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Dez acontecimentos que transformaram a moda na década de 2010

Do Instagram à cultura do cancelamento, vários fatores revolucionaram o segmento têxtil nos anos 2010. Confira os principais!

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Kevin Mazur/Getty Images for Victoria’s Secret
Dez acontecimentos que transformaram a moda na década de 2010
1 de 1 Dez acontecimentos que transformaram a moda na década de 2010 - Foto: Kevin Mazur/Getty Images for Victoria’s Secret

revolução sustentável foi o grande marco da moda nesta década. No entanto, outros comportamentos do setor revolucionaram o mercado na mesma velocidade que um post de Kim Kardashian alcança 1 milhão de curtidas. Desde a difusão das redes sociais, os nomes responsáveis por lançar tendências mudaram, os ícones da indústria já não são os mesmos e os consumidores, finalmente, acharam a voz que precisavam para se tornarem protagonistas do segmento têxtil.

Vem comigo saber quais os destaques da moda nos anos 2010!

Há 10 anos, entendíamos e consumíamos a moda de uma maneira completamente inconsciente. O consumo excessivo enchia guarda-roupas com bolsas, sapatos e vestidos novos a cada estação. Em um mundo sem influenciadores, as tendências eram ditadas pelas publicações especializadas, que pulverizavam as novidades vistas nas passarelas, e o público corria para as lojas.

Inclusão, diversidade e sustentabilidade eram temas latentes, mas a opinião do público ficava restrita aos vendedores dos pontos físicos e canais de relacionamento repletos de burocracia. Apenas com a difusão das redes sociais que as pessoas passaram a defender seus ideais perante às marcas.

 

Reprodução/Elle Brasil
A modelo trans Hari Nef ganhou destaque na capa da revista Elle Brasil em fevereiro de 2017

 

Reprodução/Isabel Martinez
A etiqueta francesa apostou em casting diverso para o desfile de outono/inverno 2018

 

Reprodução/ The True Cost
Documentário lançado em 2015 mostra as condições de trabalho de quem atua por trás de grandes etiquetas

 

1- O surgimento do Instagram

Não há como começarmos essa lista sem mencionar a plataforma responsável pela maioria das mudanças que aconteceram na moda nesta década. Lançado logo no início do período, em 2010, o Instagram surgiu como um diário imagético, onde usuários publicavam pequenos petiscos de seu cotidiano com filtros um tanto duvidosos para os padrões atuais.

Nesse contexto, mostrar roupas e combinações se tornou um hábito. A hashtag #LookDoDia rapidamente substituiu o fascínio que os fashionistas tinham por editoriais de moda. Afinal, todos passaram a ser estrelas de seus próprios ensaios. Uma conexão com a internet bastava para fazer sucesso.

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Assim nasceram os influenciadores, contagiando as grifes de luxo com a possibilidade de atingir milhões de consumidores com um investimento bem menor do que aqueles feitos em anúncios de revista.

A partir daí, tudo o que era divulgado pelas etiquetas de luxo deveria ser compartilhável, o que estimulou as labels a irem muito além em termos estéticos. Há 10 anos, itens como os dad sneakers da Balenciaga e as bolsas minúsculas da Jacquemus seriam itens risíveis, mas tudo se tornou possível na era do Instagram.

2- Protagonismo dos diretores criativos

Nos anos 1990, a figura do diretor criativo ganhou status de celebridade, mas a visibilidade alcançada com a difusão da internet revelou as personalidades, muitas vezes problemáticas, dos ícones das passarelas.

Após declarações polêmicas prejudicarem a carreira de John Galliano e Karl Lagerfeld, muitos estilistas preferiram se manter nos bastidores.

Phoebe Philo, por exemplo, conseguiu transformar a Celine em uma das marcas mais desejadas da década, mas, mesmo com 10 anos na direção criativa da grife, pouco se sabe sobre a personalidade da designer.

“A coisa mais chique é quando você não existe no Google”, verbalizou a estilista, que deixou a Celine em 2017, após um perfil da label ser criado no Instagram.

Andrew H. Walker/Getty Images
Phoebe Philo foi premiada como a estilista do ano na Fashion Awards 2010

 

Reprodução/Instagram/@phoebephilo
A designer ganhou reconhecimento pela moda feminina elegante e prática

 

Jamie McCarthy/WireImage via Getty Images
Após 10 anos à frente da Celine, a estilista deixou o posto para um período sabático. Hedi Slimane assumiu a direção criativa da etiqueta e recebeu muitas críticas

Com a chegada da rede social ao mercado da moda, os designers se viram obrigados a assumir o papel de porta-voz na plataforma. Em entrevista ao Evening Standart, Olivier Rousteing (5,7 milhões de seguidores) afirmou passar oito horas por dia nos perfis dele e da Balmain, grife da qual é diretor criativo.

“A Balmain é uma casa de luxo francesa e as pessoas perguntam se compartilhar tanto nas mídias sociais representa esse segmento. Se você quer vender luxo na internet, você deve estar bem com as mídias sociais. Porque é o futuro”, afirmou o francês, que fez da maison a primeira a atingir a marca de 1 milhão de seguidores no Instagram.

Iude, Manuela Scarpa, Lana Pinho e Rodrigo Zorzi
Olivier assumiu a direção criativa da Balmain aos 25 anos

 

Reprodução/Instagram/@olivier_rousteing
Com sua melhor amiga, Cara Delevingne

 

Reprodução/Instagram/@olivier_rousteing
O estilista ao lado de Jennifer Lopez

Além dele, Virgil Abloh (4,7 milhões de seguidores), Riccardo Tisci (2,5 milhões) e Marc Jacobs (1,4 milhão) passaram a utilizar suas contas para aumentar a popularidade de suas casas e, ao mesmo tempo, assumir o protagonismo dentro das empresas.

Virgil, diretor da linha masculina da Louis Vuitton, inclusive, foi parar na companhia francesa após os executivos do grupo LVMH identificarem seu poder de persuasão perante seus 4,2 milhões de seguidores, entre eles diversos influenciadores celebrados na web. Hoje, mais do que estilistas, os diretores criativos precisam ser estrelas.

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No CFDA Awards deste ano, ele foi indicado nas categorias de estilista de moda masculina e designer de acessórios

 

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Virgil Abloh, ao lado de Gigi Hadid, é um dos estilistas mais prestigiados do momento

 

Bertrand Rindoff Petroff/Getty Images
Multifacetado, Virgil Abloh está à frente da direção criativa da área masculina da LV e é o poderoso nome por trás da Off-White

 

Tom Ford foi indicado ao Globo de Ouro em 2017. Não na categoria melhor figurino, mas por seu trabalho de roteiro e direção no filme Animais Noturnos. Enquanto isso, Jeremy Scott ganhou um documentário na Netflix após assumir a Moschino.

Em ambas as situações, a visibilidade na mídia rendeu bons frutos aos estilistas. Ford, por exemplo, foi eleito presidente do Conselho de Designers de Moda da América.

Divulgação
O estilista Jeremy Scott aparece em documentário produzido pela Netflix

 

Thomas Concordia/WireImage via Getty Images
Passarela do Jeremy Scott, na NYFW em setembro de 2016

 

Larry Busacca/Getty Images
Tom Ford ganhou sete prêmios CFDA ao longo de sua carreira e já trabalhou como estilista para a grife italiana Gucci

 

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Kaia Gerber do show de de outono-inverno da Tom Ford, em fevereiro

 

3- O fenômeno Kardashian

Os anos 2010 revelaram que as famílias podem se unir para alavancar seu poder na moda. Sozinha, Kim Kardashian dificilmente alcançaria o império que tem hoje, mas, ao lado de suas irmãs e mãe, tornou-se uma das personalidades mais influentes do mundo.

A notável ascensão do clã, acompanhada em tempo real pelo reality-show Keeping Up with the Kardashians, fez seus membros ultrapassarem as estrelas de Hollywood em potencial comercial e, logo, todas as mulheres da família lançavam seus próprios negócios.

Reprodução/Instagram/@kimkardashian
Kim Kardashian lançou sua marca homônima de modeladores

 

Scott Barbour/Getty Images
Durante a década, Kim apostou em roupas confeccionadas em látex

 

Karwai Tang/Getty Images
O look escolhido para o baile de gala do MET em maio rendeu polêmicas e arrancou suspiros

 

Enquanto Kim apostou em um jogo, uma linha de maquiagens e uma etiqueta de roupas modeladoras, a caçula Kylie investiu pesado no mercado da beleza, ultrapassando os negócios de sua irmã.

A criadora da KKW Beauty faturou US$ 14,4 milhões com sua primeira coleção de maquiagens. E a Kylie Cosmetic, apresentada em 2015, rendeu US$ 420 milhões em 18 meses. Apenas a coleção de férias, lançada em 2016, conseguiu quase US$ 19 milhões em um único dia.

No início deste ano, a label de Kylie foi avaliada em US$ 900 milhões pela Forbes, que estima faturamento de US$ 1 bilhão até 2022. “Eu não esperava nada, mas o reconhecimento é muito bom. É um ‘tapinha nas costas’. Quero trabalhar com isso para sempre e depois passar tudo à minha filha”, contou à publicação.

Reprodução/Instagram/@kyliejenner
A caçula das Kardashian cresceu em frente as câmeras do reality Keeping Up with the Kardashians

 

Reprodução/Instagram/@kyliejenner
Fundadora da marca Kylie Cosmetics, a empresária também assinou collabs, como a linha esportiva com a Adidas Originals,  inspirada em batons

 

Reprodução/Instagram/@kyliejenner
Responsável por resgatar tendências, Kylie usou biquíni vintage da Chanel e atiçou as fashionistas

 

Os milhões de seguidores de Kendall Jenner a fizeram figurar em desfiles que nem veteranas das passarelas conseguiram. Hoje, a irmã de Kim Kardashian é assídua nas principais runways do circuito internacional, sendo a modelo mais popular do mundo, de acordo com ranking do site Models.com.

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A modelo internacional marca presença nas principais semanas de moda do mundo

 

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A produção de vestido pink com cauda mullet foi icônica

 

Gotham/GC Images/via Getty Images
O estilo usado pela modelo no dia a dia é inspiração para as fashionistas

 

4- Efeito família Real

Desde a morte da princesa Diana, em 1997, a família real britânica não contava com um membro fashionista, mas a chegada de Kate Middleton recuperou os holofotes, que há tempos não pairavam sobre a casa de Windsor. Sua beleza singular e estilo elegante colocou a monarquia de volta às manchetes de moda.

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Vestido Anita Dongre e brinco Accessorize

 

Mark Large - Pool/Getty Images
Temperley London

 

Eamonn M. McCormack/Getty Images
Kate Middleton com produção clássica

Com a chegada da atriz Meghan Markle, que se casou com o príncipe Harry em 2018, isso ficou ainda mais evidente. Conhecida por quebrar os protocolos de vestuário da realeza, ela virou a nova obsessão dos veículos especializados. Neste ano, apresentou sua primeira linha de roupas e se tornou a figura mais influente do mercado têxtil, de acordo com o site de pesquisas Lyst.

Jeff Spicer/BFC/Getty Images
Meghan Markle à espera do primogênito, Archie

 

Karwai Tang/WireImage
Meghan apareceu publicamente com looks modernos e, às vezes, longe do protocolo real

 

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Cerimônia Trooping the Colour da Rainha Elizabeth II, em Londres

 

5- A passarela é para todos

Os anos 2010 revelaram uma demanda do público, cansado de esperar sentado pela empatia de executivos de alto escalão, por diversidade.

A demanda por modelos plus size em campanhas e capas de revista ficou acirrada, fazendo publicações e marcas abrirem mão das formas esbeltas das top models para investir em profissionais mais corpulentas.

Em 2016, Ashley Graham posou de maiô para edição de trajes de banho da revista esportiva Sports Illustrated, um acontecimento histórico no mundo da moda. O resultado agradou ao público e levou a norte-americana a fechar contratos com Christian Siriano, Michael Kors e Prabal Gurung.

Divulgação/Sports Illustrated
Ashley Graham conquistou o marco por ser a primeira modelo tamanho 46 na capa da Sports Illustrated

 

Daniele Venturelli/WireImage via Getty Images
Ashley riscou a passarela da Dolce & Gabbana durante o Milão Fashion Week em 2019

 

Reprodução/Instagram/@taralynn
A modelo plus size Taralynn participou de ensaio fotográfico para a revista Sports Illustrated Swimsuit

 

Reprodução/Instagram/@nadiaaboulhosn
A americana Nadia Aboulhosn também faz sucesso no ramo plus size

 

Contudo, a esta altura, as pessoas queriam também inclusão nos desfiles, o que atingiu a Victoria’s Secret, conhecida por cultuar corpos perfeitos em seus tradicional fashion show. Na internet, os apelos por um elenco mais diversificado no evento da etiqueta de lingeries são recorrentes há pelo menos seis anos.

Em 2013, mais de 50 mil pessoas assinaram uma petição pedindo aos diretores de elenco da VS que considerassem a modelo transsexual Carmen Carrera. Dois anos depois, a modelo plus size Tess Holliday compartilhou uma foto com a legenda “Se a Victoria’s Secret precisar de uma angel plus size, me ligue”, mas ambas foram ignoradas pela empresa.

Patrick McMullan via Getty Images
Uma petição on-line solicitava a modelo transexual Carmen Carrera no casting da VS

 

Emma McIntyre/Getty Images for ELLE
Tess Holliday se ofereceu para integrar o casting da VS, mas não foi considerada pela etiqueta

 

A falta de inclusão no desfile de 2018 e as declarações polêmicas dos executivos da empresa acabaram prejudicando a label, que amargou uma baixa considerável nos lucros, o fechamento de 53 lojas e o cancelamento de seu tradicional desfile anual.

Timur Emek/FilmMagic
Gigi Hadid durante o desfile Victoria’s Secret Fashion Show 2018

 

Timur Emek/FilmMagic
Winnie Harlow foi uma das presenças indispensáveis no show em Nova York

 

Enquanto alguns comemoraram o fim da atração, outros ficaram desolados por não poderem ver as modelos mais famosas do mundo reunidas no evento.

No entanto, o movimento foi visto pela cantora Rihanna, dona da label de ligeries Savage x Fenty, como uma oportunidade de criar um show que abraçasse a inclusão.

 

Presley Ann/Patrick McMullan via Getty Images
O desfile da marca durante o NYFW em setembro de 2018 contou com casting diverso

 

Presley Ann/Patrick McMullan via Getty Images
Comprovando que a marca de lingerie é para todas, literalmente

 

Kevin Mazur/Getty Images for Savage X Fenty
As irmãs Bella Hadid e Gigi Hadid posaram no backstage da Savage X Fenty, ao lado de Rihanna, no NYFW

 

Kevin Mazur/Getty Images for Savage X Fenty Show Presented by Amazon Prime Video
Bella Hadid atraiu os holofotes durante Savage X Fenty Show em setembro de 2019

 

O desfile chegou ao Amazon Prime no dia 20 de setembro e reuniu profissionais de todas as etnias e formas, em uma das passarelas mais aclamadas da história.

Modelos transsexuais também ganharam espaço na indústria, a exemplo das brasileiras Valentina Sampaio, primeira trans a ser capa da Vogue Paris e a posar para a Victoria’s Secret; e Lea T, veterana que representa o país em campanhas de grifes como Givenchy e Burberry. No último São Paulo Fashion Week, o assunto mais comentado da semana de moda foi o brasiliense Sam Porto, primeiro homem trans a desfilar no evento.

Divulgação/Vogue Paris
A modelo transexual Valentina Sampaio estampou a capa da Vogue Paris

 

Antonio de Moraes Barros Filho/WireImage
A veterana Lea T riscou as passarelas da Menswear da Givenchy durante o PFW 2017

 

Marcelo Soubhia/FOTOSITE via Getty Images
O brasiliense Sam Porto foi o primeiro modelo trans na SPFW

 

6- É preciso ter calma

A agilidade com a qual as imagens passaram a chegar às redes sociais fez as pessoas enjoarem muito rápido das novidades do mercado. O fenômeno impactou as vendas. Para reverter as perdas, grande parte da indústria fez uma tentativa frustrada de constantemente oferecer produtos recém-lançados ao público.

Há 10 anos, o movimento Veja Agora, Compre Agora foi criado com o intuito de salvar o varejo físico dos e-commerces. O plano era fazer os clientes pagarem o preço cheio dos itens em troca da experiência de comprar uma tendência quente.

O novo comportamento, todavia, acabou exigindo bastante dos estilistas, levando muitos a adoecerem ou desistirem da profissão. O problema vem sendo levado tão a sério que a próxima exposição de moda do Met Museum fará uma reflexão sobre a situação.

Divulgação/Fendi
Desfile da etiqueta Fendi aconteceu fora do calendário oficial de alta-costura de outono/inverno 2019/20 e foi apresentado em julho 2019 na Itália

 

Pascal Le Segretain via Getty Images
O outono/inverno 2019/20 da Off-White desfilou logomania discreta, mix de shapes e fluidez
Divulgação/Gucci
Pre-fall 2019 da Gucci

 

“O calendário do capitalismo digital é um dos principais fatores que contribuem para o esgotamento criativo que muitos designers estão enfrentando”, afirmou Andrew Bolton, curador do departamento de vestuário do museu, ao New York Times.

Se na década passada as tendências aqueciam o setor, hoje vender é algo mais complexo. “É preciso estar de olho aos movimentos do mundo. A moda teve que voltar para a escola e sentar com outras ciências. Antes, ela ficava ali sozinha, quando muito dialogava com as artes visuais. Atualmente, precisa fazer trabalho em grupo com a ciência, ecologia, sociologia, política… É um momento difícil porque tudo é novo”, destaca Ronaldo Fraga ao FFW.

7- Cultura do cancelamento e aversão ao racismo

Apesar da obsessão da moda por mulheres brancas de 1,75 m, a década de 2010 trouxe cor ao segmento. Kerby Jean-Raymond, da Pyer Moss, despontou no mercado norte-americano, ao passo que Dapper Dan reivindicou sua participação na história da Gucci.

Christopher John Rogers estreou no Nova York Fashion Week, arrancando aplausos, enquanto Beyoncé levou o jovem Tyler Mitchell, de 23 anos, a ser o primeiro fotógrafo negro a clicar a capa da Vogue América.

 Fernanda Calfat/Getty Images
O desfile da Pyer Moss foi um dos destaques na NYFW 2019

 

Mike Coppola/MG18/Getty Images for The Met Museum/Vogue
Em 2018, a Gucci lançou uma collab com o estilista Dapper Dan

 

Divulgação/Vogue
Beyoncé na Vogue americana por Tyler Mitchell

 

É inimaginável pensar que, no início da década, praticamente não havia modelos negras nas passarelas internacionais. O catwalk era estendido apenas a ícones como Naomi Campbell, Tyra Banks e Joan Smalls.

No entanto, as jovens Adut Akech, Binx Walton, Halima Aden, Lupita Nyong’o, Gabrielle Union e Yara Shahidi vêm angariando importantes campanhas e desfiles para grifes como Valentino, Miu Miu, Rodarte e Coach.

John Phillips/Getty Images for The Business of Fashion
Halima Aden no evento Voices do The Business of Fashion

 

Dia Dipasupil/WireImage
Lupita Nyong’o durante a turnê de divulgação do filme Nós

 

Paolo Roversi/Pirelli Calendar
Yara Shahidi, atriz, modelo e ativista norte-americana conhecida pelos papéis nas séries Black-ish e Grown-ish

 

Ainda assim, infelizmente, a década viveu casos de racismo no segmento fashion. Apenas nos últimos anos, tivemos uma balaclava blackface produzida pela Gucci, os macacos da Prada e a desastrosa homenagem à China feita pela Dolce & Gabbana.

Em todos os casos de racismo mencionados anteriormente, o público reagiu com boicotes, comentários negativos e muito unfollows, é claro.

O fenômeno do cancelamento, que cresce a galopes nas plataformas on-line – principalmente entre os jovens da geração Z –, é a voz que os consumidores acharam para expressar seus descontentamentos com a indústria.

Frazer Harrison/Getty Images
Zendaya, de Christopher Esber

 

Reprodução/Instagram/@Wherearetheavocados
Billie Eilish com conjuntinho inspirado na logomania da Louis Vuitton by Etai Drori

 

O novo hábito tem feito os gigantes da moda redobrarem a atenção com qualquer possível polêmica, contratando diretores de diversidade e sustentabilidade.

Para as grifes que se envolveram em problemas éticos, resta o difícil caminho da provação, com ações e reformulações para voltar aos braços dos fashionistas.

8- O fim da moda binária

Uma série de escândalos sexuais envolvendo figurões de Hollywood chegou à mídia em 2017, dando origem ao movimento #MeToo. A causa ganhou as manchetes, red carpets e as passarelas internacionais.

O sex appeal feminino foi reinventado por meio de silhuetas mais largas, comprimentos maiores e um toque de alfaiataria. Nessas circunstâncias, o mood andrógino começou a ganhar força na moda.

Fernanda Calfat/Getty Images
Modelo sueca com visual andrógino desfilou para a LV no Rio de Janeiro

 

Bernard Weil/Toronto Star via Getty Images
A modelo australiana Andreja Pejic durante o desfile de Arthur Mendonca na Toronto Fashion Week em 2012

Contudo, ao passo que as mulheres se afastam da sexualização e da extravagância, os homens abraçam essas características como nunca.  Enquanto ícones de estilo, como Kristen Stewart, Cate Blanchett e Meghan Marklen, exibiam ternos em suas aparições públicas, nomes como Sam Smith, Billy Porter, Ezra Miller, Jared Leto, Harry Styles e Jonathan Van Ness começaram a mostrar elementos femininos e a se identificar como não binários.

Reprodução/Instagram/@samsmith
Desde que se assumiu não binário, Sam incluiu os saltos em seu closet

 

Dan Macmedan/Getty Images
O smoking com saia de Billy Porter no Oscar 2019 chamou bastante atenção

 

O termo, amplamente difundido na Geração Z, começou a ser debatido por volta de 2014, quando a identidade de gênero tornou-se uma conversa internacional.

Em 2017, um estudo da Universidade da Califórnia, em Los Angeles, descobriu que 27% dos jovens entre 12 e 17 anos acreditavam não serem vistos como parte de um gênero específico.

De acordo com o site de buscas Lyst, a tendência é que a moda agênero continue em ascensão, pois a procura pelos termos “sem gênero” e “gênero neutro” tiveram crescimento de 52% em 2019.

Reprodução/Stevensons
Uniformes escolares do Reino Unido aderem à moda agênero

 

“Quando analisamos a comunidade de jovens que se identificam como não binários, o que realmente vemos é um grupo de pessoas que está apenas aceitando a diversidade e forçando os limites dos estereótipos binários”, disse Jeremy Wernick, professor assistente do Departamento de Psiquiatria Infantil e Adolescente da NYU Langone.

9- Hypebeast: tênis viram itens de luxo

Há 10 anos, o street style era dominado pelos frequentadores das semanas de moda, mas, após a difusão dos influenciadores, todo mundo passou a compartilhar produções cheias de personalidade no feed do Instagram.

De olho nessa movimentação, as marcas do segmento urbano começaram a investir cada vez mais em qualidade, design e exclusividade.

Trabalhando com a escassez para manter alto o interesse pela marca, labels como Supreme, Vetements, Off-White e Yezzy se ergueram no mercado ao lançar coleções limitadas e parcerias com grifes de luxo.

Divulgação/Adidas
O tênis da Adidas Originals foi lançado pela Chanel e customizado por Pharrell Williams

 

Divulgação/Balenciaga
A Balenciaga lançou o modelo Triple S

 

Divulgação/Louis Vuitton
Louis Vuitton também lançou a sua versão do tênis

 

O aquecimento do setor abriu precedentes para os calçados assumirem o protagonismo do universo fashion, tornando-se símbolo de status. “Vimos as bolsas enfraquecerem ao passo que o consumo de sneakers aumentou significativamente. Acreditamos que os sapatos se tornaram o grande símbolo do poder”, disse Murphy, da Piper Jaffray.

No livro A Soma das Pequenas Coisas: Uma Teoria da Classe Aspiracional, a socióloga Elizabeth Currid-Halkett comenta que a elite agora se define por meio do capital cultural.

“Eles ficaram mais discretos. Hoje, comer frango e tomates frescos ao ar livre, vestindo camisas de algodão orgânico e ouvindo podcasts, virou algo mais cool do que ostentar uma bolsa cara”, escreveu Elizabeth

Elizabeth Currid-Halkett
10- Logomania, a estamparia da década

Muito utilizadas no segmento de acessórios, as logos eram consideradas cafona nos anos 2000. Uma década depois, no entanto, os monogramas saíram do mercado de acessórios para invadir toda a indústria têxtil.

Popularizada por etiquetas esportivas e casuais, como Adidas, Nike, Gap e Calvin Klein, ainda nos anos 1990, a logomania adquiriu força ao surgir em padronagens de grifes tradicionais, como Gucci, Louis Vuitton, Moschino e Fendi, responsável pela estampa de 2019, segundo o Lyst.

Reprodução/Instagram/@nickiminaj
Logomania: coleção de Nicki Minaj com a Fendi

 

Divulgação/Calvin Klein
Os elásticos com logomania são tradição da Calvin Klein

 

Jackson Lee/GC Images/via Getty Images
Kaia Gerber escolheu peça com logomania e usou com cintura alta

 

No street style, etiquetas como Supreme e Off-White ganharam visibilidade mundial ao espalharem suas logos no Instagram. “Essa é uma forma de legitimar um produto e exteriorizar um status. Muitas vezes, nos vestimos para nós mesmos, mas também nos vestimos para os outros. E aí não adianta ter a etiqueta do lado de dentro da roupa”, explica o professor de história da moda João Braga ao Uol.

Segundo ele, a tendência, relacionada ao crescimento do poder aquisitivo da classe média, é direcionada a um público específico. “No caso das marcas, significa assumir postura comercial em busca de dinheiro. Quando uma camiseta tem um o logotipo muito exposto, cobro mais caro. É o caso de quem quer ostentar mais a marca do que sua personalidade ou estilo. Todas as grifes pensam dessa maneira”, defende Alberto Hiar, dono da Cavalera.

Colaborou Danillo Costa e Sabrina Pessoa

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