Daniel Lee deixa a Bottega Veneta. Relembre a era do diretor criativo
Após saída da grife, fãs começaram a especular quais seriam os próximos passos. Casa já nomeou Matthieu Blazy como sucessor
atualizado
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O fim de uma era. Na última quarta-feira (10/11), o conglomerado Kering, detentor de marcas como Balenciaga, Saint Laurent e Gucci anunciou a saída de Daniel Lee da direção criativa da Bottega Veneta. A notícia movimentou a web e deixou muitas dúvidas. Afinal, o jovem estilista estava à frente da marca há apenas três anos e somava muitos sucessos. A coluna relembra a trajetória de Lee, elenca as transformações trazidas para a casa italiana e prevê os próximos passos dele.
Vem conferir!
Talento na moda
A faculdade Central Saint Martins, localizada em Londres, na Inglaterra, é conhecida por formar grandes talentos da moda. Na lista de célebres ex-alunos estão nomes como Stella McCartney, John Galliano, Alexander McQueen, Riccardo Tisci e Zac Posen — só para mencionar alguns. Como não poderia ser diferente, o britânico Daniel Lee também integra a lista de estudantes que passaram pela renomada instituição.
Antes mesmo de ser convidado para assumir o cargo de maior destaque na Bottega, Lee ficou conhecido no cenário da moda por ser um dos pupilos de Phoebe Philo na etiqueta francesa Céline. Em sua temporada na marca, ele acompanhou de perto o brilhante trabalho da estilista e contribuiu no desenvolvimento das coleções.
Além da Céline, Daniel coleciona passagens pelas grifes Maison Margiela, Balenciaga e Donna Karan. Com o estrelado currículo, tornou-se um nome irresistível para o mercado. Com as experiências, o estilista foi lapidando a própria assinatura, que pode ser definida como um minimalismo espirituoso.
Reinado de sucesso
Em julho de 2018, Daniel Lee assumiu a direção criativa da Bottega Veneta. A indicação foi uma surpresa e tanto. Isso porque a etiqueta era capitaneada pelo designer alemão Tomas Maier há quase duas décadas, mas faltava força para alcançar o novo público. O burburinho indicava que haveria uma nomeação interna, como foi o caso de Alessandro Michele na Gucci, em 2015. No entanto, a casa escolheu trilhar um caminho diferente e trazer alguém de fora, buscando renovar os códigos.
Imediatamente Lee despertou o interesse da imprensa especializada. E a curiosidade se deu por dois motivos principais: similaridade criativa com a mentora Philo e reposicionamento da marca de luxo no mercado. As mudanças foram iniciadas ainda no Instagram, que adotou uma estética mais limpa. Logo em seguida, também foi lançado um lookbook protagonizado por modelos internacionais, que exibiam a sua coleção de estreia: o pre-fall 2019.
O estilo da grife italiana foi reinterpretado por Daniel Lee. A estratégia adotada? Manter-se o mais fiel possível à sua direção criativa. No design, o primeiro grande sucesso foi a releitura de um dos carro-chefe da marca, a trama intrecciato. Em tamanho maxi, a versão de Lee foi parar numa bolsa tiracolo, tornando-se tendência instantânea entre as fashionistas. E não parou por aí. Ele também foi o responsável pelo retorno das mules, encorajou uma certa excentricidade no vestir, além da criação de clutches para lá de divertidas. Exemplo disso foi a bolsa The Pouch, revestida de tecido atoalhado, que divertiu os internautas na última semana.
Ainda em 2019, após um ano e meio à frente da Bottega, o britânico quebrou todos os recordes. O estilista conquistou quatro prêmios do British Fashion Awards, sendo coroado como designer de acessórios do ano, estilista do ano, estilista britânico (womenswear) do ano e marca do ano.
Para além das coleções, as estratégias de comunicação de Lee também foram ousadas. Uma das mudanças mais questionadas foi a saída da marca das redes sociais, no início de 2021. Substituindo a interação na web, a casa investiu em uma revista digital, na tentativa de estabelecer uma comunicação mais direta com a clientela, além de englobar postagens de embaixadores e fãs da marca.
O que vem a seguir?
Na última quarta-feira (10/11), a Kering emitiu um comunicado informando que Daniel Lee estaria saindo do cargo. “Sou muito grato a Daniel por ter trazido a sua paixão e energia para a Bottega Veneta. A sua visão singular tornou o legado da casa relevante na atualidade e trouxe-a de volta ao centro do panorama da moda. Gostaria de lhe agradecer pessoalmente pelo capítulo único que escreveu na longa história da Bottega Veneta”, declarou François-Henri Pinault, CEO da Kering.
Em resposta, Lee compartilhou que a passagem pela casa foi uma experiência incrível. “Sou grato por ter trabalhado com uma equipe tão excepcional e talentosa e serei sempre grato a todos aqueles que fizeram parte da criação da nossa visão”, disse.
A notícia se espalhou rapidamente na internet e as reações foram de surpresa. Em pouco mais de três anos, o brilhante direcionamento do estilista tornou a marca referência de jovialidade. Daniel Lee fez com que os itens da Bottega se tornassem um dos mais desejados e marcantes dos últimos tempos na moda. E a pergunta que está pairando desde o anúncio de sua saída é: qual será o próximo destino do estilista? Especula-se uma conversa com a etiqueta britânica Burberry, mas o boato ainda não foi confirmado.
Por outro lado, a Bottega Veneta sabe muito bem quem irá guiar os próximos passos da marca: Matthieu Blazy. Ex-diretor de design da Calvin Klein, o francês foi nomeado para o cargo de direção criativa. A trajetória do designer francês assemelha-se a de Lee em alguns pontos. Matthieu começou sua carreira como estilista masculino ao lado de Raf Simons, antes de se juntar a Maison Margiela. Em 2014, atuou como estilista sênior na Céline. Logo depois, voltou a trabalhar com Raf Simons na Calvin Klein, entre 2016 e 2019. Ele se tornou diretor de design na Bottega Veneta em 2020.
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Colaborou Marcella Freitas