Demissão de Donata Meirelles provoca debate sobre questões raciais no Brasil
A ex-diretora de estilo da maior publicação de moda do país cedeu à pressão feita nas redes sociais e se desligou do grupo Condé Nast
atualizado
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Na última semana, fomos pegos de surpresa quando Donata Meirelles, diretora de estilo da Vogue Brasil, recebeu duras críticas e acusações de racismo nas redes sociais. Afinal, ela e o marido, Nizan Guanaes, sempre foram conhecidos por projetos comunitários em prol da inclusão.
A polêmica surgiu após divulgação de fotos da festa de comemoração dos 50 anos de Donata, no Palácio da Aclamação de Salvador, ao lado de família e amigos, na última sexta feira (8/2).
Nessa quarta (13/2), após repercussão internacional negativa da festa, ela renunciou ao cargo na revista. “Com tristeza no coração, mas com a coragem e a cabeça erguida que sempre pautaram a minha vida, inicio um novo ciclo e peço demissão da Vogue Brasil, uma publicação que ajudei a construir”, escreveu Donata, em sua carta de despedida.
A saída da ex-diretora-executiva da Vogue Brasil abriu espaço para uma discussão importante: é necessário ter sensibilidade, principalmente quando se trata da dor do outro.
O debate foi provocado porque na ocasião da festa, mulheres negras, que faziam parte da equipe do evento, estavam vestidas com roupas e turbantes brancos. Em algumas fotos, Donata e convidados posaram em uma cadeira ao centro. A prática foi considerada preconceituosa por ativistas e internautas, que viram na cena uma representação de “mucamas” ao lado de um “trono de sinhá”. No Facebook, Instagram e Twitter, usuários se manifestaram contra a postura da aniversariante.
Donata usou o Instagram para se desculpar, mas, infelizmente, a situação já havia tomado proporções irremediáveis. A escravidão ainda é muito recente na história do Brasil e as imagens de mulheres negras servindo à elite branca passam mensagem negativa para o público.
Todos os dias lutamos em busca de igualdade – nas escolas, empresas, na política, no cinema, em eventos, nas passarelas e nas capas de revistas. O cuidado e a sensibilidade com a luta e a dor do próximo é um pré-requisito universal. No século 21, empatia é a palavra da vez.
Colaboraram Rebeca Ligabue e Danillo Costa