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Crise no varejo: Nordstrom e Neiman Marcus à beira de um colapso

Enquanto a rede de lojas de Seattle cancelou todos os pedidos, empresa voltada ao mercado de luxo deve anunciar falência nos próximos dias

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Andrew Chin/Getty Images
Nordstrom
1 de 1 Nordstrom - Foto: Andrew Chin/Getty Images

Depois de fechar mais de 6,3 mil lojas em 2019, o varejo fashion norte-americano chegou a esta década com a difícil missão de sobreviver à expansão do comércio on-line. Enquanto Forever 21, BarneysOpening Ceremony não resistiram às mudanças do mercado, outras empresas do setor tiveram prejuízos alarmantes no primeiro trimestre deste ano.

Forever 21 pediu recuperação judicial e anunciou o fechamento de mais de 300 lojas

 

Com dívida milionária, Barneys New York pediu proteção contra falência

 

Opening Ceremony divulgou que fechará todas as lojas em 2020

 

Agora, com os impactos econômicos do coronavírus, as companhias que já apresentavam sinais de falência entraram em um cenário ainda pior. Enquanto a Nordstrom divulgou que suspendeu todos os seus pedidos de maio, junho e julho, a rede de luxo Neiman Marcus deve declarar falência ainda nesta semana.

A crise no varejo norte-americano se alastra desde a bolha imobiliária de 2008. Na época, as empresas do setor mergulharam em fusões, empréstimos e liquidações para se recuperarem dos impactos gerados pelo declínio da economia nos EUA, mas nem todas tiveram sucesso.

A Abercrombie & Fitch fechou centenas de estabelecimentos nos últimos anos. A marca está focada nas vendas on-line

 

A GAP fechou mais de 250 lojas em todo o mundo, cerca de 50% de seus pontos físicos

 

A maior varejista dos EUA fechou sete lojas e demitiu mais de 5 mil trabalhadores

 

Ao passo que redes como JCPenney, Macy’s, Sears e Kmart desativam centenas de pontos físicos a cada ano, e-commerces em expansão implementavam logísticas de entrega mais rápidas e preços competitivos, crescendo mais de 30% ao ano.

Entre os comércios físicos, por outro lado, o cenário piorou em uma proporção muito maior, principalmente após a pandemia do coronavírus. Fontes garantem ao The New York Times que a rede de luxo Neiman Marcus vai pedir falência ainda nesta semana, tornando-se a primeira grande loja de departamentos a sucumbir aos percalços da Covid-19.

Neiman Marcus
Fontes afirmam que a rede de luxo Neiman Marcus irá pedir falência nos próximos dias

 

A empresa com sede no Texas ficou com poucas opções depois que as políticas de contenção a obrigaram a fechar temporariamente todas as suas 43 unidades, além de 24 lojas da Last Call e duas Bergdorf Goodman, que também são administradas pela companhia.

Depois de não conseguir honrar seus débitos de março e abril, a Neiman multiplicou suas dívidas, que hoje chegam a US$ 4,8 bilhões, segundo a empresa de classificação de crédito Standard & Poor’s. Grande parte desse déficit provém do caos econômico de 2008.

Bergdorf Goodman
A Neiman Marcus também detém a famosa Bergdorf Goodman

 

Até o momento, a gigante do varejo norte-americano não comentou as declarações feitas pelas fontes do The New York Times, que argumentam que o pedido de falência tem como objetivo atrair o interesse de potenciais compradores.

O grupo Hudson’s Bay Company, dono da Saks Fifth Avenue, demonstrou interesse em adquirir a Neiman Marcus em 2017. Entretanto, pessoas familiarizadas com a negociação revelaram que a negociação foi interrompida após a empresa canadense ser repassada a um grupo de acionistas liderado por Richard Baker.

Saks Fifth Avenue
Donos da Saks Fifth Avenue cogitaram comprar a empresa, mas as negociações não avançaram

 

“À luz dos eventos decorrentes da pandemia de coronavírus e da nossa expectativa de recessão nos EUA neste ano, acreditamos que as perspectivas de recuperação da empresa são cada vez mais baixas”, escreveram os analistas da Standard & Poor, em nota.

O cenário no qual a NM se encontra é evitado há anos. A rede de lojas renegociou obrigações financeiras e fez um acordo de reestruturação com seus credores, todavia, o surto da Covid-19 levou a empresa à beira do abismo.

Neiman Marcus
Pandemia piorou a situação da empresa

 

Embora tenha pedido que alguns funcionários retornassem às lojas fechadas para atender pedidos on-line, a rede não chegou perto de compensar as vendas físicas, já que e-commerces de luxo, como Net-A-Porter e Farfetch, dominam o mercado de luxo virtual.

Empresas como Macy’s e Nordstrom perseguem novos financiamentos e empréstimos, no intuito de honrar as folhas de pagamentos e aluguéis das lojas. A segunda companhia, inclusive, cancelou todos os pedidos, além de transferir sua tradicional campanha de aniversário para agosto.

Nordstrom
A Nordstrom congelou a compra de novos produtos

 

A ação promocional normalmente é realizada em julho, quando o varejo enfrenta uma baixa nas vendas. Trata-se do principal evento comercial da rede. A tática de disponibilizar as coleções de outono quando as concorrentes não têm produtos novos nas araras se tornou um grande case de sucesso na indústria.

“Estamos reavaliando nossas necessidades para o evento. Dado o ambiente promocional atípico estimulado pelo fechamento do comércio de rua, sabemos que haverá menos demanda para a venda de aniversário agora”, justificou a Nordstrom, que fechou todas as suas lojas em março.

 

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Everyone’s talking about our Anniversary Sale ? #nsale

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A companhia encerrou 2019 com uma receita de US$ 850 milhões, mas, para se defender dos efeitos devastadores da quarentena, não hesitou em cortar mais de US$ 500 milhões em despesas operacionais, além de suspender seus dividendos.

“Essas ações são para nos posicionar melhor entre nossos funcionários, clientes e acionistas. São medidas proativas para fortalecer nossa flexibilidade financeira e oferecer liquidez a curto e longo prazo, na medida em que emergirmos deste período sem precedentes”, diz a diretora financeira Anne Bramman, ao WWD.

Nordstrom
Nordstrom tem situação mais amena, mas não menos incerta

 

Outras lojas de departamento que não conseguem retorno significativo no comércio eletrônico também podem perecer devido à pandemia. A J.C. Penney, por exemplo, considera pedir falência para renegociar suas dívidas, impagáveis a esta altura.

 

Colaborou Danillo Costa

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