Dionne Warwick: autenticidade define o estilo da lendária cantora
O legado da artista estadunidense vai além da música e da fama de “rainha do Twitter”, com looks que marcaram os mais de 60 anos de carreira
atualizado
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Carregar mais de 60 anos de carreira, ainda em atividade, não é para qualquer um. Neste mês, a turnê que marca a despedida dos palcos de Dionne Warwick está passando por quatro cidades brasileiras. Entre elas, Brasília, nesta terça-feira (23/5), em show realizado pelo Metrópoles Music. Para além da trajetória profissional e da fama de “rainha do Twitter”, a artista tem uma relação com a moda que também exala autenticidade. Da vida aos palcos, a coluna destrincha, a seguir, os momentos fashion mais memoráveis de Dionne, de 82 anos, uma das vocalistas mais importantes da música global.
Vem entender o estilo da cantora!
Em 12 de dezembro de 1940, na cidade de East Orange, em Nova Jérsei, Estados Unidos, nascia Dionne Warwick. A futura estrela já estava imersa na música desde o berço: a mãe comandava um grande coral gospel, enquanto o pai atuava como promoter musical. Como várias cantoras de sucesso, Dionne começou a soltar a voz ainda na infância, em igrejas, quando também aprendeu a tocar piano e órgão. Já adolescente, fez vocal de apoio em apresentações e gravações de artistas locais com o grupo The Gospelaires, do qual fazia parte.
O verdadeiro mergulho no mercado fonográfico veio nos anos 1960, período que reuniu o lançamento do primeiro single, aparições na televisão, em teatros e casas noturnas, e até a turnê mundial. O primeiro sucesso foi a canção Don’t Make Me Over, de 1962. Já o primeiro dos cinco Grammys de Dionne veio em 1969, na categoria de Melhor Performance Vocal Pop Feminina, pela canção Do You Know the Way to San Jose?, de 1968. Para lá de simbólico, aquele foi o primeiro prêmio Grammy concedido a uma artista afroamericana daquela geração.
Ao longo das décadas seguintes, Dionne – que é prima de Whitney Houston – emplacou hits como Deja Vu (1979), I’ll Never Love This Again (1979), Heartbreaker (1982) e That’s What Friends Are For (1985). Os lançamentos de álbum continuaram por décadas a fio, totalizando um repertório com mais de 50 discos e mais de 100 milhões de unidades vendidas. Em 2019, a cantora lendária recebeu um Grammy por sua obra musical, além de já ter publicado uma autobiografia, e, alguns anos depois, estrelar o documentário Dionne Warwick: Don’t Make Me Over (2021).
Dentro e fora dos palcos
Desde a entrada no mercado musical, o visual de Dionne Warwick acompanhou o zeitgeist fashion que marcou cada fase do século 20. Na década de 1960, incorporou os vestidos tubinho e o penteado ao estilo Jackie Kennedy, enquanto trouxe os cabelos com fios curtos e as modelagens amplas nos anos 1970.
A cantora também flertou com o exagero que marcou os anos 1980, abraçando brilhos e texturas. Fotos em eventos e estúdios registram a passagem da moda na carreira da artista, que também é marcada pela amizade com grandes estilistas, a exemplo de Pierre Cardin.
Dionne conheceu Cardin no aniversário do designer, nos anos 1960, durante sua primeira viagem a Paris. Naquela década, o couturier se destacou por vestir mulheres negras. A capa do álbum Make Way for Dionne Warwick (1964), vale destacar, exibe o primeiro vestido do estilista francês comprado pela cantora, ela disse à InStyle em 2020. No mesmo perfil, o site destaca que a artista fazia o próprio styling, além de ter sido amiga de Oscar de la Renta, Valentino Garavani e Yves Saint Laurent, todos consagrados mundialmente.
Quando o assunto é estilo, uma inspiração que a própria Dionne destaca é Marlene Dietrich, que certa vez “jogou todas suas roupas fora”, como relembrou a artista, em entrevista à InStyle. A situação ocorreu em Paris, quando a atriz e cantora, que morreu em 1992, jogou os figurinos de Dionne porta afora em um backstage. “Ela simplesmente decidiu: ‘Você vai aprender como se vestir de verdade. Se você vai subir neste palco, é assim que você deve fazer.’ Ela me apresentou à alta-costura, como ela adorava dizer. Para desgosto dos meus contadores, eu me acostumei muito, muito com a alta-costura”, contou a artista.
Atualmente
Meio casual chique, meio glam, meio esportiva. Às vezes, até acompanhado de uma pochete. O estilo de Dionne dos anos 2010 aos dias atuais faz uma mescla ideal de todos esses elementos, ora acompanhado por itens de alfaiataria e peças que não economizam no paetê. Vale destacar, também, os vestidos chamativos e as blusas em tecidos fluidos que fazem um aceno aos anos 1970 com caimento solto, estampas, e, novamente, brilho. Para ela, mostrar-se ao mundo da forma que o público espera é um compromisso.
Os looks autênticos da artista nos últimos anos provam que o etarismo não tem vez, assim como a ideia ultrapassada de que celebridades não repetem roupas. Em diversas ocasiões, às vezes com intervalo de anos, a cantora reaparece com peças statement, como alguns de seus casacos mais marcantes, provando que boas escolhas são aquelas feitas para durar.
No auge dos 82 anos, Dionne, que ousou ao transitar entre o soul e o pop desde o início na carreira, mantém firme a persona glamorosa, com escolhas que exalam liberdade e confiança de si. Prova dessa irreverência são os tweets bem-humorados que fez durante a pandemia, com piadas desde sobre namorar o humorista Pete Davidson até um questionamento – válido – sobre o nome artístico de Chance the Rapper. Brincadeiras que renderam a ela o título de “rainha do Twitter”.
Lar, doce lar
A turnê One Last Time é a última de Dionne Warwick, como o nome indica, mas os shows deste mês não encerram a passagem da artista pelo Brasil. Ao Metrópoles ela explicou a vontade de se mudar para a Bahia quando se aposentar. Fã declarada de feijoada, samba e bossa nova, Dionne visitou o país pela primeira vez nos anos 1960 e chegou a homenageá-lo no álbum Aquarela do Brasil (1994), que reúne covers de canções brasileiras e faixas originais.
Enquanto a mudança definitiva para a Bahia não acontece, os brasileiros que se encantaram pela trajetória da artista podem aproveitar para conferir de perto a razão de tanto sucesso no show promovido pelo Metrópoles Music nesta terça-feira (23/05), em Brasília, quando poderão ver alguns de seus maiores hits ao vivo pela última vez.
Colaborou Hebert Madeira