Dupe ou plágio? Entenda o fenômeno que tem ocorrido na moda
A tendência de imitações de produtos de luxo conquistou a internet, e a coluna explica o movimento
atualizado
Compartilhar notícia
Dupes são alternativas baratas que se assemelham a produtos caros. No TikTok, a procura por esses itens se intensificou nos últimos meses. Vídeos com a hashtag #dupe já somam mais de 233 mil conteúdos na plataforma — o que evidencia a popularidade da tendência. No entanto, o movimento, que pode parecer uma ajuda a quem não tem acesso a marcas de luxo, acende também alerta sobre sustentabilidade, qualidade e plágio.
Vem saber mais!
Entenda o que é dupe e os impactos
O mundo da criação de conteúdo na internet ganhou um novo nicho há alguns anos. Nas redes sociais, vídeos de influenciadores recomendando produtos baratos, que prometem os mesmos resultados de equivalentes de marcas de luxo, viraram febre. Dessa forma, a possibilidade se inserir na trend do momento com mais facilidade conquistou um público fiel.
A tendência, conhecida como dupe, segue firme e forte no segmento fashion. Atualmente, até mesmo marcas famosas brasileiras de varejo têm lançado bolsas e sapatos inspirados em produtos de luxo virais. Itens da Miu Miu, como o modelo de salto scarpin e a bota de montaria, por exemplo, foram copiados pela Arezzo, assim como a bolsa Sardine, da Bottega Veneta.
No entanto, a maioria dos “dupes” vêm de redes de fast fashion internacionais, como Shein, e marketplaces, como Aliexpress e Amazon. Infelizmente, a qualidade desses itens é questionável. Isso se deve, claro, ao valor mais baixo de venda e à produção, feita predominantemente com materiais sintéticos e poluentes, o que faz com que a durabilidade também seja limitada.
O consumo da geração Z
De acordo com o Bank of America, “a renda mundial total da geração Z é de US$ 7 trilhões, valor inferior ao das gerações anteriores”. E, segundo outra pesquisa da holding bancária, de 2022, 40% dos jovens decidiram gastar menos com roupas devido ao aumentos dos valores.
Com esse poder de compra limitado, aqueles que nasceram entre 1995 e 2010 têm optado por adquirir dupes. A afirmação desse consumo também vem de um estudo feito pela The Retail Institute, que relata que 66% das gerações Y e Z preferirem artigos que possuam um propósito, mesmo que não sejam de marcas de luxo ou designs exclusivos.
O outro lado dos dupes
Embora os dupes ofereçam uma alternativa acessível para estar dentro das tendências, eles também alimentam um ciclo de compra desenfreado e uma percepção distorcida de qualidade. É importante perceber que parte da sociedade não aceita mais a cultura de exclusividade da moda de luxo, mas, ao mesmo tempo, ela também promove uma comercialização de plágio e descarte fácil no mundo fashion enquanto afirmam prezar pelo consumo consciente, como citado acima.
Adquirir dupes é uma forma de democratizar a moda, mas se torna uma pauta vazia quando esse desejo é mais sobre a imagem e a percepção que o produto pode proporcionar do que sobre o prazer pessoal de possuir um item de luxo. É como comprar e usar o salto da Miu Miu, mas sem carregar o peso que a história das criações de Miuccia Prada, fundadora e diretora da grife, possuem.
Embora a tendência dos dupes facilite o acesso a certos produtos que imitam os de luxo, ela também levanta outras questões importantes a serem consideradas. Enquanto os jovens buscam alternativas que caibam no próprio orçamento, é crucial considerar o impacto ambiental e social dessas escolhas.