Conheça o estilista vencedor da 1ª temporada de Making the Cut
Saiba detalhes sobre a trajetória e a evolução do ganhador durante a competição de moda, apresentada por Heidi Klum e Tim Gunn
atualizado
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Chegou ao fim a primeira temporada de Making the Cut, novo reality show de moda conduzido por Heidi Klum e Tim Gunn, transmitido pela Amazon Prime Video. Ao longo de 10 episódios, 12 designers de moda arregaçaram as mangas para mostrar que são capazes de comandar a próxima grande marca global, grande objetivo do programa. Nessa sexta-feira (24/04), o episódio final revelou o ganhador do prêmio de US$ 1 milhão.
Vem comigo conhecer o vencedor! (Vale o alerta: a partir daqui, o texto contém spoilers)
Nascido em Los Angeles, Jonny Cota é o grande vencedor da primeira temporada de Making The Cut. Aos 35 anos de idade, o estilista acumula 15 anos de experiência com sua própria marca de streetwear, Skingraft, que oferece moda masculina e feminina. Além de ter vestido celebridades A-list, como Beyoncé, Nicki Minaj, Britney Spears e Justin Bieber, ele se apresentou na Semana de Moda de Nova York cinco vezes.
Sem formação em moda, Jonny é graduado em jornalismo. O designer começou a trajetória fashion depois de trabalhar com diversos tipos de performances de circo e se apaixonar pelos figurinos usados pela trupe. Foi quando se aventurou como figurinista, até fundar a Skingraft com o irmão Christopher, em 2006. Desde então, o californiano cria peças de vestuário com uma pegada dark, influenciada pelo lifestyle artístico e performático da música.
A marca teve lojas em Los Angeles, Nova York e pontos temporários em outros países. No ano passado, fechou os estabelecimentos para focar na loja multimarcas Cota by Skingraft, em LA, detalhe mostrado no programa. Durante as gravações de Making the Cut, ficar longe da família e do marido não foi tão difícil, segundo ele. O estúdio do designer fica em Bali, na Indonésia. Por isso, o estilista é acostumado a viajar durante boa parte do ano.
Durante o Making the Cut, cujas filmagens passaram por Nova York, Paris e Tóquio, a missão de Jonny e dos demais participantes não foi nada fácil. Em várias provas, eles foram desafiados a criar dois looks no prazo de dois a três dias, com uma opção mais conceitual e outra acessível. A cada prova, o look acessível do vencedor foi disponibilizado na loja virtual do programa, na Amazon.
O júri contou com a participação de Naomi Campbell, Joseph Altuzarra, Nicole Richie (em Paris e Nova York), Carine Roitfeld (Paris), Chiara Ferragni (Tóquio e Nova York) e a própria Heidi Klum. A modelo alemã apresentou a atração ao lado do consultor de moda Tim Gunn, que prestou mentoria para os estilistas durante as provas. Cada episódio trouxe um tema diferente, de alta-costura a collabs.
Jonny levou três episódios para se destacar positivamente no reality. Suas primeiras peças, especialmente as jaquetas, foram consideradas repetitivas, mas o jogo virou! Ele caiu no gosto dos jurados graças à collab com Megan Renee, no terceiro episódio, e com o vestido listrado que foi o look vencedor do quarto episódio.
Curiosamente, a tarefa foi uma das mais difíceis do programa, visto que os designers tiveram apenas sete horas para criar um look do zero, usando tecidos da prova anterior. Desde então, o norte-americano foi destaque positivo em outras duas provas e vencedor em mais três, incluindo o prêmio final.
O episódio 6, gravado em Tóquio, explora um pouco do passado de Jonny. Criado em uma família católica, ele entrou em depressão ao se descobrir gay, na infância. A partir dali, passou a vestir só preto, como forma de expressar o que sentia.
“Representava uma depressão profunda que eu não sabia que tinha. Levei muitos anos para sair daquilo”, compartilhou. Na prova, que pedia dois looks sobre forças opostas, ele pensou em explorar o conflito entre religiosidade e sexualidade, mas acabou optando por outro conceito.
“Agora, sou um adulto muito bem resolvido. Tenho uma família amorosa, tenho orgulho de ser gay, mas também tenho esse passado religioso. Há uma oposição nisso que jamais vai se conciliar. Brinco com essa tensão no meu trabalho, na minha vida. Sempre me inspirou, mas é muito complicado”, revelou.
Depois de ser orientado pelos jurados a mudar o nome da própria marca – Skingraft significa “enxerto de pele”, em inglês -, Jonny fez algo diferente. O norte-americano não alterou o nome da primeira label, que continua ativa. Em vez disso, ele aproveitou a penúltima prova para lançar uma nova marca, com seu próprio nome.
Nas peças, o estilista expandiu sua própria estética e explorou todo o aprendizado que adquiriu nas etapas anteriores do reality show. Se, antes, ele explorava pouco estampas e cores mais claras, estes elementos ganharam espaço em seu DNA. A coleção de estreia foi batizada de Metamorfose, inspirada nessa evolução.
No episódio 9, o desafio foi montar uma pop-up store com peças mais acessíveis, que serviria como uma prévia para o desfile da final. Jonny disputou a prova com a alemã Esther Perbandt, conhecida pela feminilidade moderna e as peças em preto, e o belga Sander Bos, designer mais jovem da competição, dono de uma estética conceitual e vanguardista. Um dos favoritos do público, Sander foi eliminado na penúltima etapa.
Por fim, coube a Jonny e Esther disputarem o prêmio de US$ 1 milhão, com direito a um programa de mentoria pela Amazon Fashion. Na última etapa, eles fizeram uma apresentação para a presidente da Amazon Fashion, detalhando o que fariam com o prêmio. Em seguida, desfilaram uma coleção de 12 a 14 looks em Nova York, incluindo peças da pop-up store.
Na coleção final, o estilista californiano explorou texturas e franjas. Brincou com volume nas calças e nas mangas, usou tecidos leves e fez vestidos acinturados. Obviamente, a cor preta predominou na paleta, mas dividiu lugar com branco, azul e amarelo vibrante. Estampas já trabalhadas na Skingraft, como leopard print e listras, também aparecem.
A abordagem mais conceitual e a insistência em trabalhar – quase exclusivamente – com a cor preta pesaram na avaliação de Esther. Afinal, a ideia do programa é encontrar a próxima marca global, e fatores como esses são limitações para um negócio de alcance mundial. Jonny, por sua vez, agradou o júri com peças consistentes de design e, ao mesmo tempo, abordagem comercial.
Em entrevistas, Jonny abriu o coração sobre diversos momentos do reality. Entre eles, o episódio 2, quando seu look inspirado na alta-costura foi criticado pelos jurados pela falta de ousadia. “Chorei quase todas as noites, mas isso fez de mim um melhor designer e pessoa”, disse ele ao site Fashion Week Dail
A jurada mais temida pelo designer foi a supermodelo britânica Naomi Campbell. “Eu não estava aterrorizado por ela ser uma modelo incrível, mas porque ela diz as coisas do jeito que elas são. Você logo percebe que ela está sendo a mais honesta e a mais franca, e eu realmente gostei disso”, admitiu.
Curiosamente, Naomi quase votou a favor de Jonny na final, mas mudou de ideia e optou por Esther, assim como Heidi Klum. Por outro lado, Altuzarra, Ferragni e Richie elegeram o candidato norte-americano.
“Vim aqui para competir e mostrar o meu melhor, para mostrar ao mundo o que eu faço. E agora, é claro, tenho um milhão de dólares. Isto é incrível”, disse ele após a vitória. “Não é só pelo dinheiro, é pela jornada que eu passei.”
Por enquanto, a Amazon não se manifestou sobre a segunda temporada de Making the Cut, aguardada para 2021. Todos os episódios da temporada de estreia estão disponíveis na Amazon Prime Video. Aos olhos do público, o programa promete ser o sucessor de Project Runway e compete com Next in Fashion, atração da Netflix.
Colaborou Hebert Madeira