Cyndi Lauper faz 70: relembre looks marcantes da carreira da cantora
Um dos principais nomes da música oitentista, a artista ficou conhecida pelo estilo excêntrico, com cabelo colorido e acessórios exagerados
atualizado
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É difícil falar dos anos 1980 sem mencionar o exagero lúdico e vibrante da moda desse período. Ao juntar isso à música, é fácil cantarolar mentalmente Girls Just Wanna Have Fun, canção que levou Cyndi Lauper ao estrelato global. Um dos nomes moldaram a cultura pop oitentista, incluindo a estética fashion, a artista completa 70 anos nesta quinta-feira (22/6), e, em 2023, também celebra os 40 anos do primeiro álbum solo.
Na época, Lauper despontou como uma porta-voz da excentricidade com o cabelo ruivo vibrante e os visuais que não poupavam adornos. Abaixo, veja alguns dos looks que marcaram a carreira da cantora, detentora de prêmios Grammy, Emmy e Tony, entre vários outros. Vem conferir!
Passado artsy
A trajetória de Cyndi Lauper é lembrada por sucessos oitentistas, como a já citada Girls Just Wanna Have Fun, além de True Colors, Time After Time e She Bop. O que nem todo mundo sabe é que, antes de seguir carreira solo, ela fez parte de algumas bandas, ainda no início dos anos 1970. Para algumas delas, fazia covers de hits clássicos do rock. Ela também esteve à frente do grupo Blue Angel, que chegou a lançar um disco em 1980, mas se desfez poucos anos depois.
Desde a infância, o estilo de Lauper foi marcado pela personalidade. Divorciados, os pais da cantora exerceram diferentes influências no universo criativo da filha. Lauper herdou o apreço pela música escutando os discos da mãe. O pai, por sua vez, era admirador da arquitetura e da literatura; levava a filha para visitar museus e assistir peças de Shakespeare. Além disso, ela teve uma avó que, assim como a própria mãe, era uma grande costureira, bem como um avô que foi modelista.
“Antes de ser uma estrela pop, as pessoas jogavam pedras em mim porque eu usava roupas vintage que não me serviam muito bem, e era diferente”, relatou Lauper à revista britânica Big Issue, citando uma crise de personalidade que veio após a fama.
“Quando fiquei famosa, todo mundo começou a se vestir como eu. Eu não esperava isso. Acho que eles só queriam se divertir. Senti que não poderia mais ser quem eu era porque tudo tinha acabado. Era como um uniforme, algo que eu vestia para me fortalecer. Eu escolhi todas aquelas peças.”
Legado oitentista
O pontapé de Cyndi Lauper rumo ao sucesso mundial foi o disco She’s So Unusual, de 1983. Dele saiu o tão falado single Girls Just Wanna Have Fun, reinterpretação da faixa de mesmo nome lançada por Robert Hazard em 1979.
Com uma letra pautada pelo empoderamento das mulheres, na versão de Lauper, o clipe da faixa virou uma sensação repentina na MTV. A cantora eternizou ali o que viria a ser sua grande assinatura fashion, até hoje referenciada quando o assunto é moda dos anos 1980 – isso inclui o famoso cabelo ruivo vibrante.
Nos vídeos, ensaios fotográficos ou nos palcos, Cyndi mesclou com maestria a essência rebelde do visual punk – como as maquiagens que evocam a modelo e ícone de estilo Soo Catwoman – com as cores vivas do pop, além de abraçar elementos nada convencionais, como sobreposição de pulseiras e cintos, e as roupas vintage garimpadas. Inclusive, em uma loja de Nova York onde ela mesma trabalhou na casa dos 20 anos.
“Me senti confortável o suficiente em minha própria pele para criar um visual único. A música também me empoderou. Na verdade, eu acrescentava tule às coisas porque sempre senti que sou muito pequena e, quando subia no palco, queria ser maior. Eu queria um cabelo maior”, lembrou a artista em sua participação como jurada no programa Project Runway, em 2020.
Mesmo com 12 discos no currículo, as “eras” mais emblemáticas da carreira de Lauper concentram-se nos anos 1980, período que também marcou o lançamento dos álbuns True Colors e A Night to Remember. A moda estava fielmente presente em todas as fases. Na década de 1990, um acessório bem específico inspirou o título do álbum Hat Full of Stars: um “chapéu da sorte” que ela usava para fingir que estava “capturando o céu” durante uma fase sombria da vida.
Desde então
Nem mesmo a autenticidade de Lauper esteve imune às pressões externas o tempo todo. Cansada de questionamentos sobre sua forma de se vestir, sobretudo após virar mãe (em 1997), ela aderiu a um visual mais discreto nas roupas e nas cores do cabelo em meados dos anos 2000, optando por peças pretas em diversas ocasiões, além de fios que variavam do platinado ao loiro, em comprimento mais curto. As escolhas mais ousadas, como penteados cheios de volume e looks com alfaiataria e renda, voltaram na virada para os anos 2010.
“Houve um longo período em que simplesmente parei. Alguém me disse: ‘Por que você simplesmente não usa jeans e uma camiseta?’ E então, em 2005, simplesmente desisti e comecei a fazer isso”, contou ela à People, em 2020, sobre a pressão de parecer com as outras mães da escola do filho. Contudo, o visual minimalista a deixou desconfortável.
A confiança para voltar a ser “Cyndi Lauper” aos moldes que todos conhecem voltou por influência de Lady Gaga, após uma campanha que as duas estrelaram para a linha MAC Viva Glam, que levanta fundos para conscientização sobre pessoas com HIV, em 2009. “O que foi ótimo em trabalhar com ela foi que eu não precisava me preocupar em parecer uma aberração”, relembrou.
Além da música
Um currículo tão vasto como o de Cyndi Lauper – que, além dos discos, inclui filmes, séries e musicais na Broadway –, não poderia deixar de fora lançamentos de moda sob a própria assinatura da artista. Em 2017, ela trouxe um pouco de seu próprio toque “elegante, divertido e um pouco rock n’ roll” para uma collab de vestuário, acessórios e calçados com a rede HSN, intitulada Touch of Cyn (Toque da Cyn, em tradução livre).
Dois anos antes, Cyndi uniu forças com a organização M4D3 (Make a Difference Everyday). Criou três modelos atemporais de tênis, em uma coleção com receita revertida para o True Colors Fun, fundação voltada para pessoas sem moradia da comunidade LGBTQIA+ nos Estados Unidos.
“Adoro moda. Ela muda o tempo todo, mas não vou usar o que usava nos anos 1980. Era uma época totalmente diferente – acho que ficaria ridícula com toda a maquiagem e penteados malucos. Eu visto o que parece empoderador. Acima de tudo, o que você veste tem que lhe trazer alegria. Deve ser glamoroso e fazer você se sentir bem consigo mesmo”, defendeu a cantora à InStyle. Além disso, acrescentou: quando se trata de estilo, o mais importante é que cada um saiba o que funciona ou não no próprio corpo.
Colaborou Hebert Madeira