Coronavírus: seis marcas chinesas cancelam desfiles em Paris
A federação organizadora da fashion week parisiense promete disponibilizar “plataformas de comunicação” para as grifes que cancelaram shows
atualizado
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O cronograma da Semana de Moda de Paris, que começa no dia 24 de fevereiro, terá alguns desfalques em consequência do coronavírus. Nessa terça-feira (11/02/2020), a Federação da Alta-Costura e da Moda, organizadora do calendário oficial, anunciou o cancelamento dos desfiles de seis marcas chinesas: Calvin Luo, Jarel Zhang, Maison Mai, Masha Ma, Shiatzy Chen e Uma Wang.
Pelo Instagram, a marca Jarel Zhang informou que a intenção é “garantir a boa saúde e segurança da equipe de ambos os países e reduzir o número de contatos”. A empresa prometeu retornar para os shows de primavera/verão 2021, em setembro. Os desfiles de outono/inverno 2020/21 em Paris estão marcados para acontecer até o dia 3 de março, quando a label desfilaria.
Até o momento, há mais de 44 mil infectados pelo coronavírus, que matou mais de mil pessoas, a maioria na China. No mundo, 26 países têm casos registrados. Em comunicado, o órgão francês afirmou que “disponibilizará todas as suas plataformas de comunicação para que essas marcas compartilhem o trabalho que planejavam apresentar na França e no exterior”.
Harry Wang, diretor executivo da Shiatzy Chen, disse que a grife concentrará esforços em “um novo formato de comunicação” para mostrar a nova coleção. “Achamos que é a ação mais apropriada após pensamentos e considerações profundas”, destaca trecho citado pelo WWD. Assim como a Jarel Zhang, a marca se manifestou sobre o cancelamento por conta própria.
Na última semana, os organizadores das semanas de moda de Londres e Milão haviam anunciado que centenas de compradores e editores de moda deixariam de viajar para os eventos como uma forma de evitar a propagação da doença.
Na Itália, por exemplo, eles participarão da programação de maneira remota, com shows transmitidos ao vivo e veiculação de conteúdos nas redes sociais. A iniciativa tecnológica e digital foi chamada de “China, estamos com você”. Além da cobertura, eles também devem aumentar as promoções nas compras on-line para atrair os buyers chineses.
O British Fashion Council (BFC), por sua vez, anunciou que tomará ainda mais cuidado com a higiene dos espaços dos shows e oferecerá desinfetantes para as mãos. Os italianos preveem a ausência de cerca de mil chineses no circuito do Milão Fashion Week. Os britânicos estimam que a presença deles será “significativamente reduzida”, como informa a AFP.
Além disso, com o fechamento das fábricas, grifes chinesas como a Angel Chen, que se apresentaria em Milão, não conseguiram finalizar as coleções a tempo de participar da semana de moda italiana. No caso de Londres, isso aconteceu com a marca ASAI, baseada em Xangai.
As consequências não param por aí. A previsão de queda nas vendas do primeiro semestre é de 1,8%, nas contas da Câmara Nacional de Moda Italiana (CNMI).
Enquanto isso, duas semanas de moda da China, de Pequim e Xangai, foram adiadas por causa da doença. Os eventos estavam previstos para começar nos dias 25 e 26 de março, respectivamente.
Os negócios locais e internacionais têm sido afetados pelas medidas protetivas como quarentenas e fechamentos temporários de lojas. Com isso, as vendas chinesas devem cair consideravelmente para várias grifes, uma vez que o país é o maior consumidor do segmento de luxo.
Colaborou Hebert Madeira