Dane-se faz linda homenagem a Brasília em nova coleção
Em entrevista exclusiva à coluna, Daniel Moreira destrincha seu mais recente trabalho e fala sobre expansão para o eixo Rio-São Paulo
atualizado
Compartilhar notícia
Desde que chegou ao mercado em 2015, a Dane-se sempre apresenta coleções voltadas a Brasília em abril, mês de aniversário da cidade. Porém, neste ano, a etiqueta se superou. Com mais dois sócios incluídos no negócio, a empresa idealizada por Daniel Moreira e Enozor Junior deu aos seus clientes uma verdadeira aula sobre a construção da capital federal por meio das 70 peças que compõem o novo trabalho da label.
Inspirada pelos cinco anos que antecederam a concretização da visão de Dom Bosco, a marca investiu em roupas carregadas de referências e curiosidades, no maior compilado já desenvolvido por ela até agora. Intitulada Pioneiros, a nova linha não só faz um tributo aos responsáveis pela construção de Brasília como enfatiza o momento de expansão vivido pela companhia.
Em se tratando dos primórdios do grande feito de JK, o palco para a chegada da coleção não poderia ser outro: o Cine Brasília, aberto em 22 de abril de 1960, um dia após a inauguração da cidade. Foi exatamente nesse cenário, repleto de nostalgia, que os proprietários da marca nos revelaram o futuro de sua etiqueta, em um contraponto marcado pelo sucesso.
Vem conferir essas novidades comigo!
Para sua quarta coleção em homenagem ao aniversário de Brasília, a Dane-se buscou referências no período que precedeu a fundação da capital federal. Com apoio do Catetinho, que também foi cenário para a nova campanha da marca, os empresários Gustavo Rabelo, Enozor Junior, André Sodré e Daniel Moreira investiram nos fatos que envolveram a edificação da cidade planejada por Lucio Costa.
Os traços do urbanista, inclusive, figuram em várias das camisetas lançadas pela etiqueta nessa segunda-feira (15/04/19), bem como os azulejos de Athos Bulcão. Vistos em vários produtos da empresa, os trabalhos do desenhista carioca são exclusividade nas peças da label, graças a uma parceria fechada com a fundação brasiliense que gerencia a produção do artista.
Contudo, são os pequenos detalhes do trabalho que o tornam tão especial. A peça Brasília Japão, por exemplo, retrata a vinda dos japoneses para o planalto central. “Na época da construção, nada que se plantava aqui vingava, porque a terra era muito seca. Daí eles tiveram a ideia de chamar famílias japonesas para cultivar a terra”, relata Daniel.
Em meio aos grafismos característicos da cidade, uma camisa de animal print parece destoar entre as demais criações, mas tudo faz sentido quando o empresário lembra uma de suas visitas ao Catetinho. “Um dos funcionários foi me explicar porque lá tem pilotis. Eu imaginava que seria uma referência de Brasília, porque aqui tem muitos prédios suspensos, mas ele me contou que havia muitas Jaguatiricas por lá. Para evitar qualquer tipo de acidente, eles suspenderam o prédio”, conta.
Mas se você acha que as estampas animais, nunca antes utilizadas pela Dane-se, encerram sua participação na marca por aqui, os sócios adiantam que muito mais está por vir. “A gente já vinha querendo usar animal print, porque é uma tendência que tá vindo forte, superando até mesmo o neon, então foi legal encontrarmos um contexto legal já nessa coleção, porém, em nosso próximo trabalho, vamos contar a história dos anos 1980. Vai ser o bicho!” brinca o empresário, que nos revelou planos animadores para sua marca. Confira:
Por que retratar os cinco anos que antecederam a inauguração de Brasília?
Todos os anos a gente busca um jeito de reinventar a história da cidade. Como a gente sempre se apoiou na parte monumental e artística, desta vez, partimos de 1955, quando JK estava concorrendo à presidência, até o dia da inauguração, contando, por meio das estampas, as histórias anteriores ao nascimento de Brasília.
Com quatro coleções inspiradas em Brasília, algumas referências devem acabar se repetindo. O que vocês conseguiram trazer de novo para este trabalho?
Uma característica bem marcante da coleção é o planejamento da cidade, pois o projeto antecedeu a execução. A parceria com a Athos Bulcão, que está com a gente há algumas temporadas, foi reinventada por meio dos croquis iniciais. O azulejo da Igrejinha, por exemplo, foi desenvolvido antes da inauguração de Brasília. A pedido da Sarah Kubitscheck, a capela foi inaugurada dois anos antes, em 1958, assim como o Brasília Palace, que também conta com um painel feito por Bulcão. Além disso, temos estampas feitas com o carimbo de projeto usado na época, outra que remete à construção do Catetinho… Acho que conseguimos fugir do óbvio.
Você parece bem inteirado sobre os aspectos que circundam a criação da cidade. Como é o trabalho de pesquisa de vocês?
É um trabalho contínuo. A gente sempre está buscando curiosidades e histórias a respeito da cidade. Felizmente, contamos com a ajuda do Catetinho, que tem apoiado nossos projetos. Nossa nova campanha, inclusive, foi fotografada lá. O arquivo público do DF também nos auxilia com imagens e, para esta coleção, especificamente, assistimos à série Mil Dias, do History Chanel, que conta a saga da construção da cidade.
Essa coleção está maior em número de peças e contou com um lançamento mais expressivo que os outros. Tem algum motivo específico para isso?
Esta é a nossa grande coleção, em importância e números. São 70 peças. A Dane-se está em um trabalho de expansão, a começar pelo ponto do Iguatemi, que era uma pop-up e agora será loja fixa. Fechamos um contrato até 2021. Além disso, há 15 dias, fechamos contrato para inaugurar uma loja na 210, onde funcionará nossa flagship, a partir de junho. Será o ponto central da marca, com café e bar anexo. Queríamos um trabalho que marcasse esta nova fase.
E por que vocês acreditam que este é o momento para expandir os negócios?
Com a loja do Iguatemi, a gente saiu de um crescimento de 100% ao ano para 200% em apenas dois meses. Vimos que temos potencial para voos mais altos. No final do ano passado, começamos a buscar pessoas que gostariam de empreender com a gente. Encontramos dois novos sócios, que agora se dedicam à expansão da marca. Esta coleção se chama Pioneiros não só pelo tema, mas pelo momento que vivemos. É sobre o pioneirismo de uma marca de Brasília chegando em outras capitais do país.
Então vocês estão planejando abrir lojas fora de Brasília?
A ideia, a princípio, é abrir uma loja própria em São Paulo até o final do ano. Existe a possibilidade de investirmos no Rio de Janeiro antes, mas, ainda em 2019, levaremos a Dane-se para fora de Brasília, sim.
Vocês se identificam como uma marca agênero? Como o público de Brasília recebe esse conceito?
Nós temos um posicionamento genderless. Todas as nossas peças são unissex, com exceção das calças, que têm modelagens específicas para homens e mulheres. Nossas camisetas começam no PP e vão até o XG. No começo, foi difícil levantar essa bandeira. Nos três primeiros anos, as mulheres entravam na loja procurando por peças femininas e ficavam receosas, mas desde o ano passado a gente resolveu lutar pela moda sem gênero, que é o que a gente faz de melhor. Nossas campanhas trazem homens e mulheres vestindo as mesmas roupas, para mostrar que uma camiseta não precisa ser baby look para uma mulher vestir.
A apresentação da coleção Pioneiros animou o Cine Brasília, que há tempos não via tantos fashionistas em suas instalações. Após o bate-papo com Daniel, a coluna aproveitou para registrar alguns dos melhores looks que passaram pelo coquetel de lançamento. Dá uma olhada:
Para outras dicas e novidades sobre o mundo da moda, não deixe de visitar o meu Instagram. Até a próxima!
Colaborou Danillo Costa.