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Conheça o trabalho de upcycling do designer carioca Billi na moda

O estilista do Rio de Janeiro tem conquistado cada vez mais espaço com reaproveitamento de materiais em peças cheias de ousadia

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Rosa no Preto/Divulgação
Na imagem com cor, o estilista Billi posa para foto com top
1 de 1 Na imagem com cor, o estilista Billi posa para foto com top - Foto: Rosa no Preto/Divulgação

Qual é a alternativa criativa ao se deparar com a falta? Em um país tão desigual quanto o Brasil, com mazelas sociais que atravessam séculos, a resposta certa parece impossível. Para o designer carioca Billi, a escolha foi transformar os desafios em arte e moda. O jovem tem trilhado um caminho de ascensão com o seu trabalho na marca Rosa no Preto. Com o foco no re-design upcycling, Billi desenvolve peças sustentáveis que têm chamado a atenção pela ousadia e originalidade.

Vem conhecer!

Giphy/Rosa no Preto/Divulgação

Marcelo Aluísio da Silva Junior, de 23 anos, não sabe ao certo em que momento Billi, nome com qual assina, foi dado a ele. “Alguém me chamou assim, não lembro quem, mas nunca mais consegui ‘me livrar'”, explica. O jovem nasceu em Bangu, bairro da Zona Oeste do Rio de Janeiro, e começou a trilhar o seu trabalho com a moda a partir do teatro.

O designer conta que a oportunidade de criar os figurinos para as peças foi crucial no processo de sua identidade fashion. “Eu olhava a moda a partir do teatro, levava qualquer tipo de tecido que tinha em casa para o curso, porque era lá que a gente aprendia a costurar. Tentava fazer uma bolsa, fazia coisas básicas, né?!”, lembra, em entrevista à coluna.

“Com o passar do tempo, eu fui percebendo que não era aquilo que queria. Me imaginava indo além, criando outras narrativas”, acrescenta. Então, o jovem partiu para uma jornada independente e criativa.

Na imagem com cor, homem negro usa conjunto verde
Marcelo Aluísio da Silva Junior, o Billi, é um designer e stylist carioca

 

Na imagem com cor, homem negro usa óculos branco
O jovem tem se destacado com um trabalho autoral

 

Na imagem com cor, homem negro aparece em foto
Ele começou a trabalhar com a moda por meio do teatro
Rosa no Preto

Na moda, há diversas histórias de profissionais que criaram uma relação com o segmento a partir de uma herança familiar. Com Billi, não foi diferente. Após ganhar uma máquina de costura da avó, que guardava e cuidava do objeto há décadas, ele começou a produzir peças autorais.

O vínculo ancestral entre os dois proporcionou que Billi desenvolvesse a própria a marca. “Comecei fazendo umas três peças, aí eu falei: ‘Agora, tenho uma marca’. Era bem ruim, mas foi ali que começou”, recorda.

De acordo com o  jovem, o nome não poderia ser mais autoexplicativo. “Na época, eu estava com o cabelo rosa. Assim criei a ‘Rosa no Preto'”, brinca.

Com a marca, Billi encontrou um espaço em que poderia se expressar sem medos. “A Rosa no Preto é o lugar onde poderia falar por meio das minhas criações. Eu contava fases da minha vida com as peças, construía uma narrativa. Consigo me comunicar para além da moda. É como se fosse o meu playground”, define.

Na imagem com cor, modelo negro usa peças da Rosa no Preto
A marca Rosa no Preto foi uma forma que Billi encontrou para expressar seus sentimentos

 

Na imagem com cor, homem negro posa com bolsas e durags
O jovem desenvolve peças a partir do reaproveitamento de tecidos

 

Na imagem comc cor, o estilista Billi usa peças de sua loja
A proposta é criar algo único e com personalidade
Sustentabilidade ou falta?

Um dos principais temas levantados pela indústria da moda nos últimos tempos, a sustentabilidade surge de outra maneira no trabalho de Billi. A escassez de recursos fez com que o jovem encontrasse um caminho para conseguir seguir fazendo o que tanto gosta.

“Criava a partir da falta. Não tinha os tecidos inteiros, então eu reutilizava. Teve um momento que alguém veio com essa palavra para mim, mas fui aprendendo que tem como você aproveitar e não desperdiçar tanto”, expõe.

Apesar de, no início, a sustentabilidade ter tido uma outra conotação para Billi, o designer acredita que o tema é muito importante. “Acho que não dão tanta visibilidade para o assunto como deveriam”, afirma.

Na imagem com cor, Billi usa peças da sua marca
Billi cria uma peça única e, a partir dela, surgem outras

 

Na imagem com cor, bolsa feita de materiais de reaproveitamento
Os acessórios estão entre os destaques

 

Na imagem com cor, bolsa feita de diversos materiais
A variedade no mix de tecidos e tamanhos culmina em peças exclusivas
Oportunidades para quem?

Conseguir extrapolar a falta de oportunidade é um desafio que a maioria dos jovens da periferia enfrentam. Na moda, não é diferente. Billi acredita que o seguimento é dividido em dois no Brasil. “Tem a [moda] que acontece nas ruas, que é carregada de várias coisas, e tem a mainstream, que se apropria da primeira”, pontua.

Para ele, a moda é mais  um espaço que evidencia as desigualdades sociais e raciais existentes no país. “Quantas pessoas estão conseguindo chegar nesse lugar e falar a partir dele? Falamos muito sobre inclusão, mas, de fato, não acontece”.

Na imagem com cor, modelo negro usa peças da Rosa no Preto
Bucket hat com tons azuis

 

Na imagem com cor, homem posa ao lado de criança, ambos são negros
O jovem realça a ancestralidade nos trabalhos
Novos ares

A Rosa no Preto funciona no modo slow fashion e por encomendas. As peças surgem a partir de um modelo inicial que vai ganhar reproduções autênticas. O trabalho desenvolvido por Billi ganhou novos ares após a artista Linn da Quebrada aparecer utilizando modelos na atual edição do Big Brother Brasil.

“A Lina é muito querida, gosto dela. A gente já tinha uma relação antes. Eu, inicialmente, não sabia que as peças eram para o BBB, fiquei muito feliz. Estou torcendo para ela ganhar”, diz.

Com o reconhecimento, Billi lidou pela primeira vez com uma exposição tão grande do próprio trabalho. O reconhecimento não o assusta. Pelo contrário: o motiva. “Sempre quero melhorar, pois eu sou a primeira pessoa a criticar o meu trabalho. Então, falem bem ou mal, mas falem. Estou amando, é mais visibilidade para o meu trabalho”, finaliza.

Na imagem com cor, Linn da Quebrada usa modelos da Rosa no Preto
A cantora Linn da Quebrada usou peças criadas por Billi no BBB22

 

Na imagem com cor, Linn da Quebrada usa modelos da Rosa no Preto
Lina com conjuntinho azul da Rosa no Preto

 

Na imagem com cor, Linn da Quebrada usa modelos da Rosa no Preto
O trabalho de Billi ganhou novos ares após os looks aparecerem no reality show Big Brother Brasil

A trajetória de Billi está apenas no começo. No entanto, o jovem já merece todo o reconhecimento por estar construindo uma carreira autêntica a partir da falta, com pilares pautados na sustentabilidade. Vale destacar a urgência da indústria da moda rever a necessidade de pluralizar suas vozes, rostos e profissionais.

 

Para outras dicas e novidades sobre o mundo da moda, siga @colunailcamariaestevao no Instagram. Até a próxima!

Colaborou Luiz Maza

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