Crise no varejo norte-americano: 6,3 mil lojas devem fechar em 2019
Com aumento exponencial das vendas on-line, marcas estão acabando com pontos físicos para conter prejuízos
atualizado
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Embora o comércio on-line esteja entre nós desde o início da década de 1990, a ideia de ter um produto em mãos logo após a compra sempre deu uma certa vantagem às lojas físicas.
Contudo, as logísticas de distribuição do mercado norte-americano hoje permitem ao cliente receber uma compra na manhã seguinte ao pagamento, complicando a vida dos empresários que mantêm estabelecimentos nos EUA.
O início de março tem sido de apreensão para as grandes redes varejistas presentes na terra do Tio Sam. Apenas na primeira semana deste mês, mais de 1,1 mil lojas tiveram fechamentos agendados para o primeiro semestre. E a expectativa é que esse movimento se intensifique.
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A ascensão de e-commerces como Amazon, e-Bay e Target tem reduzido o fluxo de clientes nas lojas físicas norte-americanas, forçando as empresas a mudarem suas estratégias de vendas. Hoje, em vez de investir em contratação de pessoal e na estrutura dos estabelecimentos, as grandes companhias preferem realocar seu capital no comércio digital, o que tem causado um forte efeito no varejo têxtil dos EUA.
De acordo com um relatório da Coresight Research, empresa especializada em pesquisas de mercado globais, mais de 6,3 mil lojas já estão programadas para fechar neste ano, com vários pedidos de falência recebidos no primeiro trimestre de 2019. Apenas a marca Payless ShoeSource encerrará 2.590 operações físicas até o fim de maio.
Nomes como Abercrombie & Fitch, American Apparel, Gap, Guess, J.C. Penney, Macy’s, Michael Kors, Victoria’s Secret e Diesel também estão entre as etiquetas que anunciaram baixas. Esta última, inclusive, entrou com pedido de falência devido a grandes perdas financeiras e erros de investimento.
Em 2018, a Coresight contabilizou 5.528 fechamentos e, em 2017, ano recorde de operações encerradas, esse número chegou a incrível marca de 8.139 estabelecimentos descontinuados.
Para entender melhor esse fenômeno, os corretores de imóveis analisam a metragem quadrada referente às lojas fechadas. Em 2017, os varejistas registraram um recorde de 9 milhões de metros quadrados em espaços vazios, enquanto em 2018 esse número ultrapassou os 10 milhões, de acordo com estimativas do CoStar Group.
Nos primeiros três meses de 2019, já foram contabilizados 3 milhões de metros quadrados – cerca de 1 milhão por mês.
“Nos anos anteriores, lojas maiores foram fechadas. Agora, as cadeias menores estão sendo afetadas”, diz Drew Myers, consultor sênior da firma de dados imobiliários, ao USA Today.
A crise no mercado americano, apelidada de “apocalipse do varejo”, devasta a economia desde 2010 – consequência da crise financeira de 2008. O setor varejista se viu em meio a um caos de fusões, aquisições, falências e liquidações. As principais lojas de departamento, como JCPenney, Macy’s, Sears e Kmart, fecharam centenas de unidades e várias marcas deixaram de ser lucrativas para os executivos de Wall Street.
Os trabalhadores foram particularmente afetados, uma vez que os varejistas recorreram a demissões em massa para alcançarem os gigantes do comércio on-line. Como referência, do quarto trimestre de 2017 até o mesmo período de 2018, as vendas digitais do Walmart aumentaram 43%. Na Target, embora mais tímida, a alta foi considerável: 31%.
O declínio no padrão de vida da classe trabalhadora alimenta diretamente o apocalipse do varejo. Os salários dos trabalhadores tiveram pouco ou nenhum aumento nos últimos cinco anos e qualquer crescimento econômico experimentado desde 2008 foi direcionado aos mais ricos.
Estudos mostram que 15% dos varejistas correm o risco de fechar e até 25% dos shoppings americanos entrarão em declínio em 2020, com dezenas de milhares de pessoas perdendo seus empregos. Segundo o Yahoo! Finanças, 41 mil trabalhadores foram demitidos apenas em janeiro e fevereiro. Contudo, os EUA registraram um ganho líquido de 20 mil empregos totais nesSe período. O que isso significa?
Quase 30 anos depois de ter se tornado amplamente acessível ao público, a internet está nos estágios finais para substituir o varejo físico. Mas isso não está matando a economia. As necessidades passaram a ser supridas de forma conveniente e com preços mais baixos, enquanto os trabalhadores são desviados das lojas para os centros de distribuição.
Aconteceu o mesmo quando a indústria automobilista evoluiu e todos se beneficiaram, pois os meios de transporte ficaram mais rápidos e baratos. Nas últimas décadas, vimos o e-mail substituir o fax e, hoje, temos os serviços de streaming derrubando as mídias físicas.
Esse próximo modelo de comércio, certamente, significará tempos difíceis para alguns trabalhadores e algumas empresas, mas é preciso que encaremos o futuro da melhor forma possível. Com a evolução constante da tecnologia, novos empregos serão criados.
Há 20 anos, a ideia de ter um smartphone era impensável, mas hoje é um dos objetos de uso pessoal que mais gera emprego ao redor do planeta. Como noticiei há pouco tempo, o Instagram está derrubando as revistas de moda, mas o mundo fashion segue em harmonia. Mudar é assustador, mas é inevitável.
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Colaborou Danillo Costa