Falta de diversidade em cargos de liderança na moda gera debate
Por que mulheres e diretores criativos não brancos continuam a ser negligenciados em um setor que se orgulha de ter criatividade e inovação?
atualizado
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A recente nomeação de Seán McGirr como o novo diretor criativo da Alexander McQueen desencadeou uma discussão sobre a falta de diversidade nos cargos de liderança dentro do conglomerado de moda de luxo Kering. Ser um homem branco parece ser um requisito para ocupar essas posições de poder criativo — mesmo que o público consumidor seja, na maioria, do gênero feminino.
Vem entender melhor!
A revolta pela falta de diversidade na web
Grandes casas de moda internacionais, como a McQueen, ganham novos nomes para desempenhar o papel crucial de comandar a direção artística de cada uma delas. Porém, a maior parte delas têm um fator em comum: são de homens brancos. Com isso, apesar das significativas transições na matriz das marcas que dão vida às passarelas, é possível ver que algumas coisas nunca mudam.
Na internet, o assunto foi levantado como debate: por que tantos diretores criativos dessas etiquetas são homens brancos? E o quanto há de sexismo na moda? Das 30 principais marcas de luxo no Index do Vogue Negócios, apenas oito das 33 posições de direção criativa são ocupadas por mulheres, e existem somente dois homens não brancos em tais cargos.
Essa falta de representação, claro, não se deve à falta de talento, mas sim ao que parece ser um ciclo vicioso de falta de diversidade nas nomeações. Embora essas discussões na indústria estejam em alta, a real mudança desse padrão tem demorado a ser alcançada nos níveis mais altos de liderança.
Isso porque o grupo francês Kering começou a promover a igualdade de gênero dentro dos próprios trabalhos em 2010 com um programa interno, mas aplicado apenas nos níveis mais baixos e intermediários da indústria, sendo possível observar um padrão de cumprimento superficial das metas sem um compromisso concreto com a ampliação da representatividade em cargos de direção.
E existe solução?
Apesar do assunto ter uma forte relevância, que é muito bem acompanhada por uma manada de críticas a essas escolhas, a mudança na matriz do problema ainda parecer ser um objetivo longe de ser alcançado, pois, diferente do que muitos pensam, a indústria de luxo no universo fashion vai muito além do cancelamento na web — porque não é das grandes massas que vem o consumo.
Para as grifes, se mulheres e pessoas não-brancas assumirem essa posição de poder, é possível que haja uma perda de controle por parte dos homens brancos, que, ironicamente, são os que decidem, na maioria das vezes, como uma mulher deve se vestir de acordo com as próprias criações.
Mas, claro, nenhum desses homens nomeados como novos diretores criativos são, de alguma forma, pouco talentosos. Eles apenas ocupam espaços que poderiam ser cedidos a uma nova perspectiva de tendências, experimentações e diversidade.
Porém, mesmo que haja uma esperança com a possibilidade de mobilização que pressionará as marcas a levarem isso em consideração e mudarem a moda como um todo, as coisas mudarão, apenas, quando os grandes empresários, que de fato tem poder, quiserem.
Enquanto a falta de diversidade em grandes grifes de luxo é motivo de revolta na web, o apoio a esses criadores diversos que tanto são requisitados pelo público a estarem no poder, poderiam também receber o reconhecimento pelas próprias criações, para além do mercado de luxo padrão, pois é, ainda, uma forma de ao menos tentar dar visibilidade ao que tanto se fala e se debate.