COP27: futuro da moda é debatido na Conferência de Clima da ONU
O principal evento sobre mudanças climáticas se depara com um cenário global desafiador. Conferência é sediada no Egito até 18 de novembro
atualizado
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Anualmente, líderes mundiais, executivos de diferentes indústrias e representantes da sociedade civil se reúnem na Conferência das Partes das Nações Unidas (COP) com o objetivo de debater sobre a adaptação climática, mitigação de emissões de gases de efeito estufa e medidas de contenção ao aquecimento global. Na 27ª edição, o novo relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla original) tem guiado as conversas principais do evento. Considerado um dos setores mais poluentes, o futuro da moda tem sido debatido em painéis.
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Carta da Indústria da Moda
Sediada em Sharm El Sheikh, no Egito, até o dia 18 de novembro, a COP é considerada a principal programação sobre as mudanças climáticas do globo. Durante a conferência, os países definirão aspectos centrais para a implementação do Acordo de Paris, falar sobre os compromissos que estão sendo trabalhados por eles e dar previsibilidade ao financiamento climático. O último tópico, inclusive, é considerado um dos mais importantes desta edição.
Mediante o grave cenário, ações efetivas se tornam urgentes. O evento tem focado em um diálogo sobre o presente, não mais sobre o futuro. Como não poderia ser diferente, os pilares que englobam a indústria da moda estão em pauta. O setor é um contribuinte significativo para o aquecimento global e as decisões feitas até o fim do evento afetarão diretamente os suprimentos e operações globais.
Em 2021, o setor fashion se comprometeu a reduzir as emissões de gases de efeito estufa em 50% até 2030. O compromisso incluiu 130 empresas e 41 organizações de apoio. Entre as metas estabelecidas na nova versão da Carta da Indústria da Moda para Ação Climática, estão: 100% do consumo de energia vindo de fontes renováveis, fornecimento de matérias-primas ecológicas e a eliminação gradual do carvão da cadeia de abastecimento.
Investir para mudar
Na 27ª edição da cúpula, o foco está voltado para a entrega de resultados. Em vez de mais um ano de conversa, a ONU tem incentivado os governos e empresas a colocarem dinheiro em seus compromissos.
“Estamos na fase em que a implementação é a única métrica de sucesso”, afirmou Laila Petrie, executiva-chefe da consultoria climática 2050, ao Business Of Fashion. “Não importa o que mais façamos, temos que implementar”, reforçou.
O combate terá um preço alto, mas até agora as promessas dos países ricos de fornecer US$ 100 bilhões (o equivalente a mais de R$ 516 bilhões) em financiamento anual ficaram aquém do esperado. A própria indústria da moda precisa de investimentos bilionários para cumprir os compromissos estimados.
Em escala global, certas regiões sofrem desproporcionalmente o peso de seus impactos. De acordo com a consultoria de risco Verisk Maplecroft, centros de fabricação de roupas em Bangladesh, Índia, Etiópia e Paquistão estão entre os mais afetados com as mudanças climáticas.
É uma dinâmica desconfortável que vem adicionando atrito às negociações como a COP há anos, principalmente porque os países mais ricos são os emissores históricos. O V20, colisão das nações mais vulneráveis em relação ao clima, fará da justiça climática uma questão-chave nas negociações na conferência deste ano, principalmente por conta de graves situações recentes, como as inundações devastadoras que aconteceram no Paquistão.
“Pessoas de comunidades marginalizadas, de países em desenvolvimento, estão – e há muito tempo – lidando com os impactos das mudanças climáticas e receberam apenas uma pequena fração do apoio financeiro [e público] necessário”, reforçou Rachel Kitchin, ativista climática corporativa da Stand.Earth, uma organização sem fins lucrativos com sede na Califórnia, ao Business of Fashion.
Colaborou Marcella Freitas