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Conheça o termo da moda para quem não é nem gordo, nem magro

O midsize é usado por quem não se sente representado pelos padrões convencionais de tamanho e nem pela categoria plus size

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@nannoca/Instagram/Reprodução
A influenciadora digital brasiliense Nanna Fernandes, uma mulher branca, jovem, com cabelos lisos e com tatuagens pelo corpo. Ela está posando para foto em um muro e usa um vestido laranja e um tênis branco.
1 de 1 A influenciadora digital brasiliense Nanna Fernandes, uma mulher branca, jovem, com cabelos lisos e com tatuagens pelo corpo. Ela está posando para foto em um muro e usa um vestido laranja e um tênis branco. - Foto: @nannoca/Instagram/Reprodução

Mesmo que a passos lentos, a moda caminha para romper com padrões estéticos inatingíveis e excludentes. A criação da categoria plus size, por exemplo, foi uma estratégia comercial para oferecer roupas em tamanhos maiores. A nova discussão do segmento e das redes sociais é o termo midsize, usado por pessoas que não se sentem “nem gordas e nem magras”.

Vem entender tudo!

Giphy/@nannoca/Instagram/Reprodução

Midsize, em tradução literal, significa “tamanho médio”. Na moda, o termo passou a designar as pessoas que se identificam com o “limbo” da grade de tamanho: não cabem em uma calça 36 ou 38 e nem nos modelos da categoria plus size

O termo midsize, porém, não surgiu de discussões de pessoas relevantes dentro da indústria da moda. O start foi dado com a atriz e comediante norte-americana Amy Schumer, que usou a palavra para falar sobre como se sentia no processo de compra em lojas de roupa. 

A identificação de várias mulheres foi imediata e a discussão ganhou força nas redes sociais. Atualmente, diversas criadoras de conteúdo do Instagram e do Tik Tok passaram a difundir a ideia e a ampliar o debate sobre a necessidade de representatividade na moda.

Mulher jovem e nevra, com cabelos trançados louros, posando para foto em um estacionamento. Ela usa um corset branco, uma calça jeans preta, tênis branco da Adidas com listras preta e uma bolsa branca e preta com estampa de pele de vaca.
A paulista Jenn fala sobre empoderamento na moda e traz conteúdos divertidos cheios de referências de cultura pop

 

Mulher jovem e negra, de cabelo médio ondulado, andando pelas ruas de Londres. Ela usa uma camiseta laranja, calça jeans clara, uma bota marrom e um trech coat bege.
A britânica Karina é stylist e tem um estilo contemporâneo e minimalista

 

Mulher jovem, branca e com cabelo louro posando para foto em frente ao espelo. Ela usa óculos de armação preta e lente laranja e tira foto com o próprio celular. Veste uma blusa branca de mangas cumpridas e babados e calça jeans clara.
Bruna é outra representante desse segmento! Ela traz em suas redes posts sobre moda, maquiagem e conteúdo geek
Representatividade nas redes

É o caso da criadora de conteúdo de moda e autoestima Nanna Fernandes. Com quase 60 mil seguidores apenas no Instagram, a brasiliense dá dicas de como se vestir e já atraiu a atenção de grandes players do mercado. 

Em entrevista à coluna, Nanna conta que conheceu o termo midsize após Amy Schumer trazer a discussão à tona. “Como sempre me sentia deslocada por conta do meu biótipo, eu buscava entender se mais pessoas se sentiam como eu. Encontrei um coletivo no Instagram com várias mulheres parecidas comigo. Isso me ajudou a olhar o meu corpo com mais carinho”, relembra. 

A influenciadora digital brasiliense Nanna Fernandes, uma mulher branca, jovem, com cabelos lisos e com tatuagens pelo corpo. Ela está posando para foto na sala de casa e usa uma camiseta branca, calça verde militar, tênis preto e branco e uma bolsa caramelo.
Nanna Fernandes tem quase 60 mil seguidores e soma parceria com grandes marcas, como Renner e o OQVestir

 

A influenciadora digital brasiliense Nanna Fernandes, uma mulher branca, jovem, com cabelos lisos e com tatuagens pelo corpo. Ela está posando para foto em um jardim, durante a noite, com uma blusa branca, casaco bege, calça preta e um sapato estilo mocassim marrom.
Seu conteúdo também abarca lifestyle e autoestima

 

A influenciadora digital brasiliense Nanna Fernandes, uma mulher branca, jovem, com cabelos lisos e com tatuagens pelo corpo. Ela está posando para foto na beira da piscina e usa um biquíni rosa claro com desenhos brancos.
Nanna foi uma das que aderiu ao projeto #VerãoMeuCorpão, para estimular as pessoas a viverem “os seus corpos do jeitinho que eles são”

Mais do consumo, o debate do midsize gira em torno de aceitação, autoestima e quebra de padrões. “É muito lindo receber os feedbacks de mulheres que começaram a entender mais o corpo delas. A ideia é mostrar o quanto é normal e real corpos como os nossos e que não tem nada de errado com eles. O ponto chave é a representatividade”, pontua Nanna Fernandes.

Apesar do avanço das discussões, Nanna acredita que o “caminho é longo e que não vai mudar da noite para o dia”. Ela percebe, porém, que as marcas de moda precisaram correr atrás do prejuízo e suprir a falha na oferta de produtos mais diversos. 

A influenciadora digital brasiliense Nanna Fernandes, uma mulher branca, jovem, com cabelos lisos e com tatuagens pelo corpo. Ela está posando para foto em um fundo branco, com uma camisa rosinha e boné branco. Ela segura um tênis branco com detalhes coloridos da Anacapri.
A Anacapri é uma das marcas que já fez parceria com a Nanna Fernandes

 

A influenciadora digital brasiliense Nanna Fernandes, uma mulher branca, jovem, com cabelos lisos e com tatuagens pelo corpo. Ela está posando para foto no estacionamento de um shopping e usa um look em diferentes tons de marro: blusa, calça, casaco estilo sobretudo, toca e cachecol.
“Quando comecei a falar de midsize no Instagram, não tinham muitas criadoras de conteúdos desse nicho. E agora acompanho várias que se identificaram também com o termo”, conta a influencer

 

A influenciadora digital brasiliense Nanna Fernandes, uma mulher branca, jovem, com cabelos lisos e com tatuagens pelo corpo. Ela está posando para foto no estacionamento de um prédio residencia e usa uma blusa branca de manga bufantes, um colete marrom de tricô por cima, calça jeans clara e uma sandália branca.
Mais do que mostrar looks, a preocupação da influenciadora é mostrar que é possível estar na moda e se sentir confortável com o próprio corpo
Relação com as roupas

Rachel Jordan, consultora de imagem e colunista da revista Cláudia, contou à coluna que a principal reclamação das suas clientes é não achar a grade de tamanho nas lojas populares. “O descontentamento surge não só da numeração das roupas, mas mexe também com a autoestima das mulheres por serem ‘consideradas’ gordas”, explica.

Maria Luiza Veloso Mariano, professora de modelagem da Faculdade Santa Marcelina e mestre em design de moda, reforça o cenário. “Algumas marcas voltadas ao público jovem por vezes limitam sua grade do 34 ao 42, desconsiderando que muitas mulheres jovens vestem tamanhos medianos ou plus size e gostariam de adquirir esses mesmos modelos destinados às ditas ‘magrinhas’”, conta. Nesse quesito, as pessoas que usam números maiores ficam quase restritas a etiquetas “maduras”. 

A consultora de estilo Rachel Jordan, uma mulher de meia idade branca, de cabelo ondulado curto, posando em uma livraria com o livro de sua autoria na mão. Ela usa um vestido vermelho
Rachel Jordan é consultora de estilo, colunista da Cláudia e professora, além de autora do livro À Sua Moda

 

A consultora de estilo Rachel Jordan, uma mulher de meia idade branca, de cabelo ondulado curto, sentada em um sofá no seu escritório. Ela usa uma blusa vinho, uma calça marrom e uma sandália laranja.
Rachel conta que a maior reclamação das clientes é que, nas lojas, “o maior tamanho era sempre o 44”

 

A consultora da moda Rachel Jordan, uma mulher branca, de meia idade e cabelo castanho médio, posando ao lado de duas mulheres
“Atualmente, já vejo muitas lojas tendo uma grade maior de tamanhos exatamente porque perceberam que estavam perdendo vendas”, conta Rachel à coluna

Para Rachel Jordan, o primeiro passo é trabalhar a autoestima e reconhecer o que a pessoa quer valorizar no próprio corpo. “A consultoria de imagem trabalha com os elementos de design exatamente para favorecer as diferentes silhuetas e facilitar na hora de montar os looks”, explica.

Além disso, “é bom observar que algumas empresas já perceberam que existe uma grande oportunidade no nicho midsize e plus size”, argumenta a professora Maria Luiza Mariano. Lojas como C&A e Amaro tomaram a liderança desse movimento, principalmente nos e-commerces, onde conseguem oferecer o estoque ao público de todos o país. 

Duas modelos negras vestindo a mesma roupa da C&A: um conjunto de blusa e calça com listras que lembram um arco-iris. A primeira é uma menina de manequim tamanho médio e a segunda é magra.
Além da linha plus size, a C&A oferece uma grade maior de tamanhos, principalmente no site

 

Duas modelos vestindo a mesma roupa da C&A: um vestido preto com estampa de bolinhas brancas e uma gola branca com babados. A primeira é uma menina branca e gorda, com cabelo liso e curto, e a outra é negra e magra, de cabeço raspado.
A linha Mind7, da C&A, é uma que traz looks tendências em tamanhos maiores

 

Duas modelos vestindo a mesma roupa da Amaro: uma calça rosa, um tricô vermelho e uma bota branca. A primeira é uma menina branca e gorda, com cabelo liso e curto, e a outra é branca e magra, de cabeço longo e liso.
A grade de tamanhos da Amaro vai do 34 ao 48

A influenciadora e jornalista Alexandra Gurgel, fundadora do Movimento Corpo Livre, publicou um vídeo em que questiona a criação de mais um termo que categoriza o corpo de mulheres. Diferentes pontos de vista como esse são essenciais para enriquecer a discussão, mas é fato que o movimento midsize tem ganhado força e cada vez mais adeptos.

 

Colaborou Carina Benedetti

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