Conheça cinco iniciativas de moda que beneficiam mulheres
Neste Dia Internacional da Mulher, a coluna traz projetos que promovem a autoestima feminina e o acesso ao mercado de trabalho
atualizado
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O Dia Internacional da Mulher (8/3) é uma data para celebrar conquistas e lembrar que ainda há muito a ser feito em prol dos direitos femininos. A moda refletiu várias transformações importantes para as mulheres ao longo da história e, até os dias atuais, pode ser usada como uma ferramenta a favor do empoderamento. Para celebrar este dia tão importante, a coluna traz cinco projetos que beneficiam mulheres, desde o fortalecimento da autoestima até a capacitação profissional.
Vem conhecer essas iniciativas!
Moda Cura
Recuperar a autoestima de pacientes oncológicas não é uma tarefa fácil. Além de toda a dificuldade do tratamento, ela ficam ainda mais fragilizadas com a queda do cabelo ou a retirada da mama. Nessas horas, ter apoio é fundamental. Com esse intuito, a influenciadora digital Valéria Lessa e a consultora de imagem Lilian Lemos criaram o projeto Moda Cura, em 2019. A iniciativa promove a autoestima por meio da moda e da beleza.
A proposta começou com palestras em hospitais e participações em evento. Porém, a impossibilidade das visitas devido à pandemia trouxe a necessidade de fortalecer ainda mais os vínculos digitais. As duas influencers transformaram o perfil do projeto no Instagram em uma plataforma de conteúdo, incluindo dicas de moda, beleza e informações importantes sobre o câncer.
“Estávamos com vários hospitais agendados em março de 2020 e tivemos que parar. Então, pensamos em reforçar o on-line. De imediato, fizemos uma sequência de lives, trouxemos parceiros de salões de beleza. Temos um vasto banco de dados dentro do nosso perfil. A partir disso, conseguimos depoimentos de muitas mulheres que enfrentaram o câncer e saíram saudáveis”, explica Lilian Lemos.
Além das próprias pacientes, a iniciativa ajuda aquelas que estão ao lado delas nessa trajetória, como mães, irmãs e tias. O projeto tem ações previstas para os dois semestres deste ano e, se a situação sanitária permitir, um evento presencial no mês de outubro, mês de conscientização sobre o câncer de mama.
VitrinesDay
Durante um quadro de depressão na vida adulta, a jornalista brasiliense Dayane Almeida se reconectou com um hobby da adolescência: a costura. Ao perceber que a moda pode ser uma ferramenta de superação, criou a marca VitrinesDay em 2017. A etiqueta tem como missão ajudar mulheres a encontrar o equilíbrio emocional e a autoestima.
Desde então, as coleções sempre têm alguma inspiração que cerca o universo feminino. Entre elas, a campanha Outubro Rosa (sobre o câncer de mama) e a presença das mulheres na política, além de outros temas importantes, como Fevereiro Roxo (Alzheimer, lúpus e fibromialgia) e Setembro Amarelo (prevenção ao suicídio).
Unindo jornalismo e moda, suas duas paixões profissionais, Dayane costuma oferecer um “Dia de Princesa” para alguma mulher com história de superação, a cada coleção lançada. Além de um tratamento em salão de beleza e um ensaio fotográfico, a escolhida ganha uma entrevista publicada no site ou Instagram da marca. A última oportunidade ocorreu em setembro, seguindo os protocolos de segurança da pandemia.
Diante da instabilidade do momento atual, Dayane cogitou fechar a marca, mas está se adaptando para continuar com um formato 100% digital. A próxima coleção, prevista para abril, abordará o empreendedorismo feminino em tempos de pandemia. “Batizaremos as peças com nomes que foram inspiração no mundo todo e faremos uma campanha com empresárias do Distrito Federal que estão passando por dificuldades. Elas serão nossas modelos”, adianta a estilista.
Libertees
A marca Libertees dá oportunidade profissional a mulheres encarceradas no Complexo Penitenciário Estevão Pinto, de Belo Horizonte (MG). Por iniciativa das sócias Marcella Mafra e Daniela Queiroga, as detentas confeccionam as roupas da label e também desenham as estampas. O trabalho é remunerado, com direito a um treinamento de costura.
Antes da marca, as detentas só produziam as próprias roupas. Marcella estava envolvida no projeto desde 2013, mas decidiu transformá-lo em negócio quando viu o potencial artístico dessas mulheres em uma exposição de desenhos na penitenciária. Em 2017, criou a Libertees junto com Daniela. As peças podem ser adquiridas em uma loja virtual. Com a venda dos modelitos estampados, parte do valor é revertida para as oficinas artísticas do complexo.
“Quando elas chegam para trabalhar, chegam cabisbaixas, nem conversam direito. A partir do momento que a gente vai dando abertura e elas veem que ali elas são livres, que não é porque elas estão trancadas que não podem ser livres em mente, em sonhos, elas vão crescendo. Elas começam a ter um olhar de vontade de mudar, de sair dali de outra forma”, explicou Marcella, em especial publicado pelo Gshow.
Free Free
Criada pela stylist e editora de moda Yasmine Sterea, a Free Free funciona como instituto sem fins lucrativos e plataforma multidisciplinar. A iniciativa apoia meninas e mulheres em diversos aspectos, seja em seus recomeços ou na conquista da liberdade física, financeira e da saúde emocional. Isso é feito por meio de conteúdos, eventos, workshops, campanhas de conscientização, doações, entre outras frentes, como o programa de capacitação Ciclo Free Free.
A moda está sempre presente nas ações do projeto, incluindo produtos lançados em parceria com a Riachuelo e a Pantys. As duas edições do Festival Free Free tiveram participações de nomes atuantes na indústria fashion nacional e no empreendedorismo social. Em workshops, o projeto convidou as participantes a criarem personagens inspiradas em suas próprias essências por meio das roupas.
Já no São Paulo Fashion Week N48, a Free Free fez um desfile com mulheres de corpos, idades e cores de pele diversos para mostrar a moda como ferramenta inclusiva. Para os looks, artesãs de 10 comunidades apoiadas pelo projeto ressignificaram peças doadas dos acervos de grandes grifes nacionais.
Projeto Fio
Cansadas da exploração, da desigualdade e do machismo da indústria da moda, as designers Olivia Silveira, Marina Bittencourt e Ana Luiza Nigri criaram o Projeto Fio, em 2017. Por meio do bordado, a iniciativa capacita mulheres vulnerabilizadas social e economicamente no Rio de Janeiro. A técnica é ensinada em encontros semanais, que também promovem a arteterapia. As reuniões foram interrompidos durante a pandemia. Depois que aprendem, elas ganham a oportunidade de trabalharem na marca.
Na visão das idealizadoras do projeto, bordar demanda tempo, algo que vai totalmente na contramão do ritmo frenético do fast fashion. Inclusive, a etiqueta de cada peça tem o nome da mulher que fez o bordado. Em 2020, a iniciativa venceu a categoria de moda do Prêmio Moda, criado pelas Edições Globo Condé-Nast.
“Entendemos a moda e a arte como ferramentas de transformação social e empoderamento feminino. Enxergamos no artesanato tanto uma maneira de proteger nossa herança cultural quanto de gerar renda digna e segura para mulheres marginalizadas e, assim, desenvolver nelas o empreendedorismo”, explicou Olivia Silveira à Vogue Brasil.
Colaborou Hebert Madeira