“É um estereótipo irreal”: stylist critica tamanho das amostras de roupas
Durante cliques para a Celine, a Francesa Burns aproveitou o momento onde a calça não fechou na modelo para fazer um desabafo no Instagram
atualizado
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Os padrões de beleza são impostos há décadas. Um dos exemplos para quem segue a carreira nas passarelas foi o estouro das super models nos anos 1990. A estética de corpos inalcançáveis reflete até os dias atuais. As amostras de roupas que as marcas cedem para produções das campanhas e de editoriais são casos concretos dessa prática. Incomodada com os tamanhos pequenos enviados pelas labels, a stylist Francesa Burns fez uma publicação fazendo um apelo.
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Em sua conta no Instagram, a inglesa compartilhou uma foto de uma modelo vestindo um par de calças que não fechava. “Podemos aumentar nossos tamanhos de amostra, por favor?”, questionou a profissional. No último fim de semana, a publicação recebeu inúmeros comentários apoiando a causa.
Em seu currículo, a stylist carrega grandes nomes. Entre as experiências acumuladas, estão publicações para a Vogue britânica e as revistas i-D e Love. Durante um trabalho para a Celine, a profissional se viu em uma situação desagradável, pois estava tentando fechar uma calça com modelagem menor que o corpo da modelo. Segundo ela, a peça de roupa era minúscula.
Batizada como “sample size“, a numeração padrão é a que costuma ser trabalhada pelas etiquetas de luxo. Os tamanhos são calculados pela média que as agências de modelos entregam , que costumam ter altura, peso e medidas corporais similares.
Francesca criticou o padrão, pois reforça a ideia de um corpo ideal. Em seguida, comentou que as modelos geralmente são submetidas a situações desconfortáveis. E que a sociedade pode enxergar o corpo das profissionais das passarelas como um objetivo a ser alcançado.
“Olá! Aqui vai uma reflexão para uma manhã de sábado… podemos aumentar nossos tamanhos de amostra, por favor? Eu nunca quero que ninguém no meu set se sinta inferior. Na maioria das vezes, eu estou trabalhando com mulheres que – ainda que sejam excepcionalmente bonitas – são seres humanos vivendo, respirando, sentindo, e nunca deveriam ter que sentir que são ‘grandes demais’ para as roupas”, desabafou.
Na foto publicada por Francesca, a profissional questiona a marca para que está trabalhando e a indústria da moda. “A modelo nesta foto é minúscula. Tamanho 38 no máximo. E mesmo assim, essas calças Celine, de Hedi Slimane, não couberam nela. Eu recebi muitos looks dessa coleção e nenhum serviu nela. Ela não é a exceção, você (Slimane) é”, complementou.
Abaixo-assinado
A postagem da profissional deu abertura para retomar o questionamento de forma pública. Na última década, o cenário de modelos passou a ser mais inclusivo, ainda que não tenha chegado ao ideal. Corpos próximos ao real passaram a ganhar maior ênfase e o próprio público tem cobrado diversidade nas grandes marcas.
“Há uma razão prática pela qual a maioria dos modelos tem o mesmo tamanho, e isso é chamado de coleta de amostra”, disse Tom Ford ao WWD, em 2018. “Você faz uma coleta de amostra [de acordo com] uma seleção padronizada de medidas para os modelos… há praticidade, há uma razão pela qual os modelos são de tamanho padrão”, concluiu.
Ver essa foto no Instagram
Entretanto, ainda é comum que, para fazer parte de uma agência de modelo e se adequar aos padrões, mulheres de 1,80 m devam pesar no máximo 60 kg, de acordo com o perfil anônimo @shitmodelmgmt. A conta fareja e denuncia gafes obscuras e obsoletas da indústria fashion.
A conta no Instagram está usando a rede social para cobrar a indústria fashion. Em uma pesquisa com 4 mil modelos, 65% afirmaram ter desenvolvido transtornos alimentares para atender às expectativas do tamanho da amostra. Em resposta, o Shit Model Management criou uma petição para aumentar a média. Até o momento, mais de 15 mil pessoas assinaram o documento on-line.
Colaborou Sabrina Pessoa