Daniel Lee é o novo diretor criativo da grife britânica Burberry
Depois de uma temporada bem sucedida na Bottega Veneta, o estilista assumirá o cargo na marca inglesa como sucessor de Riccardo Tisci
atualizado
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Enquanto os envolvidos no universo fashion estão vidrados no que está acontecendo durante a primavera/verão 2023 nas semanas de moda internacionais, que encerra a temporada em Paris, capital da França, uma outra novidade movimentou o segmento. O anúncio de Daniel Lee como o novo diretor de criação da Burberry está dando o que falar. O designer assume o lugar de Riccardo Tisci, que esteve à frente das criações da grife desde 2018.
Vem saber mais!
Eis que os burburinhos se confirmaram. Desde que Daniel Lee deixou a Bottega Veneta, em novembro de 2021, os boatos indicavam que o próximo passo na carreira do jovem designer seria na Burberry. A etiqueta inglesa não se manifestou sobre as suposições e Riccardo Tisci permaneceu no cargo. Até agora.
Depois de adiar a apresentação que aconteceria na Semana de Moda de Londres por conta da morte da rainha Elizabeth II, a Burberry desfilou a mais nova coleção no último dia 26 de setembro. Logo após o show, veio o anúncio: “Depois de quase cinco anos, Riccardo Tisci decidiu deixar o cargo de diretor de criação e deixar a Burberry no fim deste mês. A sua coleção de primavera/verão 2023, apresentada esta semana em Londres, foi a última para a Burberry”, escreveu a grife em comunicado no Instagram.
Sobre a saída, Riccardo declarou: “A Burberry é um lugar muito especial, com um passado mágico e um futuro muito promissor. O capítulo que me pediram para escrever em sua longa história é um do qual estou incrivelmente orgulhoso e decidi que culminaria com meu show na segunda-feira. Eu prosperei para continuar um legado de inovação, e defendi consistentemente a criatividade e a diversidade, a fim de sempre manter a Burberry avançando.”
Na coleção do “adeus”, o designer continuou a explorar a relação humana com a natureza ao colocar a praia como protagonista, mais especificamente as praias inglesas. Ele traduziu os locais pouco solares em peças sóbrias, com direito a uma série de looks pretos, entre vestidos de festa em veludo, ternos de abotoamento duplo e itens em couro.
Currículo estrelado
Na mesma trilha de estilistas emblemáticos, como Stella McCartney, John Galliano, Alexander McQueen, Zac Posen e o próprio Riccardo Tisci, Daniel Lee também se formou-se em uma mais renomadas faculdades de moda do mundo: a Central Saint Martins, localizada em Londres, na Inglaterra. Ele começou a traçar a trajetória no mercado de luxo desde cedo.
Foi como pupilo de Phoebe Philo, na Celine, que os primeiros passos foram dados. Em sua passagem pela marca, Lee acompanhou de perto o trabalho da estilista e contribuiu no desenvolvimento de algumas coleções.
Além da etiqueta francesa, Daniel Lee coleciona passagens pela Maison Margiela, Balenciaga e Donna Karan. Como não poderia ser diferente, as experiências foram determinantes para o que viria a seguir: o convite para integrar o time da Bottega Veneta, casa na qual ele permaneceu por três anos.
Quando Lee chegou à label italiana, em 2018, o cenário era bem diferente do atual. À época, a Bottega estava em um momento delicado: estagnada há diversas temporadas, sem emplacar nenhuma peça com potencial de tendência e com uma imagem que não se conectava com as novas gerações. O que o designer propôs foi uma mudança que visava trazer mais frescor a partir de reinterpretações do próprio acervo da grife.
O primeiro grande sucesso foi a releitura de um dos carro-chefe da marca, a trama intrecciato. A versão proposta por ele foi parar numa bolsa tiracolo, tornando-se tendência instantânea entre as fashionistas. E não parou por aí. Ele também foi o responsável pelo retorno das mules, encorajou uma certa excentricidade no vestir, além da criação de clutches para lá de divertidas. Exemplo disso foi a bolsa The Pouch, revestida de tecido atoalhado, que se transformou em um viral cômico no TikTok.
A estratégia adotada por ele abriu caminho para outros jovens designers seguirem o mesmo. Esse é o caso de Glenn Martens, que tem feito um brilhante trabalho de resgate de identidade na Diesel. Para alcançar tal feito, ele tem apostado as fichas no elemento que elevou a marca ao status de desejo em meados dos 1990: o jeans.
Com uma trajetória bem sucedida até aqui, é esperado que Daniel Lee consiga elevar a Burberry, assim como fez com a Bottega Veneta. O jovem, com o olhar sempre atento, tem como assinatura a capacidade ímpar de transportar o zeitgeist para criações que transbordam contemporaneidade. Que assim permaneça.
Colaborou Marcella Freitas