Conheça o termo da moda para quem não é nem gordo, nem magro
O midsize é usado por quem não se sente representado pelos padrões convencionais de tamanho e nem pela categoria plus size
atualizado
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Mesmo que a passos lentos, a moda caminha para romper com padrões estéticos inatingíveis e excludentes. A criação da categoria plus size, por exemplo, foi uma estratégia comercial para oferecer roupas em tamanhos maiores. A nova discussão do segmento e das redes sociais é o termo midsize, usado por pessoas que não se sentem “nem gordas e nem magras”.
Vem entender tudo!
Midsize, em tradução literal, significa “tamanho médio”. Na moda, o termo passou a designar as pessoas que se identificam com o “limbo” da grade de tamanho: não cabem em uma calça 36 ou 38 e nem nos modelos da categoria plus size.
O termo midsize, porém, não surgiu de discussões de pessoas relevantes dentro da indústria da moda. O start foi dado com a atriz e comediante norte-americana Amy Schumer, que usou a palavra para falar sobre como se sentia no processo de compra em lojas de roupa.
A identificação de várias mulheres foi imediata e a discussão ganhou força nas redes sociais. Atualmente, diversas criadoras de conteúdo do Instagram e do Tik Tok passaram a difundir a ideia e a ampliar o debate sobre a necessidade de representatividade na moda.
Representatividade nas redes
É o caso da criadora de conteúdo de moda e autoestima Nanna Fernandes. Com quase 60 mil seguidores apenas no Instagram, a brasiliense dá dicas de como se vestir e já atraiu a atenção de grandes players do mercado.
Em entrevista à coluna, Nanna conta que conheceu o termo midsize após Amy Schumer trazer a discussão à tona. “Como sempre me sentia deslocada por conta do meu biótipo, eu buscava entender se mais pessoas se sentiam como eu. Encontrei um coletivo no Instagram com várias mulheres parecidas comigo. Isso me ajudou a olhar o meu corpo com mais carinho”, relembra.
Mais do consumo, o debate do midsize gira em torno de aceitação, autoestima e quebra de padrões. “É muito lindo receber os feedbacks de mulheres que começaram a entender mais o corpo delas. A ideia é mostrar o quanto é normal e real corpos como os nossos e que não tem nada de errado com eles. O ponto chave é a representatividade”, pontua Nanna Fernandes.
Apesar do avanço das discussões, Nanna acredita que o “caminho é longo e que não vai mudar da noite para o dia”. Ela percebe, porém, que as marcas de moda precisaram correr atrás do prejuízo e suprir a falha na oferta de produtos mais diversos.
Relação com as roupas
Rachel Jordan, consultora de imagem e colunista da revista Cláudia, contou à coluna que a principal reclamação das suas clientes é não achar a grade de tamanho nas lojas populares. “O descontentamento surge não só da numeração das roupas, mas mexe também com a autoestima das mulheres por serem ‘consideradas’ gordas”, explica.
Maria Luiza Veloso Mariano, professora de modelagem da Faculdade Santa Marcelina e mestre em design de moda, reforça o cenário. “Algumas marcas voltadas ao público jovem por vezes limitam sua grade do 34 ao 42, desconsiderando que muitas mulheres jovens vestem tamanhos medianos ou plus size e gostariam de adquirir esses mesmos modelos destinados às ditas ‘magrinhas’”, conta. Nesse quesito, as pessoas que usam números maiores ficam quase restritas a etiquetas “maduras”.
Para Rachel Jordan, o primeiro passo é trabalhar a autoestima e reconhecer o que a pessoa quer valorizar no próprio corpo. “A consultoria de imagem trabalha com os elementos de design exatamente para favorecer as diferentes silhuetas e facilitar na hora de montar os looks”, explica.
Além disso, “é bom observar que algumas empresas já perceberam que existe uma grande oportunidade no nicho midsize e plus size”, argumenta a professora Maria Luiza Mariano. Lojas como C&A e Amaro tomaram a liderança desse movimento, principalmente nos e-commerces, onde conseguem oferecer o estoque ao público de todos o país.
A influenciadora e jornalista Alexandra Gurgel, fundadora do Movimento Corpo Livre, publicou um vídeo em que questiona a criação de mais um termo que categoriza o corpo de mulheres. Diferentes pontos de vista como esse são essenciais para enriquecer a discussão, mas é fato que o movimento midsize tem ganhado força e cada vez mais adeptos.
Colaborou Carina Benedetti