Conheça Michelle Elie, a figura mais extravagante do street style
Designer haitiana é uma das maiores defensoras do movimento avant-garde e musa de muitas etiquetas, como Comme des Garçons e Paco Rabanne
atualizado
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O street style é a legitimação do que vemos nas passarelas semestralmente. Se uma criação consegue transcender os corpos das modelos e chegar às ruas por meio das consumidoras, ela atingiu seu objetivo. Neste contexto, marcas conceituais e vanguardistas, como Comme des Garçons, Paco Rabanne, Maison Margiela e Jean Paul Gaultier, acabam fazendo muitas pessoas questionarem se há público para produtos tão excêntricos. Se você pertence a esse time, lhe apresento uma das maiores representantes do movimento avant-garde: Michelle Elie.
Vem comigo conhecer a figura extravagante da moda de rua!
Agregando peças cheias de design ao segmento de acessórios, por meio de sua marca Prim, a haitiana Michelle Elie sabe a importância do vanguardismo para a moda e outros tipos de arte. Afinal, a evolução dessas expressões é baseada na expansão das barreiras culturais.
Sem surpresas, a designer enxerga suas produções exuberantes como obras de extremo valor criativo. Logo, neste cenário, ela seria uma vitrine (talvez a mais sorridente da indústria).
A diversão de Michelle nas semanas de moda é evidente. Em meio a poses engessadas e carões, a fashionista se destaca por sempre ser clicada com um sorriso no rosto.
Não à toa, Michelle se tornou uma queridinha dos fotógrafos de street style, graças à simpatia e bom humor. No entanto, além do carisma, a haitiana oferece outros elementos que os profissionais da imagem amam: cores, formas e muitos contrastes.
“É uma ideologia que expresso não apenas na moda, mas em todas as áreas da minha vida. Quando se trata de disciplina e valores, você nem sempre pode se concentrar nos outros. Especialmente hoje, quando as coisas estão ficando cada vez mais parecidas. Você tem que ter sua própria voz e se expressar com ela”, explicou, sobre seu estilo, ao site Kultur News.
Frequentemente vista nas coberturas dos maiores veículos de moda do mundo, a haitiana radicada na Alemanha exibe peças que costumam “levantar as sobrancelhas” dos mais tradicionais. Contudo, ela respeita quem não entende sua aparência avant-garde.
“A moda é muito democrática, portanto, não posso dizer que aquilo que uso seja, necessariamente, fashion. Porém, existem muitas marcas, designers, gostos e culturas para nos parecermos todos iguais. Acho interessante e válido me expressar de maneiras diferentes.”
De fato, distinção é algo que Michelle procura ao adquirir uma nova roupa. Investindo nas grifes mais exóticas da moda, a ex-modelo coleciona itens da Comme des Garçons, Paco Rabanne, Haider Ackermann, CDG, Junya Watanabe e, para dias mais básicos, Prada – mas de acervo vintage!
Para ela, tendências não são características levadas em consideração. “Uso marcas que acredito e tenho paixão. É mais do que apenas um look para mim. É um estilo de vida, uma ideologia”, disse, à Vogue, em 2017.
Em um cenário onde in e out se revezam em períodos cada vez mais curtos, a designer acredita que os amantes da moda se esqueceram dos reais valores do consumo de luxo. “Atualmente, resta pouco para a criatividade. Tudo é instantâneo e sem substância”, opinou Michelle.
“Porém, sabemos imediatamente quando alguém se depara com algo que vestirá para sempre, porque aquela pessoa cria um laço emocional com essa peça. É aí que devemos investir, em peças que te cativam. O melhor consumo é aquele feito com paixão”, defendeu.
Michelle encanta grandes nomes da indústria, como Naomi Campbell e, é claro, Rei Kawakubo, fundadora da Comme des Garçons. A personalidade da haitiana encantou tanto a estilista japonesa que Elie se tornou a personificação de seu conceito.
A ligação entre a grife e a artista é tanta que uma exposição dedicada a esta relação foi erguida no Museu Angewandtekunst, em Frankfurt. A mostra A Vida Não Me Assusta teve início na última sexta-feira (03/04/2020) e tem como objetivo destacar algumas das criações mais espetaculares da fashionista.
Além das histórias de cada roupa, a mostra compartilha as vivências de Michelle ao lado das criações. Engloba desde o momento em que são vistas por ela pela primeira vez até às reações que os visuais causam a outras pessoas.
“O design e a filosofia por trás da marca de Kawakubo encarnam minha atitude em relação à vida, assim como o título da exposição. Rei é uma mulher bastante poderosa na indústria e ajudou a difundir o artesanato na moda. Ela diz ‘não se vista para agradar aos outros, mas para si mesmo’ e essa é uma mensagem muito forte e importante”, salientou a haitiana ao Kultur News.
Colaborou Danillo Costa