Dono da Bo.Bô, grupo demite funcionários durante recuperação extrajudicial
O conglomerado Restoque solicitou ajustes financeiros, enxugou o quadro de funcionários e reduziu a jornada de trabalho dos colaboradores
atualizado
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Preocupado com o futuro incerto da economia durante a crise do coronavírus, o Restoque recorreu a acordos financeiros no início junho. No mesmo mês, os advogados do conglomerado de moda afirmaram que, após pedido de recuperação extrajudicial, o grupo operaria rapidamente um modelo de negócios saudável no longo prazo. Na tentativa de sobreviver aos impactos econômicos, a empresa demitiu 26% do total de funcionários no dia 29/6.
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Em 2019, o grupo brasileiro foi listado entre as 100 maiores organizações ligadas ao mercado de luxo em todo o mundo, segundo o relatório anual Global Powers of Luxury Goods. Dono de marcas como Le Lis Blanc, Dudalina, John John, Bo.Bô e Rosa Chá, o Restoque atua em um dos setores de moda mais afetados pela crise econômica do varejo.
A empresa Restoque Comércio e Confecções de Roupas anunciou as demissões de funcionários em uma teleconferência. De acordo com o jornal Valor Econômico, o corte na equipe corresponde a 1,2 mil colaboradores.
Referente ao primeiro trimestre de 2020, o material aponta a adoção de medidas de preservação de caixa e otimização de estruturas em função da pandemia; acordos feitos para o reperfilamento da dívida; provisões e perdas – entre elas, a redução do quadro de funcionários, que atualmente conta com 3,5 mil empregados.
Segundo o material, além das demissões, foi implementada redução de jornada e remuneração de 25% a 40%, bem como suspensão de novos contratos, fábricas e centros de distribuição por dois meses.
“Começamos bem o ano, e antes da pandemia, de 1º de janeiro a 11 de março, as vendas subiam 7%; o fluxo de loja, 19%; e o volume, 8%. Mas de 11 a 21 de março, ficamos com todas as lojas fechadas e tivemos de tomar medidas difíceis”, assinalou Livinston Bauermeister, CEO do Restoque, durante a teleconferência transmitida no dia 29 do mês passado.
Impacto da pandemia
Sete marcas formam o portfólio do grupo: Le Lis Blanc, Dudalina, John John, Bo.Bô, Rosa Chá, Individual e Base. Ao todo, a Restoque detém 255 lojas físicas e tem a comercialização dos seus produtos em 31 outlets. A empresa está em recuperação extrajudicial desde o início de junho.
O grupo apostou no plano para renegociar o montante de R$ 1,43 bilhão, com vencimento daqui a cinco anos. A proposta também almeja aumento de R$ 150 milhões em seu capital. No início, a negociação teve adesão de 70% dos credores, com homologação marcada para 30 de junho.
Por conta da flexibilização do distanciamento social, atualmente o grupo está com 195 lojas reabertas e a demanda de vendas tem acelerado em ritmo superior ao previsto. O período em que os espaços físicos permaneceram fechados não foi compensado pelo desempenho on-line, mesmo após o varejo e as operações superarem as expectativas. A empresa ainda prevê queda de 37% de receita anual do Restoque em 2020.
Colaborou Sabrina Pessoa