosão da tendência na última década. Mergulharam de cabeça na moda lounge wear. O casal carregou a tendência em uma pegada minimalista. O styling fez tanto sucesso que resultou no lançamento da linha Skims por Kim. Já Kanye investiu na Yeezy.

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Primeiro modelo de chunky, lançado pela Balenciaga

 

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Puma x Fenty foi uma das collabs que marcaram a década

 

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Lançada em 2012, a Off-White virou febre

 

Randy Brooke/Getty Images for Kanye West Yeezy
A Yeezy, parceria de Kanye West com a Adidas tem  pegada gender neutral, com cores sóbrias e casacos unissex

 

Reprodução/Instagram/@skims
Na pegada, a linha Skims foi lançada por Kim Kardashian

 

Enquanto a logomania, o athleisure e a casualidade lideraram a década em termos de estilo, a própria indústria da moda sofreu profundas mudanças culturais nos últimos 10 anos. A inclusão, a diversidade e a sustentabilidade estão aí para provar e só tendem a crescer.

Além disso, o desejo pela novidade abriu inúmeras portas que incluem a pavimentação do caminho para a moda não-binária, que promete ser a maior tendência da próxima década. Vamos acompanhar!

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