Cosmo: inspirada no RJ, marca de beachwear conquista celebridades
A fundadora, Lucia Hsu, dá detalhes sobre a trajetória e o futuro da etiqueta carioca, usada por Anitta, Isis Valverde, Duda Beat e mais
atualizado
Compartilhar notícia
A grande inspiração da Cosmo é o Rio de Janeiro. Fundada pela carioca Lucia Hsu, a marca focada em beachwear está no mercado desde 2017, com vendas via e-commerce. Entre os destaques, estão estampas autênticas, pegada eco-friendly e modelagem que preza pela diversidade de corpos. Com o trabalho autoral, a grife já conquistou celebridades como Anitta, Isis Valverde, Duda Beat, Manu Gavassi, Camila Coutinho e Rafa Kalimann.
Vem conhecer!
Frequentadora assídua de praias, a designer de produtos Lucia Hsu, de 35 anos, acompanhou durante anos amigas, com diferentes tipos de corpos, que se sentiam inseguras ao usar biquínis. Da vontade de proporcionar mais autoconfiança para as mulheres e propagar a liberdade nasceu a Cosmo.
Outro pontapé foi o desejo de não depender de outras marcas. “Eu tinha um biquíni australiano que amava muito e não existia por aqui, e um dia ele voou da varanda e nunca mais recuperei. Esse foi o gatilho”, lembra a idealizadora da marca, em entrevista à coluna.
Lucia Hsu quis empreender em algo que representasse um estilo de vida “livre e solar”. “O DNA da Cosmo é uma comunidade alimentada pelo impacto positivo que a autoconfiança nos traz para viver nossos momentos de lazer com plenitude”, destaca. “Por meio de peças confortáveis, a gente muda nossa postura e, assim, influenciamos positivamente outras mulheres ao nosso redor a fazer essa mesma busca”, explica.
Atualmente, a grife é comandada ao lado das sócias Natália Barros e Luisa Martini. A etiqueta não trabalha com estações; aposta em lançamentos pontuais e pequenos. Além de biquínis e maiôs, a label investe em itens versáteis e descolados de vestuário.
Criadas por Lucia Hsu, as peças da Cosmo misturam conforto, versatilidade e um toque de elegância retrô. Um dos highlights da marca é o compilado Orla, que faz referência ao famoso calçadão de Copacabana.
Confira o bate-papo com a fundadora da Cosmo:
Por que criar uma marca focada no beachwear e em peças esportivas?
Lucia Hsu: Porque o meu estilo de vida basicamente acontece na praia e fazendo esportes, e eu acredito muito em trazer esse mesmo estilo de vida para outras mulheres. Eu quero que a gente se sinta autoconfiante através do conforto e livres na praia e em todo lugar. Gosto da ideia de misturar a proposta da praia e do esporte com o nosso estilo de vida agitado aqui no Rio.
As peças são pensadas para serem usadas em qualquer ocasião, mas sempre com essa energia de “estou chique, né? Mas eu vim de bicicleta e essa roupa é perfeita para pedalar” ou “vou dançar a noite inteira e preciso de um look que me dê mobilidade e me deixe bonita”. Mais ou menos por aí.
De onde vêm as suas inspirações?
Eu desenho todas as peças sozinha, não temos equipe de estilo ainda. Minhas inspirações vêm de histórias que eu gosto de contar. O Rio de Janeiro é uma imensa inspiração para mim, aprendi a amar ainda mais essa cidade depois de ter a Cosmo.
Eu me inspiro no Rio de Janeiro nos anos 1970; nos passeios de bicicleta que faço pela cidade, observando o comportamento das mulheres nas areias; na vida real.
Nada do que eu crio é pensado para estar em grandes revistas de moda, mas sim, nas ruas, onde eu gosto de ver a alegria das mulheres ali se divertindo. Sou canceriana e muito nostálgica, então, diria que o retrofuturismo, esse híbrido entre o passado e o futuro, é um conceito que me move tanto para criar as peças quanto para contar as histórias por meio das campanhas, que também são dirigidas por mim.
Qual a vantagem de trabalhar com o formato 100% digital? Você tem planos para abrir um espaço físico algum dia ou pretende seguir apenas on-line?
A vantagem existe porque comecei a Cosmo com muito pouco, e foi o meio de fazer acontecer. Eu acredito no óbvio potencial do on-line, inclusive por ver muitas marcas de sucesso fora do Brasil que também são nativas digitais.
Nós temos, sim, planos de abrir uma loja no futuro que seja 100% a cara da Cosmo, a tradução de tudo o que falei até aqui num espaço físico. Um sonho que vai se realizar no momento que estivermos preparados pra isso. A empresa ainda é muito pequena. Somos cinco pessoas, mas tudo tem sua hora. Por enquanto, estou feliz vivendo só no digital.
A marca é focada em produção de pequena escala e também aposta em tecidos biodegradáveis, certo? Qual a importância de apostar em uma confecção mais consciente? Você acredita que a moda tem evoluído nesse sentido?
Sim, produzimos em pequena escala aqui mesmo no Rio, e 90% dos biquínis são biodegradáveis. Para mim, uma produção responsável e consciente sempre foi a única opção porque eu não acredito que esse modelo será sustentável no futuro e eu quero colaborar na construção de um mercado de moda “do futuro”, agora mesmo no presente.
Então, a gente faz o máximo que está ao nosso alcance para estarmos do lado certo. Só fazermos promoção uma vez ao ano, na Black Friday, pois fazemos tudo em quantidades limitadas, evitando sobras. Acho que a moda tem evoluído nesse sentido graças à pressão no bolso dos consumidores, porque se dependesse só da consciência de grandes empresas nada teria mudado.
Acho que ainda estamos bem longe disso no Brasil, onde a maior parte dos consumidores não têm o privilégio financeiro de pensar nisso e escolher comprar dos menores, de quem se preocupa. Fazer roupa de forma consciente custa bem mais caro, mas acredito nesse caminho porque é o certo.
Conte um pouco sobre o processo interno da Cosmo.
Hoje, somos três sócias e mais duas pessoas na equipe. Nossa confecção não é própria, produzimos com uma fábrica no Rio e outra em Niterói. Comecei a Cosmo sozinha, embalando cada biquíni, falando com cada cliente; fotografando e produzindo tudo.
A gente se divide. E eu cuido dos conteúdos fotográficos, campanhas, desenvolvimentos das peças, fornecedores. As minhas sócias cuidam da organização interna, marketing, mídias. O legal é que estamos cada uma em uma cidade, e eu no Rio com nosso escritório e as duas pessoas da equipe, e funciona superbem.
Tentamos levar a empresa de uma forma bem orgânica, sem se atropelar, pois nenhuma de nós tem formação em moda ou administração, mas outros talentos de outras áreas, e todos nós aprendemos juntos os processos de uma empresa de moda. Essa foi a forma como aconteceu, mas, agora, estamos começando a buscar apoio externo de pessoas da área para otimizar nossos processos internos.
A Cosmo conquistou celebridades como Anitta e Isis Valverde, além de várias influenciadoras digitais. Como tem sido todo esse sucesso?
Eu ainda estou meio chocada com esse sucesso! É muito louco desenvolver uma peça de roupa que caiu nas graças de celebridades, porque não é nisso que penso ao fazer as estampas, as modelagens.
É tudo sobre contar uma história. A coleção Orla já era um desejo antigo que só agora conseguimos verba para realizar. Uma homenagem ao Rio, à Copacabana, bairro que eu amo e onde faço natação, pedalo…
Essa homenagem existia no meu coração. O Rio sempre precisa ser exaltado, porque estamos sempre no caos. E é muito gratificante ver que mulheres que têm acesso a tudo o que elas quiserem gostaram de usar um look que eu rascunhei, executei e fotografei para contar uma história. Converteu em vendas, e estou bem feliz. Espero que aconteça em todo lançamento daqui para frente!
A atuação da marca mudou de alguma forma durante a pandemia? Como é comandar uma marca neste período tão conturbado?
Colocamos mais foco em fazer roupas, criamos a hashtag #emcasadebiquini. Foi um ano de crescimento para a gente, na verdade. A Natália entrou na Cosmo em 2019. Em fevereiro de 2020, a gente contratou a Lohaynne, nossa primeira funcionária, para me dar assistência. Desde então, temos crescido, mesmo diante do contexto.
Comandar uma marca neste momento conturbado é ruim quando preciso entender novos prazos, o timing diferente para muitas coisas. É, principalmente, desafiador, pois mudou a forma como a gente fotografa, já que a gente sempre gostou de fotografar com pessoas ao redor.
Mudamos nosso discurso para não incentivar a ida às praias, à rua…. As marcas têm que adaptar o discurso, os valores, para essa realidade. Como a Cosmo é muito diurna, esportiva, solar, acho que conseguimos navegar bem na pandemia. Mas, acima de tudo, é um grande experimento muito enriquecedor, ter uma marca sem conhecer tão bem o mercado e, ainda assim, conseguir crescer. Sinal de que estamos fazendo a coisa certa!
A ideia é que a Cosmo tenha cada vez mais drops, com variados shapes e novas estampas. Entre os planos para o futuro, estão uma linha infantil e a expansão para o exterior, inicialmente nos Estados Unidos.
Colaborou Rebeca Ligabue