Conheça Raquel Abiahy, modelo que luta pela causa autista na moda
Apesar do diagnóstico tardio, a brasiliense utiliza as redes sociais como uma maneira de desmitificar o autismo na sociedade
atualizado
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Com a bandeira que “não existe inclusão sem acessibilidade”, Raquel Abiahy, eleita a Miss Distrito Federal Inclusivo em 2020, é uma das principais vozes da causa autista no universo da moda. Aos 45 anos, a modelo utiliza as redes sociais como uma forma de desmitificar a respeito da pauta neurodivergente.
Vem conhecer!
Formada em história, Raquel Abiahy acumula diversas funções com o mesmo objetivo: a inclusão de pessoas autistas na sociedade. A brasiliense foi a diagnosticada aos 39 anos com o Transtorno do Espectro Autista (TEA). Por isso, tem direcionado estudos e pesquisas a respeito do tema.
Além disso, tem trilhado uma carreira de modelo. Em 2020, foi eleita Miss Distrito Federal Inclusivo e participou de desfile no Osasco Fashion Week. Inicialmente, Abiahy criou um perfil nas redes sociais que tinha como foco comentar os desafios do diagnóstico tardio do autismo. Contudo, ao longo dos anos, a brasiliense direciona o trabalho para o mercado de moda.
Com posts informativos e interativos, a influenciadora apresenta estudos, comentários e análises sobre como o segmento precisa estar cada vez mais alinhado à inclusão e acessibilidade. Em 2024, concorre ao prêmio Personalidade Fashion Futures, do Instituto C&A, que irá reconhecer nomes que usam do trabalho para promover um futuro da moda mais justo.
Confira a entrevista com Raquel Abiahy, Miss Distrito Federal Inclusivo:
1 – Como a moda pode contribuir para a pauta neurodivergente?
A moda pode amplificar discussões sociais importantes que permeiam não só a diversidade e a inclusão, mas comportamento de consumo, estilo de vida, autoestima e mercado de trabalho. É muito necessário que tudo isso também seja pensado sob o ponto de vista da neurodiversidade.
2 – Como a moda mudou a sua relação com o trabalho e a autoestima?
Foi uma ferramenta poderosa para fortalecer minha confiança. Eu sempre fui tímida, introspectiva e com dificuldade de me reconhecer como uma mulher bonita. Fazer cursos de modelo e atuar como modelo me trouxe um aprendizado verdadeiramente terapêutico.
3 – Quais desafios pessoas com autismo enfrentam no mercado da moda?
Capacitismo, preconceito e falta de acessibilidade. Estão acostumados a ver autistas de uma só maneira, padronizaram o que é um autista, como ele dever ser e se apresentar, então, ver uma mulher desfilando, que assumiu que é autista, que coloca protetores auriculares, que informa que quer uma maquiagem leve, que não usa acessórios, foi totalmente inédito.
4 – Por que falar de inclusão e acessibilidade é tão importante para o universo da moda?
Como modelo, assumi que sou autista, porque comunicar minhas necessidades é fundamental para chegar no final do dia com menos chance de ter uma crise. Cada trabalho é uma oportunidade de educar as pessoas em relação ao autismo e como promover acessibilidade.
Brasília Fora dos Padrões
A coluna deu início ao quadro Brasília Fora dos Padrões, como uma extensão da série Moda Brasília. Toda semana, apresentamos pessoas que se destacam pelo estilo próprio, a fim de dar ênfase à moda no Distrito Federal, no Centro-Oeste.
O objetivo é compilar fashionistas que usam o vestuário como uma forma de autoexpressão e autenticidade. Os nomes são selecionados de forma independente pela equipe da coluna. A iniciativa também aborda pautas com temas para além do segmento fashion, como música, entretenimento e arte.