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Dayane Almeida lança coleção inspirada na luta contra o câncer

Com a VitrinesDay, a jornalista e estilista brasiliense publica relatos de superação e oferece Dia de Princesa para mulheres

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Entrevista com Dayane Almeida, dona da marca Vitrine’s Day
1 de 1 Entrevista com Dayane Almeida, dona da marca Vitrine’s Day - Foto: Vinícius Santa Rosa/Metrópoles

A forma como nos vestimos é um retrato da nossa personalidade e do nosso estado de espírito. Por isso, a moda pode ser uma maneira incrível de redescobrir a autoestima, assim como aconteceu com a brasiliense Dayane Almeida, 30 anos, que encontrou no ramo a cura da própria depressão. 

Apaixonada pela costura desde cedo, a estilista criou a primeira peça aos 13 anos, quando transformou uma calça jeans em jaqueta. Três anos depois, ainda no ensino médio, começou a trabalhar em órgãos públicos, mas se questionava sobre a escolha do curso: direito ou moda?

Surpreendentemente, acabou escolhendo jornalismo, porém, isso não impediu que ela se redescobrisse mais tarde e, em 2017, criou a marca VitrinesDay. Por meio da iniciativa, promove uma espécie de “Dia de Princesa” para mulheres com uma história de superação a contar. A proposta é simples e de grande significado: um dia no salão de beleza, com direito a ensaio fotográfico, entrevista ao site do projeto e uma peça de roupa de brinde.

Para a quarta coleção, que será lançada em Brasília neste sábado (6/10), Dayane se inspirou em mais uma história de luta e de vida. A coluna foi pessoalmente conferir as peças e bateu um papo com ela.

Vem comigo saber mais!

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Dayane Almeida é jornalista e sempre foi apaixonada pela costura

 

A primeira coleção, Doce Vida, surgiu em dezembro do ano passado e foi inspirada na história de superação da própria estilista, quando buscou ajuda após sofrer assédio moral e abusos no trabalho. A recomendação dos médicos foi investir em algo prazeroso e ela correu atrás de realizar o sonho engavetado há quase 10 anos. Apostou na paixão pela costura e, naturalmente, criou uma linha inspirada em sua trajetória. Afinal, a estilista sempre enxergou a moda como algo que precisasse de um propósito.

“Como eu estava muito mal, costumo falar que fizeram um mutirão de amor para mim”, lembra. As pessoas queridas logo se propuseram a ajudá-la: o pai construiu um ateliê, o marido comprou as máquinas e os amigos auxiliaram com fotografia e design da divulgação das criações.

Cada item tinha nome de um doce ou chocolate: Diamante Negro, marshmallow, Kitkat e bala de menta. Na época, foram cerca de 30 peças únicas criadas por ela. Hoje, a designer conta com a ajuda de uma costureira e, desde então, apresentou três coleções e outras histórias inspiradoras. Entre elas, a de sua mãe.

Para este sábado (6), Dayane preparou uma coleção cápsula com oito modelos, inspirados na campanha Outubro Rosa. “Estou contando a história de uma moça que venceu o câncer de mama”, adianta. O nome de cada peça é uma frase de conscientização. O lançamento terá uma palestra na área externa do ateliê, no Recanto das Emas. 

Veja em primeira mão as peças desta coleção e não deixe de conferir o evento:

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Coleção Outubro Rosa
Coleção Outubro Rosa
Coleção Outubro Rosa
Coleção Outubro Rosa
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Coleção Outubro Rosa

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Coleção Outubro Rosa

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Coleção Outubro Rosa

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Coleção Outubro Rosa

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A história, assim como a iniciativa de Dayane, são tão inspiradoras que a visita rendeu ainda uma entrevista para a coluna.

Confira:

Como ocorre a seleção da mulher que vai ter o Dia de Princesa?
A primeira foi a minha mãe, Maria Almeida, porque eu queria estrear com ela. Passou por muitas coisas difíceis, um tio a violentou. Em seguida, optei pela Rosane Matos, ela é tetraplégica, não mexe nada, mas tem uma cadeirinha e é superindependente. Eu achava o máximo ela ser daquele jeito. Todos os dias, a encontrava e, uma vez, decidi abordá-la e ouvir sua história.

A Hérica Letícia, a terceira escolhida, é veterinária da minha cachorrinha, vi um pouco do que ela viveu. Mas estou começando a receber várias histórias, vou ter de fazer um filtro. Além de ganharem a peça, elas vivem um Dia de Princesa, com flores, maquiagem, lanche e o ensaio fotográfico – onde elas mais se divertem. A moça do câncer de mama disse nunca ter colocado cílios, chorava em cada pose. Essas coisas me emocionam muito.

Como é o DNA das suas criações?
Eu faço todo o processo. A VitrinesDay tem muito a minha característica: sou camaleoa, nunca quero estar de um jeito só. Tem dias que desejo ser hipster, às vezes, hippie, executiva, periguete. As pessoas que me acompanham gostam disso. Como não tem um estilo só, tento fazer criações para atender a todos os públicos e necessidades.

Para a Rosane, que é tetraplégica, fiz um zíper maior, com 50 centímetros, assim facilitava na hora de ela se vestir. Penso em mim: preciso de roupas sociais no trabalho [no Congresso Nacional], mas, aos finais de semana e em dias de folga, posso ir de tênis, coturno, bota. A mulher quer se vestir bem, mas deseja conforto durante a folga. Eu busco muito isso. Adoto muito a versatilidade. Chego a criar 10 looks com uma peça só, porque é a questão da moda consciente: não precisamos consumir tanto. Uma saia pode ter infinitas possibilidades.

Então, seu estilo é mais clean e versátil?
Eu diria mais versátil, porém, clean também. Fica difícil você montar looks se não estiver clean. Aposto na versatilidade.

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A primeira coleção veio em dezembro de 2017, inspirada na superação da própria Dayane

 

Você pensa em deixar o jornalismo para investir só na moda?
A VitrinesDay e o jornalismo estão totalmente ligados, porque dou esse Dia de Princesa, entrevisto e coloco no site. Como estou no Executivo e Legislativo desde os 16 anos, tenho muita dificuldade de desapegar, por mais que, para deslanchar mesmo, preciso me dedicar em tempo integral. Essa transição ainda está muito difícil. Meu sonho é viver só com o Vitrines. Ser empresária no Brasil é muito difícil. Como só tem 10 meses, ainda não tenho lucro. Tudo sai do meu bolso: salão de beleza, flores… Tenho amigos que me ajudam com as fotos e marketing.

Meu sonho não é só fazer moda. O primeiro propósito da marca é resgatar o equilíbrio emocional e autoestima das mulheres. Pegar uma mulher que teve a vida dilacerada, como a moça com câncer. [Ela] demorou 15 dias para se olhar no espelho depois de remover as mamas. Foi o momento mais drástico da vida dela. De repente, poder proporcionar um dia de salão, maquiagem e ela ficar lá tirando fotos, isso não tem preço. Acredito que ainda vou poder pegar um grupo de mulheres e proporcionar isso.

Ela mostrava a prótese, comemorava estar maquiada e chorava. Falo que as vendas e o lucro serão consequências, pois a prioridade, para mim, é poder resgatar o equilíbrio emocional e a autoestima das mulheres. A marca nasceu disso e eu vivi isso. Sei o que é a depressão, querer trabalhar, ter milhões de coisas a fazer e não conseguir sair da cama porque o seu emocional foi abalado por alguma fase ruim da vida.

Tem alguma marca ou personalidade que a inspira?
Gosto muito da Farm, apesar de ela adotar muito a estampa, que não é o meu foco. Na VitrinesDay, tento não acompanhar muito as estações e modinhas. Sou muito contra o fast fashion. Tento ver pessoas reais, é mais street style mesmo, ver as mulheres na rua e aquilo utilizado por elas.

Como é a sua rotina de produção?
Hoje, tenho a ajuda de uma costureira. Além do trabalho, tenho meu marido, casa… era muito mais difícil para criar uma coleção sozinha. A partir do momento em que crio, tem a modelagem; uma das fases mais difíceis e complicadas, pois o corpo da mulher brasileira tem várias curvas. Depois, vou à rua comprar a matéria-prima, passar a criação ao tecido, costurar e dar o acabamento.

A parte administrativa, para mim, é a mais chata. Depois, tenho de pensar no nome das peças, um texto motivacional a ser usado nas redes sociais. A mulher vai ler e ter uma espécie de despertar. É o que faço com as “princesas”, vou pegando frases e colocando no dia a dia.

Tem algum tecido com o qual você gosta mais de trabalhar?
Tecidos com elastano e crepe de malha. São as roupas que mais vendo, pois têm toda a nobreza e caimento do crepe, mas possui o elastano e se adequa ao corpo das mulheres e as curvas, além de ser muito confortável. Estou fazendo do P ao G, mas, a partir do próximo mês, quero começar a fazer plus size, com a modelagem do 44 ao 50. É muito triste quando uma mulher quer comprar roupas e não encontra o tamanho dela. Pessoas com problema de anorexia, bulimia ou que simplesmente não conseguem engordar, enfrentam a mesma dificuldade. Na VitrinesDay, a pessoa não sai sem a roupa porque não ficou boa. Faço ajustes na mesma hora, é um diferencial.

 

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O objetivo da marca é resgatar a autoestima e o equilíbrio emocional das mulheres

 

Quais são seus projetos futuros?
Estou dentro do Congresso e vejo que as pessoas não entendem política, não sabem sobre a função de um deputado e ficam discutindo nas redes sociais. Lá dentro, temos uma deputada tetraplégica. Não sei como vai ser o acesso a ela, mas quero associar essa questão das limitações com a política para a próxima coleção. Cada peça vai ser uma explicação dos processos legislativos. Vou contar com a ajuda de uma amiga cientista política.

Vai vir Bengala Verde, Setembro Amarelo, Maria da Penha e cada uma dessas coisas vai ser uma linha. Minhas coleções são baseadas nos livros que leio, na minha loja vai ter uma biblioteca: as mulheres tem de ser inteligentes. Vou abrir uma operação física no Sudoeste em junho de 2019.

Neste sábado (6), vamos ter a participação de uma massoterapeuta. Ela vai ensinar a maneira correta de fazer o autoexame e dar uma palestra sobre todas as partes do corpo que podem ser acometidas por alguma doença.

Gostaria de deixar algum recado motivacional?
As pessoas perguntam como eu consigo. Preciso cumprir as minhas oito horas todos os dias. É muito difícil, meu dia começa às 5h e termina à 1h. As pessoas esperam pelo perfeito para começar alguma coisa. Essa condição não existe. Ainda não tenho espaço físico, mas resolvi começar.

Meus croquis não são perfeitos, sei que posso melhorar e já estou inscrita num curso para isso. Não fique esperando o momento certo. Comecei minha coleção com pouquíssimos tecidos, eu tinha R$ 300. Falo para os meus amigos: “Gente, vocês vão me ver na Vogue”. O ideal para que qualquer coisa dê certo é acreditar.

Confira as fotos do último Dia de Princesa e da entrevista:

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A veterinária enfrentou o câncer de mama e deu relato sobre a trajetória pessoal para a nova coleção
A casa cor de rosa do Museu Vivo da Memória Candanga foi cenário para o ensaio
Hérica posa com flores para o ensaio do dia de princesa
Hérica Letícia esbanjou felicidades para as lentes de Andriea Bontempo
Com a nova coleção, a VitrinesDay incentiva a conscientização sobre o câncer de mama
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Dia de Princesa de Hérica Letícia

Divulgação/VitrinesDay
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A veterinária enfrentou o câncer de mama e deu relato sobre a trajetória pessoal para a nova coleção

Divulgação/VitrinesDay
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A casa cor de rosa do Museu Vivo da Memória Candanga foi cenário para o ensaio

Divulgação/VitrinesDay
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Hérica posa com flores para o ensaio do dia de princesa

Andreia Bontempo/Divulgação/VitrinesDay
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Hérica Letícia esbanjou felicidades para as lentes de Andriea Bontempo

Andreia Bontempo/Divulgação/VitrinesDay
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Com a nova coleção, a VitrinesDay incentiva a conscientização sobre o câncer de mama

Andreia Bontempo/Divulgação/VitrinesDay
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Hérica e Dayane

Andreia Bontempo/Divulgação/VitrinesDay
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Card da campanha da marca em prol do Outubro Rosa

Andreia Bontempo/Divulgação/VitrinesDay

 

Serviço
VitrinesDay (ateliê)
6/10, 16h às 21h
Quadra 302, Conjunto 9, Casa 5
Recanto das Emas, Brasília – DF

vitrinesday.com.br
(61) 99156-5949
dayanealmeida.souza@gmail.com
@vitrinesday

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Colaborou Hebert Madeira

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