Em apenas um ano, Pabllo Vittar passou de desconhecida para obsessão nacional. Em 2017, a drag queen marcou o pop com diversas conquistas: publicou um dos vídeos mais vistos do YouTube e colaborou com grandes nomes da música, como Anitta e Fergie.

Com toda essa exposição, a artista virou ícone de moda e beleza, e foi um dos assuntos mais comentados do último Carnaval. Além dos looks inspirados em Britney Spears, Xuxa, no filme Avatar e na novela Rebeldes, a roupa transparente usada no Baile da Vogue gerou repercussão e muitos elogios. No entanto, até pouco tempo, ninguém sabia que, por trás do estilo “bafônico” da cantora, está um profissional brasiliense.

Quer saber mais sobre ele? Então, vem comigo!

 

Victor Miranda, 28 anos, é da capital federal. Nasceu, cresceu e se formou em Brasília. “Minha escola era perto de casa, passava o dia dentro de uma quadra na Asa Norte”, conta. “Sempre senti a pressão de estar em uma universidade, principalmente pública. A cultura brasiliense te força a querer isso. Escolhi fazer comunicação e acabei gostando muito de publicidade”. 

Durante a faculdade, o brasiliense deparou-se com o mercado de moda e trabalhou no site Modismo, que agora está fora do ar. Lá, conheceu a estilista Luisa Farani. Além do emprego, Victor buscou, por conta própria, entrar em contato com a indústria. “Estudei estilistas, eventos, referências, filmes antigos e programas. Assistia muito o São Paulo Fashion Week pela televisão, era fissurado por isso”, relata.

“Eventualmente, percebi o desejo de trabalhar na área e decidi morar em São Paulo”, conta. Depois de se formar em comunicação social na Universidade de Brasília (UnB), o stylist foi para a capital paulista participar de um curso de uma semana. “No último dia, não quis ir embora. Já tinha saído do emprego e juntado dinheiro. Resolvi ficar, falei ao telefone com a minha mãe e ela chorou”, lembra.

 

Victor reside em São Paulo há quatro anos e hoje veste grandes nomes da música brasileira. Além de Pabllo, trabalha com os integrantes da Banda Uó e Criolo. Ele lembra quanto esforço foi necessário para alcançar o sucesso. “Passei por muita coisa, trabalhei em revistas e fiz vários editoriais até chegar onde cheguei. Tive sorte de fazer parte da Vogue. Aprendi bastante e fiz contato com muita gente”.

Apesar de a indústria musical parecer grande, ela é um meio muito fechado. Victor conheceu a Pabllo por meio de um cliente dele, Mateus Carrilho, e de um agente da cantora. Quando o brasiliense recebeu o convite para montar os looks do vocalista da Banda Uó para o clipe de Corpo Sensual, eles finalmente foram apresentados.

“Conheço as pessoas da equipe dela há muito tempo e, no final do ano passado, me ligaram com a proposta de trabalho”. Victor tornou-se o único stylist da cantora e a acompanha em shows quando necessário.

 

Ao aceitar a proposta, ele recebeu duas missões: vestir a artista para o Baile da Vogue e pensar em todos os visuais do Carnaval 2018 para ela. “Sentamos e conversamos. Passo o feriado em Olinda há uns três anos, e lá as pessoas realmente brincam de se fantasiar, gosto muito disso. Como ela é cantora e drag, pensei que o público fosse achar divertido”, diz.

A primeira ideia foi reproduzir o figurino usado no clipe de I’m a Slave 4 U, de Britney Spears. “Queríamos referências internacionais e brasileiras para as pessoas se sentirem conectadas”, explica.

Ao falar da cantora, Victor não poupa elogios. “Além de trabalhar juntos, convivemos e somos amigos. A equipe toda faz o trabalho ser mais leve e divertido, mas sem deixar de lado os compromissos. Ela é tranquila, focada, sabe o que gosta e quais são seus objetivos”.

Para vestir as celebridades, Victor fica de olho em várias marcas. De Brasília, ele gosta de acompanhar os designs da Luisa Farani e carrega Pedro Sale, Daniel Ueda, Renata Corrêa e Yasmin Sterea como referências da moda nacional. Quando pensa em compor a imagem de alguém, o brasiliense leva em consideração a personalidade do cliente e qual mensagem deve ser transmitida.

“A pessoa deve vestir o que realmente gosta, o corpo é dela. Se ela quer acentuar algo chamado de ‘falha’ pelos outros, o problema é deles, não de quem gosta do próprio corpo”, afirma sobre imposições de padrão. Além disso, ressalta ser necessário ficar de olho no posicionamento das marcas com as quais trabalha. Para Victor, usar uma loja é apoiar seus discursos.

Mesmo com tantas conquistas e realizando o sonho de trabalhar com moda em São Paulo, o stylist mantém a humildade e a simpatia. “Parecia muito longe para mim, porque saí de Brasília. Demorei a acreditar que estava dentro da redação da Vogue. Sou muito grato às pessoas e às oportunidades, foi uma transição muito louca”.

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